Batalha de Bumbi

Batalha de Bumbi
Guerra Luso-Congolesa de 1622

Reino do Congo ca. 1711
Data 18 de dezembro de 1622
Local Bumbi
Desfecho Vitória portuguesa
Beligerantes
África Ocidental Portuguesa Reino do Congo
Comandantes
Pedro de Sousa Coelho Paulo Afonso
Cosme
Forças
20 000 arqueiros ambundos
10 000 infantes portugueses e mercenários imbangalas
2 000–3 000 arqueiros
200 infantes pesados
Baixas
Desconhecido Pesadas
Campanhas coloniais portuguesas
Conflitos prolongados mostrados em negrito
Data  Região 
1415 Ceuta
1437 Marrocos
1458 Marrocos
1468 Marrocos
1471 Marrocos
1478 Guiné
1487 Marrocos
1490 Marrocos
1501–02 Índia
1502 Índia
1503 Índia
1504 Índia
1506 Índia
1507 África Oriental
1507 Hormuz
1508 Índia
1509 Índia
1510 Índia
1511 Malaca
1514 Marrocos
1515 Marrocos
1517 India
1521 China
1522 China
1523 Arábia
1526 Índia
1531 Índia
1538 Índia
1541 Mar Vermelho
1541 Mar Vermelho
1542 África Oriental
1546 Índia
1548 Arábia
1551 Arábia
1552–54 Arábia
1553 Golfo Pérsico
1558 Brasil
1559 Índia
1561 Japão
1562 Marrocos
1567 Brasil
1568 Malaca
1569 Achém
1570–75 Índia
1580–83 Oceano Atlântico
1580–89 Oceano Índico
1581 Damão
1587 Jor
1601 Java
1606 Malaca
1606 (ago) Malaca
1612 Índia
1614 Brasil
1619 Ceilão
1622 China
1622 Angola
Data  Região 
1624 Brasil
1625 Pérsia
1625 Brasil
1625 Costa do Ouro
1629 Malaca
1630 Brasil
1631 Brasil
1638-39 Índia
1671 Angola
1637 Costa do Ouro
1638 Índia
1638 Brasil
1639 Índia
1640 Brasil
1640–41 Malaca
1645 Brasil
1647 Angola
1648 Brasil
1648 Angola
1649 Brasil
1652–54 Brasil
1654 (mar) Ceilão
1654 (mai) Ceilão
1665 Angola
1670 (jun) Angola
1670 (out) Angola
1696–98 Mombaça
1710 Brasil
1711 Brasil
1729-32 Índia
1735–37 Banda Oriental
1752 Índia
1756 América do Sul
1761–63 América do Sul
1762–63 Sacramento
1768-69 Angola
1774-78 Angola
1776–77 América do Sul
1809 Guiana Francesa
1816–20 Banda Oriental
1821–23 Brasil
1846 China
1849 China
1850-62 Angola
1855-74 Angola
1890–1904 Angola
1907 Angola
1914–15 Angola
1917–18 Moçambique
1954 Índia
1961 Índia
1961–74 África
• 1961–74 Angola
• 1963–74 Guiné-Bissau
• 1964–74 Moçambique


A Batalha de Bumbi (Mbumbi) foi um confronto militar entre as forças portuguesas de Angola e do Reino do Congo em 1622. Embora os portugueses tenham vencido, a batalha serviu de ímpeto para o reino expulsar os portugueses do seu território.

Antecedentes

A Angola portuguesa foi criada em 1575 como recompensa aos lusitanos por auxiliarem o Reino do Congo a derrotar os jagas que invadiram o reino em 1568. Após a tentativa desastrosa de conquistar o Reino do Dongo, o governador português Mendes de Vasconcelos fez aliança com os imbangalas, um povo descrito por fontes europeias e do Congo como mercenários canibais sem raízes originários do sul do rio Cuanza. O governador utilizou-os para destruir o Dongo enquanto os portugueses colheram os escravos que emergiram do caos. Em 1621, Vasconcelos foi sucedido por João Correia de Sousa. Sousa queria colher os mesmos benefícios do seu antecessor ao soltar os imbangalas no território do Congo. Primeiro mirou nas terras florestais de Cazanze, um vassalo do Congo que havia sido um refúgio para escravos fugitivos da Angola portuguesa.[1] Correia de Sousa enviou então o capitão-mor Pedro de Sousa Coelho e 20 000 ambundos e portugueses com um contingente imbangala para Nambu a Angongo dentro da província do Congo de Umbamba.[2]

