Cimeira de Saint-Malo

Tony Blair e Jacques Chirac, dois dos protagonistas da cimeira.

A Cimeira de Saint-Malo foi um encontro entre os chefes de estado e de governo do Reino Unido e da França realizado em 3 e 4 de Dezembro de 1998 na cidade francesa do mesmo nome, do qual resultou uma declaração conjunta que marca o nascimento da Política de Defesa e de Segurança Comum da União Europeia.[1]

A cimeira foi protagonizada pelo primeiro-ministro britânico Tony Blair, pelo presidente francês Jacques Chirac e pelo primeiro-ministro francês Lionel Jospin.[2]

Na sequência dos sucessivos alargamentos da União Europeia (UE) ocorridos até à data e perspectivando os alargamentos futuros; perante a necessidade de pôr em prática a Política Externa e de Segurança Comum da União Europeia, prevista nos Tratados de Maastricht e de Amesterdão; e constatando que ainda não tinham sido definidos os objectivos estratégicos para a politica externa de defesa e segurança, cuja inexistência resultara na ineficácia da política externa e de segurança da UE nas crises da Bósnia, da Albânia e do Kosovo,[3] os dois países fizeram uma declaração conjunta, através da qual afirmam:

  • que a UE deveria estar em condições de desempenhar o seu papel na cena internacional, pondo em prática as decisões do tratado de Amesterdão;
  • e que a UE deveria estar dotada de meios militares efectivos e operacionais para agir internacionalmente em cenários/situações de crise, de acordo com os Tratados de Washington e de Bruxelas e dentro do quadro de legalidade institucional estabelecido.[4]

Na Cimeira de Saint-Malo o Reino Unido admitiu formalmente que a União Europeia deveria desenvolver uma capacidade militar própria, abandonando a sua posição tradicional. Entre 1972 e 1998 os sucessivos governos britânicos sempre se manifestaram contrários ao envolvimento institucional da Europa em matérias de defesa, remetendo tais questões para o âmbito da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), da União da Europa Ocidental (UEO) ou das relações bilaterais.[5]

Nesta cimeira os dois países conseguiram salvaguardar a importância do papel da OTAN na segurança europeia, tido como aspecto muito importante para não se hostilizar os Estados Unidos.[6] Madeleine Albright, secretária de estado deste país, congratulou-se, inclusive, pela perspectiva de vir a ter um parceiro europeu mais capaz, com forças militares modernas e flexíveis, que pudesse actuar na Europa e trabalhar com a OTAN para a defesa de interesses comuns[6] .

Referências

  1. Tese de mestrado aberta da PUC -Rio
  2. Declaration Franco-Britannique
  3. INFORMAÇÃO INTERNACIONAL - Análise Económica e Política[ligação inativa]
  4. «Joint declaration issued at the British-French Summit, Saint-Malo, France, 3-4 December 1998». Consultado em 26 de março de 2011. Arquivado do original em 23 de janeiro de 2010 
  5. A União Europeia: uma federação às avessas
  6. a b «From St-Malo to Nice - European Defence» (PDF). Consultado em 29 de março de 2011. Arquivado do original (PDF) em 22 de setembro de 2015 
União Ocidental (1948–1951/1954)
Comunidade Europeia de Defesa (plano que falhou em 1954)
União da Europa Ocidental (1954–2011)
União Europeia (1992–atualmente)
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Período antes da união ter estruturas de defesa (1993–1999)
Política Europeia de Segurança e Defesa (1999–2009)
  • Forças de combate da União Europeia (1999)
  • Declarações de Sevilha (2002)
  • Estratégia Europeia de Segurança (2003)
  • Projeto CAPECON (2002–2005)
Política de Defesa e de Segurança Comum (2009–atualmente)
  • Tratado de Lisboa (2007)
  • Tratados de Londres (2010)
  • Centro de Operações (2012–2016)