Crescêncio II

Crescêncio II, o Jovem (? - 998) era natural de Roma e filho de Crescêncio I.

As aspirações da aristocracia romana não desapareceram com a morte de Crescêncio I. Depois da morte do antipapa Bonifácio VII, Crescêncio II assumiu as rédeas do poder em Roma. As circunstâncias eram-lhe favoráveis. O imperador Otão III era ainda uma criança e a mãe, a imperatriz Teofânia Escleraina, apesar de enérgica, estava longe de Roma. Crescêncio II tomou o título de Patricius Romanorum, querendo dizer que era ele quem governava Roma, embora não totalmente independente da autoridade imperial.[1]

É possível que a eleição do Papa João XV, que sucedeu ao antipapa Bonifácio VII, tenha contado com o apoio de Crescêncio II, mas são pouco conhecidas as circunstâncias desta eleição. Em alguns documentos oficiais da época, emitidos pelo papa, o nome de Crescêncio e o seu título aparecem ao lado do do papa, o que parece confirmar que Crescêncio continuava a exercer a sua autoridade sem oposição. Quando a Teofânia visitou Roma, comportou-se como imperatriz e soberana, deixando Crescêncio numa posição subalterna.[1]

Entretanto o jovem imperador Otão III assumiu o poder e, em 996, viajou para Itália, aparentemente respondendo aos apelos do papa João XV. Mas a morte deste, em princípios de Abril de 996, aconteceu antes do imperador chegar a Roma. Como líder dos romanos, Crescêncio enviou ao imperador, que se encontrava em Ravena, uma delegação pedindo que apresentasse um candidato a sucessor do papa falecido. Após uma consulta com os seus conselheiros, Otão III escolhe o seu primo Bruno, de apenas vinte e três anos, que parecia ter as qualificações necessárias. No início de Maio foi consagrado em Roma como Gregório V e a 21 de Maio coroou Otão III na Basílica de São Pedro.[1]

A 25 de Maio o novo papa e o imperador reunem um sínodo, que era ao mesmo tempo um tribunal. Os romanos rebeldes, incluindo Crescêncio, que tinham amargurado o pontificado do papa João XV, foram convocados para prestarem contas das suas acções. Alguns, entre eles Crescêncio, foram condenados ao exílio. Mas o Papa Gregório V, que desejava começar o seu pontificado com actos de misericórdia, intercedeu junto do imperador e a sentença de Crescêncio foi anulada[2]. No entanto, apesar de autorizado a residir em Roma, foi-lhe retiado o título que usava.[1]

A clemência mostrada pelo papa para com Crescêncio teve como resposta actos de violência. Alguns meses depois da partida de Otão III, uma revolta irrompeu em Roma, sob o comando de Crescêncio. A presença de um papa e oficiais estrangeiros nos Estados Pontifícios eram ofensivos para os romanos. A rebelião foi tão bem sucedida que o papa teve que fugir em setembro de 996, acompanhado por apenas alguns seguidores. Em fevereiro de 997, já em Pavia, o papa convoca um sínodo e pronuncia uma sentença de excomunhão contra Crescêncio[2]. Este, longe de se preocupar com a sentença do papa, nomeia um antipapa, Filagato, bispo de Piacenza[2], que tinha acabado de chegar de uma embaixada a Constantinopla representando Otão III. De origem grega, conseguira o episcopado graças à imperatriz Teofânia, mas não parece ter hesitado em aceitar o novo cargo. Em abril de 997 ele tomou o nome de João XIV.[1]

Mas, em fevereiro de 998, Otão III regressa a Roma[3] com o papa Gregório V e toma a cidade sem dificuldade. O antipapa tenta fugir, enquanto Crescêncio se refugia no Castelo de Santo Ângelo[2]. O infeliz João XVI foi logo capturado pelas forças do imperador; cortaram-lhe o nariz e as orelhas e arrancaram-lhe os olhos e a língua, fazendo-o ainda passear montado num burro virado para trás. Escapou com vida graças à intervenção de São Nilo[4] e viveu até 1013.[1]

Em finais de Abril o Castelo de Santo Ângelo foi tomado. Crescêncio foi feito prisioneiro e o seu corpo pendurado numa forca no Monte Mário. Mais tarde os seus restos mortais foram enterrados na igreja de S. Pancrácio, no Janículo.[1]

Referências

  1. a b c d e f g Encyclopedia (1913)/Crescentius
  2. a b c d History of Latin Christianity, by Henry Hart Milman, Google Books
  3. The History of the Papacy, to the Period of the Reformation, Volume 2, por J. E. Riddle, Google Books
  4. History of the Christian church, Volume 2, por James Craigie Robertson , Google Books
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