Cruzeiro novo

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Cruzeiro novo[1]
Dados
Usado  Brasil
Sub-unidade

Centavo
Símbolo NCr$[1]
Plural cruzeiros novos
Moedas 1, 2, 5, 10, 20 e 50 centavos
Notas 1, 5, 10 e 50 centavos e 1, 5 e 10 cruzeiros novos
Banco central Banco Central do Brasil
www.bc.gov.br
Fabricante Thomas de la Rue & Company Limited

American Bank Note Company

O cruzeiro novo (NCr$) foi uma moeda do Brasil que circulou transitoriamente no Brasil no período entre 13 de fevereiro de 1967 e 14 de maio de 1970.[2] O Cruzeiro Novo foi implantado durante a ditadura militar, no governo do marechal Artur da Costa e Silva, que governou de 1967 a 1969.

Se trata de um padrão que foi criado em virtude da perda de valor do Cruzeiro, moeda que estava em vigor desde 1942 e que sofreu enorme depreciação por conta do aumento da inflação ocorrido por conta da instabilidade política e das contas públicas em descontrole, sendo este um dos supostos fatores a levarem ao golpe de estado em 1964, que viria a resultar na Ditadura militar brasileira que perduraria até 1985.

História

Cédula de 10 000 Cruzeiros do padrão anterior que com a mudança ostenta um carimbo do novo valor, 10 Cruzeiros Novos.

Desde os anos 50, a inflação foi deteriorando fortemente a moeda brasileira, de forma que o antigo padrão cruzeiro perdia cada vez mais o seu valor, com tal processo se acelerando fortemente na primeira metade dos anos 60, se passando de um índice na faixa dos 25% ao ano para a faixa de 80 – 90% ao ano no biênio 1963 – 1964.

Em tal situação, as cédulas de 1 e 2 cruzeiros, lançadas para minimizar os problemas por conta da falta de metal para a produção de moedas na década de 1940 deixariam de ser emitidas em 1958. As moedas, compostas por um numerário de moedas de 10, 20 e 50 centavos, 1 e 2 cruzeiros tiveram alterações no tamanho, no desenho e na composição em 1956, deixando de ser emitidas em 1961, sendo que a partir de então o sistema monetário do país passaria a ser composto basicamente por cédulas de 5, 10, 20, 50, 100, 200, 500 e 1 000 cruzeiros, que viria a ter também a cédula de 5000 cruzeiros a partir de 1963.

Em 1964, os centavos, já sem valor na prática, foram extintos por força da lei nº 4.511 que previa a substituição das antigas cédulas de valor até 500 cruzeiros por moedas, com a emissão de cédulas limitadas aos valores de 1 000, 5 000 e do ainda não lançado valor de 10 000 cruzeiros.[3]

Em 1965, foi criado o Banco Central do Brasil e por ele foram lançadas as moedas de 10, 20 e 50 cruzeiros.

As duas primeiras moedas eram de alumínio, apresentavam dimensão similar as antigas moedas de 1 e 2 cruzeiros emitidas entre 1942 e 1956, tendo o mesmo anverso de tais moedas, trazendo no reverso os valores 10 e 20 sobrepostos pela palavra cruzeiros tendo abaixo o ano de emissão das moedas. A última foi uma pequena moeda de cuproníquel que trazia no anverso a imagem decorativa da república (similar a que viria a ser colocada nas moedas de 1, 2, 5, 10, 20 e 50 centavos emitidas entre 1967 e 1979) e a denominação "República dos Estados Unidos do Brasil, enquanto que apresentava a esquerda do valor de 50 cruzeiros e da data de emissão um ramo de café, modelo que seria similar ao aplicado na futura moeda de 1 cruzeiro que seria emitida a partir de 1970, que traz o ramo de café a direita do valor.

Tais moedas não foram bem aceitas pela população e o projeto das moedas de 100 e de 200 cruzeiros (similar ao da futura moeda de 20 centavos, só que com a ilustração a esquerda do valor), que viriam a ser lançadas em 1966 foram suspensos, com tais moedas nunca circulando.