Preparação

Sousa Coelho marchou sobre Bumbi com 30 000 homens, a maioria dos quais eram arqueiros ambundos suplementados por infantaria pesada portuguesa e mercenários imbangalas. Dentro da cidade, o duque de Umbamba Paulo Afonso[3] e o marquês de Umpemba Cosme[4] lideravam as forças do Congo. Eles haviam reunido cerca de 3 000 homens como infantaria leve (arqueiros) e mais 200 nobres lutando como infantaria pesada tradicional (espada e escudo). Antes de dar a batalha em 18 de dezembro de 1622, Paulo Afonso fez a confissão e recebeu os Santos Sacramentos antes de se armar com espada, escudo e relíquias de vários santos.[2][5]

Batalha

No início da batalha, ambos os lados deram o grito de guerra "Santiago" antes de se engajarem. As forças do Congo, vendo esta coincidência, observaram que se o santo português era branco, o deles era negro. As forças do duque iniciaram a batalha derrotando os arqueiros ambundos cujas fileiras haviam aumentado para cerca de 30 000 no momento da batalha. Mas, assim como em Dongo, os mercenários imbangalas não cederam e destruíram a força do Congo com um contra-ataque. O duque, marquês, 90 nobres menores e milhares de soldados comuns foram todos mortos.[2] Segundo os relatos dos jesuítas sobre a batalha, os portugueses conseguiram tirar muitos escravos da batalha e saquearam todo o povoado, não poupando as possessões dos portugueses ali estabelecidas. Os imbangalas, como era seu costume, canibalizaram muitos prisioneiros e mataram, incluindo os corpos do Paulo Afonso e Cosme.[6]

Rescaldo

A batalha causou ondas de choque por todo o Reino do Congo. Motins antiportugueses estouraram em todo o Congo, resultando em derramamento de sangue generalizado. O recém-coroado Pedro II (r. 1622–1624) viu-se obrigado a colocar sob sua proteção os portugueses que podiam ser salvos no seu acampamento de Umbanda Cassi, onde reunia as suas forças para um contra-ataque. A vitória portuguesa em Bumbi pôs um prego final no caixão da amizade congo-portuguesa. O Congo declarou guerra à Angola portuguesa e lutou contra eles fora do Congo e até mesmo tomando territórios que haviam estado sob o domínio da Angola portuguesa. Uma consequência final da batalha foi a sucessão de cartas de Pedro II aos holandeses propondo uma aliança que culminaria vinte anos depois com a invasão de Angola.[6]

Ver também

Referências

  1. Thornton 2010, p. 237.
  2. a b c Thornston 2007, p. 138.
  3. Thornton 2007, p. 174.
  4. Instituto Histórico Belga de Roma 1968, p. 391.
  5. Thornton 2020, p. 130.
  6. a b Thornton 2010, p. 238.

Bibliografia

  • «Boletim do Instituto Histórico Belga de Roma [Bulletin de l'Institut historique belge de Rome], Partes 39–40». Roma. 1968 
  • Thornton, John; Mosterman, Andrea (2010). «A Re-Interpretation of the Kongo-Portuguese War of 1622 According to New Documentary Evidence». Jornal da História Africana [The Journal of African History]. 51 (2). doi:10.1017/S0021853710000277  A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
  • Thornton, John; Heywood, Linda M. (2007). Central Africans, Atlantic Creoles, and the Foundation of the Americas, 1585–1660. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 9780521770651  A referência emprega parâmetros obsoletos |coautor= (ajuda)
  • Thornton, John (2020). A History of West Central Africa to 1850. Cambrígia: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 978-1-107-12715-9