Célula-tronco embrionária

As células do zigoto, são ditas totipotentes, pois podem dar origem a todos os tecidos (ectoderme, mesoderme, endoderme e tecidos extra-embrionários) e suas posteriores especializações. Ao longo das divisões que ocorrem durante o desenvolvimento embrionário, há um estágio chamado de blastocisto, que possui uma massa interna de células envoltas pela trofoectoderme. A trofoectoderme gera apenas os tecidos extra-embrionários, enquanto as células da massa interna são conhecidas como células-tronco embrionárias, ditas pluripotentes porque podem dar origem a todos os tecidos do organismo (ectoderme, mesoderme e endoderme), mas não aos tecidos extra-embrionários.[1]

As células-tronco possuem três características gerais: (a) dividem-se dando origem a células iguais a ela, (b) são indiferenciadas e (c) podem dar origem a células especializadas ou diferenciadas.[1]

Formação das células-tronco embrionárias após a fertilização[1]

  • Dia 1: de 18 a 24 horas após a fertilização
  • Dia 2 (24 para 25 horas): o zigoto sofre a primeira clivagem e produz um embrião de duas células
  • Dia 3 (72 horas): o embrião chega ao estágio de 8 células, chamado de mórula. Neste estágio a influência do genoma materno (dada pela presença de mRNAs e proteínas no oócito) é reduzida
  • Dia 4: as células do embrião aderem umas as outras, em um processo conhecido como compactação
  • Dia 5: a cavidade do blastocisto é completada. A massa interna de células começa a se separar das células externas, que se tornarão a trofoectoderme e rodearão o blastocisto. A massa interna de células tem em torno de 30 células, que são as células-tronco embrionárias

Propriedades que definem uma célula-tronco embrionária[1][2]

  • Derivadas da massa interna de células do blastocisto
  • Capazes de se multiplicar sem se diferenciar sem ficarem senescentes (auto-renovação), pois o gene da enzima telomerase está ativo
  • Exibem e mantêm cariótipo normal após as divisões
  • Podem dar origem a tipos celulares especializados, derivados dos folhetos embrionários
  • Clonogênicas (uma única célula-tronco embrionária pode gerar uma colônia de células idênticas, com as mesmas propriedades da célula original)
  • Podem ser induzidas à proliferação contínua ou à diferenciação
  • Diferente das células somáticas, as células-tronco embrionárias não requerem nenhum estímulo externo para iniciar a replicação do DNA
  • Não possuem cromatina sexual, ou seja, ainda não ocorreu a inativação de um dos cromossomos X nas fêmeas
  • Geram teratomas in vivo
  • Expressam vários marcadores específicos

Marcadores de células-tronco embrionárias

Os marcadores de superfície mais comuns são SSEA-3, SSEA-4, TRA-1-60, TRA-1-81, fosfatase alcalina e GTCM-2. Os fatores de transcrição mais comuns são Oct-4, Nanog, Sox2 e Rex1[3]. A descrição de alguns deles encontra-se abaixo:[2]

  • Fator de transcrição Oct-4 (também chamado de Oct-3 ou Oct-3/4): responsável por regular a capacidade de auto-renovação, sendo necessário (mas não suficiente) para manter as células-tronco embrionárias num estado proliferativo não diferenciado. Um aumento de expressão de duas vezes ou mais causa diferenciação das células-tronco embrionárias em mesoderme ou endoderme, enquanto uma diminuição para 50% ou menos de expressão causa diferenciação em trofoectoderme
  • Nanog: fator de transcrição que promove a auto-renovação e pluripotência das células-tronco embrionárias e também a formação do epiblasto
  • BMP: quando atua na sinalização de Smad, inibe a diferenciação das células-tronco embrionárias, ao passo que também pode atuar na diferenciação em mesoderme ou endoderme na ausência de LIF (que neste caso atua ativando a sinalização via STAT3)
  • LIF: além de atuar inibindo a diferenciação (via STAT3), quando envolvido na sinalização ERK, atua contribuindo para a diferenciação da células-tronco embrionárias

Pesquisas

Estudos com células-tronco embrionárias humanas podem gerar informações a respeito dos complexos eventos que ocorrem durante o desenvolvimento. O principal objetivo dessas pesquisas é identificar como células-tronco indiferenciadas se tornam células diferenciadas que formam tecidos e órgãos. Os cientistas sabem que a ativação e a repressão de genes tem um papel central nesse processo.[1]

Ver também

Referências

  1. a b c d e «National Institutes of Health – Stem cells information» 
  2. a b Friel, Ruairi (2005). Embryonic stem cells: understanding their history, cell biology and signalling. Advanced Drug Delivery Reviews. doi:10.1016/j.addr.2005.08.002 
  3. Mountford, J. C. (2008). Human embryonic stem cells: origins, characteristics and potential for regenerative therapy. Transfusion Medicine. doi:365-3148.2007.00807.x Verifique |doi= (ajuda) 

Ligações externas

  • Keller, Gordon (2005). Embryonic stem cell differentiation: emergence of a new era in biology and medicine. Genes & Development. doi:10.1101/gad.1303605 
  • Evans, Martin (2011). Discovering pluripotency: 30 years of mouse embryonic stem cells (PDF). Nature Reviews - Molecular Cell Biology 
  • Boiani, Michele (2005). Regulatory networks in embryo-derived pluripotent stem cells. Nature Reviwes - Molecular Cell Biology. doi:10.1038/nrm1744 
  • v
  • d
  • e
Origens/tipos
Células-tronco embrionárias · Células-tronco adultas · Células-tronco cancerígenas · Células-tronco pluripotentes induzidas
Potência celular
Totipotentes (Zigoto, Esporo, Mórula· Pluripotentes (Célula-tronco embrionária, Callus) · Multipotentes (Célula progenitora: Célula-tronco endotelial, Célula-tronco hematopoiética, Célula-tronco mesenquimatosa, Célula-tronco neural) · Unipotentes (Célula precursora)