Ana Genoveva de Bourbon

Ana Genoveva de Bourbon
Ana Genoveva de Bourbon
Retrato de Ana Genoveva por Charles e Henri Beaubrun
Duquesa de Longueville
Princesa Soberana de Neuchâtel
Reinado 1642 - 1663
 
Nascimento 28 de agosto de 1619
  Paris, Reino de França
Morte 5 de abril de 1679 (59 anos)
  Castelo de Vincennes, Reino de França
Sepultado em Carmelo do Faubourg Saint-Jacques, Paris
Nome completo Anne-Geneviève de Bourbon
Marido Henrique II, Duque de Longueville
Descendência Carlota Luísa, Mademoiselle de Dunois;
João Luís, Duque de Longueville;
Maria Gabriela
Carlos Paris, Duque de Longuveille.
Casa Bourbon-Condé (por nascimento)
Orleães-Longueville (por casamento)
Pai Henrique II de Bourbon-Condé
Mãe Carlota Margarida de Montmorency
Religião Catolicismo
Assinatura Assinatura de Ana Genoveva de Bourbon
Brasão

Ana Genoveva de Bourbon (em francês: Anne-Geneviève de Bourbon; 28 de agosto de 1619 - 5 de abril de 1679) foi uma nobre francesa, Princesa de Sangue, pertencente à casa de Bourbon-Condé. É lembrada pela beleza, paixões e influência durante os conflitos da Fronda e, por fim, pela sua conversão ao Jansenismo.

Biografia

Juventude

Ana Genoveva foi a única filha de Henrique II de Bourbon, Príncipe de Condé, e de sua mulher Carlota Margarida de Montmorency, e irmã de Luís II, o Grande Condé e de Armando, Príncipe de Conti. Ela nasceu na prisão do Castelo de Vincennes no qual o seu pai e mãe tinham sido detidos pela oposição ao Concino Concini[1], o favorito da rainha Maria de Médici, que na altura era regente durante a menoridade de Luís XIII.[2]

Ela foi educada de forma muito estrita no convento Carmelita da Rue Saint-Jacques, em Paris. A sua juventude foi ensombrada pela execução de Henrique II de Montmorency, o único irmão de sua mãe, por conspirar contra o Cardeal Richelieu em 1632, e do primo da sua mãe o Conde Francisco de Montmorency-Bouteville, por causa de um duelo em 1635. Quando os pais fizeram as pazes com Richelieu, ela foi introduzida à sociedade em 1635, tornando-se uma das estrelas do Hôtel de Rambouillet, que nessa altura era o centro da vida cultural e boémia de França.[2]

"Deusa da Paz e Concórdia"

Ana Genoveva de Bourbon, personificando a Paz e Concórdia, por Anselm van Hulle.

Em 1642, ela casou com Henrique II, Duque de Longueville, governador da Normandia, um viúvo com o dobro da sua idade (a sua primeira esposa, Luísa de Bourbon, morrera em 1637). O casamento não foi feliz. Após a morte de Richelieu, o seu pai, o Príncipe de Condé, tornou-se chefe do Conselho de Regência durante a menoridade de Luís XIV, o seu irmão Luís venceu a grande Batalha de Rocroi em 1643, e a duquesa adquiriu importância política. Em 1646, ela acompanhou o marido a Münster, onde ele fora enviado pelo Cardeal Mazarino como negociador chefe, e onde seduziu os diplomatas alemães que negociavam o Tratado de Vestefália sendo chamada "deusa da paz e da concórdia".[2]

A Fronda

Ver artigo principal: Fronda

Quando regressou, ela apaixonou-se por Duque de La Rochefoucauld, escritor e autor de Maxims, que usou o seu amor para obter influência junto do seu irmão, obtendo assim honras para si próprio. Ela foi a guia espiritual nos primeiros tempos da Fronda, quando trouxe o seu irmão mais novo Armando de Bourbon, Príncipe de Conti, e o seu marido para o grupo dos Malcontents, embora não conseguisse atrair o irmão mais velho, o Príncipe de Condé, cuja lealdade para com a Corte minou esta primeira Fronda. Foi nesse período que ela viveu no Hôtel de Ville[3] e tomou a cidade de Paris como madrinha para o filho ali nascido (Carlos Paris). A paz não a satisfazia, apesar de La Rochefoucauld ter obtido os títulos que pretendia. A segunda Fronda foi, em grande parte, fruto do seu trabalho, tendo tido um papel primordial em atrair aos rebeldes primeiro Condé e depois Turenne. No último ano da Guerra, ela foi acompanhada até à Aquitânia pelo Duque de Nemours, intimidade que deu a La Rochefoucauld uma desculpa para a abandonar, e regressar imediatamente à sua antiga amante, Maria de Rohan, duquesa de Chevreuse.[2]

Jansenismo: Refúgio da desgraça

Abandonada e caída em desgraça na Corte, a Duquesa entregou-se à religião. Acompanhou o marido a Ruão, onde exercia funções governativas, entregando-se a obras de caridade. Como diretor espiritual seguiu o Abade Antoine Singlin (1607–1664), famoso na história de Port-Royal. Viveu na Normandia até 1663, quando o marido morreu e ela regressou a Paris.[2]

Aí, tornou-se cada vez mais próxima das opiniões Jansenistas e, a sua piedade, a lembrança dos desastrosos dias da Fronda e, acima de tudo, o amor que o seu irmão, o Grande Condé, lhe dedicava, tornaram-na bastante notada. O rei perdoou-a, mostrando respeito por ela em qualquer circunstância. Tornou-se grande protetora dos Jansenistas; foi na sua casa que Antoine Arnauld, Pierre Nicole e Noël Lalane, autores de De la Grâce victorieuse[4], encontraram refúgio; e foi, em grande medida, graças à sua influência que ocorreu a libertação Louis-Isaac Lemaistre de Sacy, detido na Bastilha.