No final de tal ano, foi estabelecido o decreto-lei nº 1 [4] que estabelecia até o final de 1967 a mudança da moeda para cruzeiro novo, com paridade estabelecida de 1 cruzeiro novo para 1 000 cruzeiros então circulantes e restabelecia o centavo, já com o objetivo de preparar a Casa da Moeda do Brasil para a emissão das cédulas do novo padrão, dado que as cédulas até então eram produzidas majoritariamente no exterior pela American Bank Note Company e pela Thomas de la Rue.

Em 1966, foi finalmente lançada a cédula de 10 000 cruzeiros prevista na lei nº 4.511, com a imagem de Santos Dumont no anverso e com o voo do mesmo no 14-bis apresentado no reverso, sendo essa a última cédula a ser lançada no antigo padrão cruzeiro.

No mesmo ano foi realizado um concurso para definir o design gráfico das cédulas do cruzeiro novo, certame cujo vencedor foi Aloísio Magalhães com as cédulas do Padrão moiré, com desenhos voltados justamente a dificultar as falsificações.

Implantação do Cruzeiro Novo

Em fevereiro de 1967[5], a denominação cruzeiro novo passou a ser transitoriamente a denominação do padrão monetário do Brasil e começaram a ser colocadas em circulação novas cédulas transitoriamente com um carimbo circular apresentando os dizeres "Banco Central" na parte superior do circulo externo do carimbo e o valor numérico no círculo interno, além da denominação em centavos ou cruzeiros novos da cédula na parte inferior do círculo externo do carimbo, se fazendo a transição das cédulas então circulantes para o novo padrão.

Foram carimbadas cédulas de 10, 50 e 100 cruzeiros emitidas pela Thomas de La Rue, 500, 1 000, 5 000 e 10 000 cruzeiros emitidas pela American Bank Note Company, sendo que a partir de 1968 foram emitidas também com o carimbo as cédulas de 10 000 cruzeiros emitidas pela Thomas de La Rue.

Em fevereiro de 1968, as moedas do antigo padrão cruzeiro foram desamoedadas, perdendo o seu valor legal e em agosto do mesmo ano foram colocadas em circulação as novas moedas, com valores de 1, 2, 5, 10, 20 e 50 centavos, com equivalência respectivamente as antigas cédulas de 10, 20, 50, 100, 200 e 500 cruzeiros.

Enquanto isso, eram feitos investimentos no parque gráfico com vistas a preparar a Casa da Moeda do Brasil para permitir que a instituição pudesse atender a demanda pelas novas cédulas que viriam a ser lançadas com os valores de 1, 5, 10, 50 e 100 cruzeiros já sem a palavra "novos", cédulas estas que começaram a ser colocadas em circulação em maio de 1970,[6] a despeito de inicialmente se prever o lançamento das novas cédulas para até o final de 1967.

Por conta dos problemas de natureza logística, as cédulas antigas demoraram um pouco a começarem a ser retiradas de circulação, sendo que as cédulas antigas de 10, 20, 50 e 100 cruzeiros (1, 2, 5 e 10 centavos) tiveram sua perda de valor estabelecida para 1º de outubro de 1970, mas tiveram a sua validade estendida para 30 de junho de 1971 [7] e depois para 30 de junho de 1972,[8] só perdendo o valor nessa data. As cédulas antigas de 200, 500 e 1 000 cruzeiros (20 centavos, 50 centavos e 1 cruzeiro novo) perderam a validade no dia 30 de junho de 1973[9] e as cédulas antigas de 5 000 e 10 000 cruzeiros (5 e 10 cruzeiros novos) tiveram a sua validade inicialmente limitada a 30 de junho de 1974,[10] mas a cédula antiga de 10 000 cruzeiros (10 cruzeiros novos) teve sua validade estendida até 30 de junho de 1975.[11]

