Coliving

Uma cozinha compartilhada em alojamento estudantil na Universidade de Exeter, na Inglaterra

Coliving é um tipo de comunidade intencional que fornece moradia compartilhada para pessoas com afinidades de intenções. Isso pode variar desde se reunir para atividades como refeições e discussões nas áreas comuns, até se estender ao compartilhamento do espaço de trabalho e empreendimentos coletivos, como viver de maneira mais sustentável.

Coliving como um conceito moderno remonta há quase um século na forma de cortiço, mas também pode ser considerado relacionado a formas muito mais antigas de vida comunitária, como a oca. Sua forma contemporânea só ganhou destaque nos últimos anos, uma vez que uma combinação de fatores levou ao interesse por esse tipo de espaço, incluindo a falta de oportunidades de moradia, o custo de acomodações independentes e o aumento de financiamento para compra, além de um interesse crescente em estilos de vida independentes de contratos de longo prazo.

Características

Coliving pode ser considerado como a conjunção de dois aspectos de pessoas que vivem juntas: o espaço físico e os valores (ou filosofia) em comum. Ambos variam tremendamente, resultando em muitos desses espaços sendo únicos. Os aspectos operacionais influenciam a escala das propriedades utilizadas, mas é mais a cultura e a filosofia do administrador e dos residentes que usam o espaço que a define.

Físicas

Coliving é semelhante a uma casa de cômodos, pois oferece aos residentes um espaço individual em uma propriedade compartilhada. Banheiros compartilhados não são incomuns e os espaços a preços mais baixos têm dormitórios da mesma maneira que um albergue. Os espaços podem oferecer simultaneamente muitos desses tipos de espaço individual, proporcionando vários orçamentos e atendendo variados tipos de residentes.

A característica definidora é que todos os espaços de coliving oferecem pelo menos uma cozinha e sala de estar compartilhada da mesma maneira como em um aluguel de quarto, mas geralmente maior e melhor mobiliados, pois espaços de coliving têm mais foco nas instalações compartilhadas do que no espaço individual.

Alguns podem ter um espaço de trabalho separado, oferecendo mesas de trabalho on-line ou adaptando-os mais a seus residentes específicos, como estúdios de pintura ou carpintaria. Espaços mais elaborados e maiores também podem ter cafés, academias, cinemas e outras comodidades.[1]

Filosóficas

Um aspecto das comunidades intencionais que é encontrado, especialmente em pequenos espaços de coliving, é o de valores, interesses ou propósitos na vida em comum entre seus residentes.[2] Tais casas costumam selecionar seus moradores para corresponder a esses valores, de modo que fortes laços e afinidades são construídos, o que contribui para resolver o isolamento social geralmente encontrado em unidades habitacionais totalmente independentes.

Isso é mais raro nos grandes espaços comerciais, devido às dificuldades intrínsecas de conectar as pessoas em grandes grupos e, portanto, o uso do termo coliving com essas propriedades tende a resultar apenas em características físicas que as definem.

Operacionais

Os administradores concentram-se quase exclusivamente em um único modelo, e há dois aspectos que distinguem suas operações: a do período de locação, sendo de curto e médio ou longo prazo; e o da escala.

Os aluguéis de curto e médio prazo variam de noturno a mensal, proporcionando aos residentes uma grande flexibilidade, mas devido à rotatividade de ocupação e às vagas não preenchidas, esse modelo resulta em preços mais altos, da mesma maneira que nos hotéis. Contratos de longo prazo mais tradicionais fornecem uma abordagem mais confiável à receita e isso geralmente se reflete nos preços mais acessíveis.[3][4]

