Crise de Kodori de 2006

Crise de Kodori de 2006
Conflito georgiano-abecásio
Data 22-28 de julho de 2006
Local Vale de Kodori, Abecásia
Desfecho Vitória do governo georgiano
Beligerantes
Geórgia Geórgia
  • Ministério do Interior da Geórgia
  • Polícia da Geórgia
Geórgia Facções de Emzar Kvitsiani

Suposto apoio:

  • Abecásia forças armadas da Abecásia
  • Rússia forças de paz russas
Comandantes
Vano Merabishvili Emzar Kvitsiani
1 civil morto[1]
2 policiais feridos[2]

A Crise de Kodori de 2006 eclodiu no final de julho de 2006 no Vale de Kodori, Abecásia, quando um líder da milícia local declarou sua oposição ao governo da Geórgia, que enviou forças policiais para desarmar os rebeldes. A parte superior do Vale de Kodori era naquela época a única parte da Abecásia, uma república separatista da Geórgia, não controlada pelas autoridades abecásias.

Antecedentes

Mapa da Abecásia mostrando a localização do Vale de Kodori.

O Vale de Kodori, com suas paisagens florestais e montanhas rochosas, encontra-se nas montanhas do Grande Cáucaso, no canto nordeste da Abecásia. Apesar de várias tentativas abecásias para obter a posse deste desfiladeiro estratégico habitado pelos esvanos, um subgrupo local do povo georgiano[3], a parte superior do desfiladeiro nunca esteve sob controle dos separatistas desde a Guerra da Abecásia.[4] Manteve-se sob controle precário do governo central da Geórgia, porém o governo da região foi efetivamente controlado, até a crise de 2006, pela autoridade local e senhor da guerra Emzar Kvitsiani, que já liderou a defesa do desfiladeiro contra as forças separatistas abecásias na condição de comandante da milícia local Monadire (literalmente: "caçador") e um enviado nomeado pelo ex-presidente da Geórgia Eduard Shevardnadze.[3] Após a expulsão de Shevardnadze na Revolução Rosa, em 2003, o novo governo da Geórgia dissolveu da força Monadire e aboliu o cargo de Kvitsiani. Houve também fortes suspeitas sobre o envolvimento de Kvitsiani em contrabando e outras atividades criminosas como o fornecimento de abrigo para vários criminosos procurados pela polícia georgiana.

Crise de Julho de 2006

Emzar Kvitsiani, senhor da guerra georgiano.

A crise iniciou em 22 de julho de 2006, quando Kvitsiani rearmou os seus milicianos e desafiou as autoridades centrais da Geórgia afirmando que resistirá a qualquer tentativa das autoridades de desarmar suas milícias.[5] As tentativas de negociar a rendição foram em vão e os milicianos recusaram um ultimato enviado pelo ministro do Interior georgiano, Vano Merabishvili. O governo da Geórgia despachou, em 25 de julho, um forte destacamento da polícia e das forças de segurança para desarmar o líder paramilitar rebelde.[6] As informações oriundas do desfiladeiro eram em grande parte escassas e não confirmadas, uma vez que as autoridades inicialmente se recusaram a fazer qualquer comentário. Mais tarde, em 25 de julho, Aleksandre Lomaia, o Ministro da Educação e Ciência, confirmou que a operação policial planejada estava em andamento com o objetivo de restaurar a ordem constitucional na região de Kodori.[7] De acordo com a televisão georgiana Rustavi 2, os rebeldes supostamente haviam recebido suprimentos de alimentos e munições pelos militares da Abecásia e pelas forças de paz da Rússia estacionadas na Abecásia. Rustavi 2 também informou que um helicóptero das forças de paz russas pousou na área controlada pela milícia para fornecer comida aos rebeldes, porém não pode voltar à sua base, porque os georgianos ameaçaram derrubá-lo.