As moedas de 1, 2 e 5 centavos tiveram redução na sua espessura de 1,4 mm para 1 mm em 1969 e viriam a ser emitidas sem novas modificações até 1975 quando houve o lançamento da série FAO de tais valores, sendo que tais moedas foram emitidas até 1978 e viriam a perder o valor no final de 1980.[12] As moedas de 10, 20 e 50 centavos vieram a ser emitidas com modificações na composição metálica até 1979 e vieram a perder o seu valor com a nova extinção do centavo em 1984.[13] A moeda de 1 cruzeiro, prevista para ser lançada com as demais, acabou sendo lançada em 1970, junto com as cédulas do novo padrão, que viriam a ser emitidas majoritariamente pela Casa da Moeda do Brasil, a despeito de uma última encomenda suplementar para a Thomas de la Rue de 50 milhões de cédulas de 100 cruzeiros do novo padrão para suprir a demanda por dinheiro em espécie. Existem moedas de prova no valor de 1 cruzeiro com a data 1967, mas tal valor não foi colocado em circulação naquele momento para evitar eventuais confusões entre o meio circulante na moeda antiga e na nova.

Base legal da nova moeda

Este novo padrão monetário foi estabelecido pelo Decreto-lei nº 1, de 13 de novembro de 1965 (D.O.U. de 17 de novembro de 1965), e regulamentado pelo Decreto nº 60.190, de 8 de fevereiro de 1967 (D.O.U. de 9 de fevereiro de 1967), equivalente a mil cruzeiros "antigos" e restabelecendo o centavo.

O Conselho Monetário Nacional, pela Resolução nº 47, de 8 de fevereiro de 1967, estabeleceu a data de 13 de fevereiro de 1967 para início de vigência do novo padrão.

No entanto, na mesma resolução, já estava prevista a renomeação da moeda para Cruzeiro e a adoção do símbolo Cr$ para a mesma, coisa que só foi ocorrer de fato em 1970, por meio da resolução nº 144 do Conselho Monetário Nacional.

Exemplo: Cr$ 4 750 (quatro mil, setecentos e cinquenta cruzeiros) passou a expressar-se NCr$ 4,75 (quatro cruzeiros novos e setenta e cinco centavos).

Bibliografia

  • SOUZA,S.D: Cédulas Brasileiras, São Paulo, 7ª edição, 1994.
  • AMATO.C, NEVES.I & SCHUTZ.J. CÉDULAS DO BRASIL - 1833 A 2007, Soluções Gráficas, São Paulo, 4ª Edição.
  • AMATO.C, NEVES.I & SCHUTZ.J. Livro das moedas do Brasil - 1643 A 2004, Soluções Gráficas, São Paulo, 11ª Edição.

Referências

  1. a b «Início » Cédulas e moedas » Museu de Valores » Cédulas e moedas brasileiras». Museu de Valores do Banco Central do Brasil. Consultado em 27 de janeiro de 2015 
  2. Do pau-brasil ao real Caderno História do Jornal Gazeta do Povo de 21 de julho de 2013
  3. Lei nº 4511 de 1º de dezembro de 1964 - Dispõe sobre o meio circulante e dá outras providências
  4. Decreto-lei nº 1 de 13 de novembro de 1965 - Institui o Cruzeiro Novo e dá outras providências
  5. Resolução CMN nº 47 de 8 de fevereiro de 1967
  6. Resolução CMN nº 144 de 31 de março de 1970 - Texto original
  7. Resolução CMN nº 155 de 10 de setembro de 1970
  8. Resolução CMN nº 187 de 20 de maio de 1971
  9. Resolução CMN nº 217 de 23 de março de 1972
  10. Resolução CMN nº 258 de 17 de maio de 1973
  11. Resolução CMN nº 287 de 16 de maio de 1974
  12. Resolução CMN nº 615 de 08 de maio de 1980
  13. Resolução CMN nº 945 de 21 de agosto de 1984

Ligações externas

  • Resolução 47 do BACEN
  • Casa da Moeda do Brasil
  • v
  • d
  • e
  • Real ( – 1942)
  • Cruzeiro (1942 – 1967)
  • Cruzeiro novo (1967 – 1970)
  • Cruzeiro (1970 – 1986)
  • Cruzado (1986 – 1989)
  • Cruzado novo (1989 – 1990)
  • Cruzeiro (1990 – 1993)
  • Cruzeiro real (1993 – 1994)
  • Real (1994 – )