Canal sifonal

Nesta concha quebrada, a borda do lábio externo (7) chega até a columela (5) sem apresentar um canal sifonal.

Nas conchas de moluscos gastrópodes marinhos de alguns gêneros, o canal sifonal é um sulco, oposto à região da espiral e localizado entre o lábio externo e a columela, quando a concha é vista por baixo, sendo um prolongamento destes e uma característica anatômica de certos caramujos[1], principalmente dentre os Neogastropoda e uma parte dos Mesogastropoda (ambos agora no clado Caenogastropoda)[2]; ausente dentre os grupos mais antigos de moluscos marinhos (clado Vetigastropoda e uma parte dos antigos Mesogastropoda).[3] É caracterizado por se localizar na parte anterior do animal e por conter em seu interior uma extensão tubular e macia do manto, chamada sifão[4], através da qual a água é aspirada para dentro da cavidade do manto e através de brânquias e também servindo como um quimiorreceptor para localizar alimentos.[3]

Evolução do canal sifonal

Um estudo feito por G. J. Vermeij, no ano de 2007, indica que o canal sifonal surgiu 23 vezes e foi secundariamente perdido 17 vezes na história evolutiva dos Gastropoda. Quatro clados foram submetidos a uma diversificação prodigiosa. Em seu início, o canal sifonal foi curto e mais ou menos confinado à abertura da concha. Mais tarde (principalmente no Cretáceo e Cenozóico) as variações incluíram uma dobra sifonal (canal curto, que faz uma dobra na base da concha cuja espiral é o topo), um longo canal e um canal fechado. Gastrópodes que adquiriram tal canal eram móveis e bentônicos. O hábito de predador ativo tornou-se associado a esta estrutura no Mesozóico e Cenozóico. A perda do canal, em espécies recentes, está associada com hábitos não marinhos, miniaturização e especialmente com um modo sedentário ou lento de vida.[3]

  • Exemplar de Tibia fusus, antigo Mesogastropoda com um prolongado canal sifonal.
    Exemplar de Tibia fusus, antigo Mesogastropoda com um prolongado canal sifonal.
  • Em Cassis flammea, o canal forma uma dobra sifonal.
    Em Cassis flammea, o canal forma uma dobra sifonal.
  • Em Conus marmoreus, o canal sifonal não se destaca da estrutura da concha.
    Em Conus marmoreus, o canal sifonal não se destaca da estrutura da concha.
  • Longo canal sifonal em uma concha da espécie Brunneifusus carinifer.
    Longo canal sifonal em uma concha da espécie Brunneifusus carinifer.

Referências

  1. Fonseca Neto, José Claro da. «Partes da concha de um gastrópode». Projeto Litoral Nota CEM. 1 páginas. Consultado em 28 de junho de 2016 
  2. Barbosa, Frederico Simões (1995). «Tópicos em Malacologia Médica». Ed. Fiocruz (Google Books). pp. 27–46. Consultado em 28 de junho de 2016 
  3. a b c Vermeij, Geerat J. (2007). «The Ecology of Invasion: Acquisition and Loss of the Siphonal Canal in Gastropods» (em inglês). Paleobiology, Vol. 33, No. 3 (JSTOR). pp. 469–493. Consultado em 28 de junho de 2016 
  4. Art (27 de outubro de 2012). «Noble volute (Cymbiola nobilis)» (em inglês). Flickr. 1 páginas. Consultado em 28 de junho de 2016 

Ligações externas