De acordo com relatos oficiais, as forças governamentais controlavam a maior parte do desfiladeiro partir do final de 26 de julho, forçando a rendição dos rebeldes. Outros, incluindo Kvitsiani, se esconderam pelas florestas circundantes, e vários feridos foram registrados em ambos os lados.[8] A morte de um civil em um tiroteio entre os rebeldes e a polícia também foi confirmada.[9] Em 27 de julho, o ministro da Defesa da Geórgia, Irakli Okruashvili, disse em sua entrevista televisionada, que a principal fase da operação foi concluída com sucesso, já que a maioria dos rebeldes se rederam ou foram capturados. Ele disse também, que a revolta "foi uma provocação planejada em um país estrangeiro."[9]

No final de 28 de julho, todas as aldeias no desfiladeiro estavam controladas pelas forças do governo. Uma enorme quantidade de armas e munições também foram encontradas no desfiladeiro.[9] Kvitsiani, de acordo com declarações da Geórgia, conseguiu fugir para Sucumi, capital da Abecásia.

Reações

Com o início da operação policial georgiana, os russos e as autoridades de facto da Abecásia expressaram as suas preocupações sobre a presença das forças georgianas nos arredores imediatos da zona de conflito. A liderança da Abecásia avaliou que qualquer infiltração no Vale de Kodori por unidades armadas da Geórgia como uma grave violação do acordo sobre o cessar-fogo e retirada das forças de 14 de maio de 1994 e do protocolo de maio de 1998, segundo a qual o lado georgiano havia assumido a obrigação de não enviar forças armadas no desfiladeiro. As autoridades russas e da Abecásia advertiram que o uso da força em Kodori poderia conduzir a um novo conflito na região.[10] [11]

As autoridades georgianas negaram as acusações, afirmando que as únicas forças que operam no desfiladeiro são a polícia e os serviços de segurança, o que não constitui uma violação dos acordos de cessar-fogo anteriores. Negam as acusações de que as forças georgianas estejam planejando prosseguir o seu caminho para os territórios controlados pelos separatistas, reiterando, que a Geórgia pretende resolver os conflitos separatistas através de meios pacíficos.[12] Em 26 de julho, Jaap de Hoop Scheffer, secretário-geral da OTAN, em seu encontro com o primeiro-ministro da Geórgia, Zurab Noghaideli, também expressou seu apoio à posição da Geórgia para os problemas na Abecásia e da república separatista da Ossétia do Sul.

Ver também

Referências

  1. Officals visit Kodori - Daily News Online
  2. Government forces control most the Kodori Gorge - Daily News Online
  3. a b «Georgia: Troops Deployed To Rein In Militia». Radio Free Europe/Radio Liberty 
  4. «Georgia 'recaptures' rebel gorge». BBC NEWS. 27 jul 2006 
  5. «Online Magazine Civil Georgia». Consultado em 26 de julho de 2014. Arquivado do original em 8 de outubro de 2007 
  6. C.J. CHIVERS (26 de julho de 2006). «Georgia Sends Troops to Subdue Rebel Militia». The New York Times 
  7. «Abkhazia denies Kvitsiani's flight, shootout in Kodori». RIA Novosti 
  8. Online Magazine Civil Georgia
  9. a b c «Wrap: Operation over but Georgian forces stay in Kodori Gorge». RIA Novosti 
  10. «Tensions spike as Georgia alleges coup». The Christian Science Monitor 
  11. «Georgia pledges to crush rebels». BBC NEWS. 26 de julho de 2006 
  12. «Russia Claims Right to Respond to Kodori Crisis». The Open Society Institute. Arquivado do original em 19 de agosto de 2014 
  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «2006 Kodori crisis».
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  • d
  • e
Postos diplomáticos
  • Embaixada da Geórgia em Moscou
  • Embaixadores da Geórgia na Rússia
  • Embaixada da Rússia em Tbilisi
Diplomacia
Conflitos
Incidentes
  • Conspiração georgiana de 1832
  • Tentativa de golpe de Estado na Geórgia em 1920
  • Revolução Rosa
  • Crise na Adjara de 2004
  • Crise energética russo-georgiana de 2006
  • Proibição russa de vinhos da Moldávia e da Geórgia em 2006
  • Crise de Kodori de 2006
  • Crise de espionagem russo-georgiana de 2006
  • Deportação de georgianos da Rússia em 2006
  • Incidente de helicópteros na Geórgia em 2007
  • Incidente com míssil na Geórgia em 2007
  • Incidente de avião militar abatido na Abecásia em 2007
  • Cyxymu
  • Farsa de reportagem de notícias na Geórgia em 2010
  • Protestos na Geórgia em 2019
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