Uso

Coliving atrai principalmente os millennials devido ao aumento dos preços dos imóveis.[5] Residentes de espaços de coliving geralmente variam entre as idades de 19 e 40 anos. Eles geralmente são funcionários de startups, empreendedores ou estudantes.[6] Uma pesquisa realizada em várias cidades da Índia constatou que aproximadamente 72% dos millennials estavam dispostos a considerar um espaço de coliving. Também constatou que 55% das pessoas de 18 a 23 anos estavam dispostas a gastar R10.000 a 15.000 por mês.[7] Parte do apelo aos millennials deve-se também a uma relativa relutância em casar e / ou iniciar uma família devido ao custo. Altos custos de empréstimos para estudantes também são um fator.[8] Entre 2005 e 2015, houve um aumento de 39% de millennials vivendo com colegas.[9] O aumento da ocupação de moradias e similares também foi impactado pela crise financeira de 2007–2008. Coliving é particularmente popular nas cidades e espaços urbanos, onde a habitação é cara e limitada, proporcionando uma alternativa mais acessível e baseada em amenidades aos apartamentos individuais.[10] Hóspedes da mesma ou similar área de atuação tendem a ser reunidos.

Impacto

Coliving cresceu em popularidade em cidades como Nova York e Londres.[11] Um artigo da Bloomberg citou "dormitórios para adultos", tais como instalações de coliving, como uma das "oito tendências sociais que nos falaram sobre a economia americana em 2018".[12]

A empreendedora Alexandria Lafci especulou em 2018 que coliving poderia se tornar onipresente, da mesma forma que coworking é. Ela citou tanto a expectativa, até 2050, de 2,5 bilhões de pessoas vivendo nas cidades quanto a expectativa de 90% das pessoas vivendo em 10% da superfície da Terra.[13] O hoteleiro Ian Schrager afirmou que os espaços coletivos estavam "obscurecendo a distinção entre residencial e hotel", devido em parte a diferentes sensibilidades entre a geração do milênio e as gerações anteriores.[14] A consultora Polly Chu propôs o coliving como uma solução potencial para os problemas habitacionais de Hong Kong. Ela disse que isso poderia ser feito com moradias multigeracionais - ou seja, reformando uma casa de repouso para acomodar pessoas mais jovens que moram com membros idosos da família - ou colegas de casa comuns.[15]

O autor Matthew Stewart criticou uma corporação específica por "preço, exclusividade, tamanho abaixo do padrão dos quartos e visão cínica da comunidade". Ele também criticou a ideia de coliving como uma ideia nova, ao afirmar que é uma abordagem moderna e mercantilizada de uma forma de vida que tinha uma "intenção social radical".[1]

Cohousing

Coliving pode ser considerado relacionado a cohousing, pois os conceitos têm sobreposições. Os aspectos distintivos são que cohousing fornece unidades privadas independentes (na maioria das vezes, casas) e propriedade do residente da unidade individual. No entanto, e em comum com o coliving, os projetos de cohousing podem ter áreas compartilhadas que beneficiam a todos, como eventos ou refeições comunitárias. Por outro lado, coliving é distinguida por ter unidades independentes no mesmo prédio e por ser alugada com mais frequência. No entanto, nenhuma delas é exclusiva, portanto, as possíveis sobreposições.[2]

Referências

  1. a b «The Collective is Not a New Way of Living – It's an Old One, Commodified». Failed Architecture 
  2. a b «Tiny Rooms, Shared Kitchens: Co-Living on the Rise in Big Cities». Wsj.com 
  3. «So what exactly is coliving? - Open Door» (em inglês) 
  4. «What Is Co-Living?». Medium.com 
  5. «New real estate sectors reflect changing lifestyles in Asia». Business Times 
  6. «All together now: The growing co-living scene in Singapore». Business Times 
  7. «Over 70% millennial willing to consider co-living spaces in top cities: Survey». The Economic Times 
  8. «The Strange, Unique Intimacy of the Roommate Relationship». The Atlantic 
  9. «The Generation Y and Millennial Response to Coliving». KNDRD 
  10. «To Keep Rents Down, Some In Big Cities Turn To 'Co-Living'». Npr.org (em inglês) 
  11. «Technologies predicted to be huge in 2019». nine.com.au 
  12. «What eight social trends told us about America's economy in 2018». Bloomberg 
  13. «We'll soon co-live in apartments in much the same way we co-work». Quartz 
  14. «Hotel Icon Ian Schrager Thinks Communal Living Is the Future». National Real Estate Investor 
  15. «How co-living for old and young could ease Hong Kong's housing crisis and create a more caring community». South China Morning Post 
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