As suas famosas cartas ao Papa são parte da história de Port-Royal e, enquanto ela viveu, as freiras de Port-Royal des Champs estiveram em segurança. O seu filho mais velho aos títulos e ao património, tornando-se Jesuíta son o nome de Abade de Orleães, enquanto o filho mais novo, após uma vida debochada, foi morto quando comandava o ataque da travessia do Reno em 1673.[2]

Quando a sua saúde piorou, era raramente saía do convento das Carmelitas no qual era fora educada. Ao falecer, em 1679, ela foi sepultada com grande esplendor pelo seu irmão Condé e o seu coração, tal como ela indicara, foi enviado às freiras de Port-Royal des Champs.[2]

Casamento e descendência

Do seu casamento com Henrique II, Duque de Longueville, em 1642, Ana Genoveva teve quatro filhos:

  • Carlota Luísa (Charlotte Louise) (1645–1664), Mademoiselle de Dunois;
  • João Luís Carlos (Jean Louis Charles) (1646–1694), Duque of Longueville;
  • Maria Gabriela (Marie Gabrielle) (1646–1650).
  • Carlos Paris (Charles Paris) (1649–1672), Duque de Longuveille.

Ascendência

Ancestrais de Ana Genoveva de Bourbon
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16. Carlos IV de Bourbon
 
 
 
 
 
 
 
8. Luís I de Bourbon-Condé
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17. Francisca de Alençon
 
 
 
 
 
 
 
4. Henrique I de Bourbon-Condé
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
18. Carlos I de Roye
 
 
 
 
 
 
 
9. Leonor de Roye
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
19. Madalena de Mailly
 
 
 
 
 
 
 
2. Henrique II de Bourbon-Condé
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
20. Francisco de La Trémoille
 
 
 
 
 
 
 
10. Luís III de La Trémoille
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
21. Ana de Laval
 
 
 
 
 
 
 
5. Carlota de La Trémoille
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22. Anne de Montmorency
 
 
 
 
 
 
 
11. Joana de Montmorency
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
23. Madalena de Saboia-Villars
 
 
 
 
 
 
 
1. Ana Genoveva Bourbon
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
24. Guilherme de Montmorency
 
 
 
 
 
 
 
12. Anne de Montmorency
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
25. Ana Pot
 
 
 
 
 
 
 
6. Henrique I de Montmorency
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
26. Renato de Saboia
 
 
 
 
 
 
 
13. Madalena de Saboia-Villars
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
27. Ana Lascaris
 
 
 
 
 
 
 
3. Carlota Margarida de Montmorency
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
28. João de Budos
 
 
 
 
 
 
 
14. Jaime de Budos
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29. Luísa des Porcelets
 
 
 
 
 
 
 
7. Luísa de Budos
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
30. Cláudio de Clermont-Savoie
 
 
 
 
 
 
 
15. Catarina de Clermont-Montoison
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
31. Luísa de Rouvroy de Saint-Simon
 
 
 
 
 
 


Ligações externas

  • Genealogia de Ana Genoveva de Bourbon-(Condé) (euweb.cz)

Bibliografia

  • Bourgoing de Villefore, Joseph-François - La veritable vie d'Anne Genevieve de Bourbon, duchesse de Longueville (em 2 volumes), 1738, Paris.
  • Cousin, Victor - La jeunesse de Madame de Longueville, Paris, 1859.
  • Cousin, Victor - Madame de Longueville pendant la Fronde, Paris, 1863.
  • Debû-Bridel, Jacques - Anne Geneviève de Bourbon, duchesse de Longueville, Éditeur Gallimard, Paris, 1938.
  • Erlanger, Philippe - Madame de Longueville. De la révolte au mysticisme, Éditeur Perrin, Paris, 1977.
  • Jacques, Émile - Madame de Longueville protectrice de Port-Royal et des jansénistes, artigo em Chroniques de Port-Royal, n.º 29, 1980.
  • Lebigre, Arlette - La duchesse de Longueville, Éditeur Librairie Académique Perrin, 2004.

Referências

  1. marechal de França e marquês de Ancre, barão de Lésigny, conde de Penna
  2. a b c d e f g Este artigo incorpora texto (em inglês) da Encyclopædia Britannica (11.ª edição), publicação em domínio público.
  3. que em Portugal corresponde aos Paços do Concelho ou à Câmara Municipal
  4. em português: Da Graça vitoriosa
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Anne Geneviève de Bourbon».