Dialeto brasiliense

Dialeto brasiliense
Falado(a) em:  Distrito Federal
Total de falantes: aprox. 3 milhões de falantes
Posição: Não se encontra entre os 100 primeiros
Família: Indo-europeia
 Língua portuguesa
  Português brasileiro
   Dialeto brasiliense
Estatuto oficial
Língua oficial de: sem reconhecimento oficial
Regulado por: sem regulamentação oficial
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---

O dialeto brasiliense, ou candango,[1] é um dialeto do português brasileiro, que tem como região geográfica falante a cidade de Brasília e também a Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno.[2][3][4]

Este dialeto é resultante dos fluxos migratórios ocorridos a partir de 1955, quando se iniciou a construção da nova capital.[3] Esses fluxos de migrantes trouxeram para a capital brasileira várias formas de falar o português (de todo o terrítório brasileiro).[3] A miscigenação de todos os costumes de fala do Brasil criou um dialeto neutro,[5] ou como alguns consideram, o "sotaque branco",[2] por representar em si todas as formas de falar do Brasil.[6]

Gramática

Índice de segunda pessoa

No dialeto brasiliense, tem havido um ressurgimento do uso de tu como índice de segunda pessoa, ao lado do índice mais comum no Brasil, você. Aquele índice, contudo, só é usado em situações discursivas que conotam solidariedade ou pertencimento a um grupo, principalmente entre adolescentes do sexo masculino das regiões administrativas do Distrito Federal (mas não entre esses adolescentes e as adolescentes do sexo feminino, por exemplo). Em todos os casos, a conjugação segue a terceira pessoa (tu foi, tu disse, etc.).[7]

Léxico

  • Balão = Rotatória
  • Bandeirante = Núcleo Bandeirante
  • Baú = Ônibus
  • Biscoito = Bolacha
  • Bloco = Prédio residencial
  • Cabuloso = Impressionante
  • Camelo = Bicicleta
  • Candanga = Candangolândia
  • Careta = Cigarro
  • Catiar = Zombar
  • Chegado = Amigo
  • Colado = Amigo íntimo
  • Curtir um peso = Ouvir rap ou hip hop
  • De rocha = Sério, de verdade
  • Dim-Dim = Chupa-Chupa, geladinho
  • Eixão = Eixo Rodoviário de Brasília
  • Eixinho = Vias paralelas ao Eixão
  • Embaçado = Deu ruim
  • Esparro = Algo ou alguém exagerado
  • Estriquinado = Maluco
  • Flor do Cerrado = Torre de TV Digital de Brasília
  • Gel = Cerveja
  • Ímpares = Quadras 100, 300, 500, 700 e 900 do Plano Piloto
  • Lixeiro = Gari
  • Lombrado = Alucinado
  • Lupa = Olhos / Óculos
  • Mandioca = Aipim, macaxeira
  • Nos pano = Bem vestido
  • Paia = Algo chato, ruim
  • Pão de Sal = Pão francês
  • Parada = Parada de ônibus, ponto de ônibus
  • Pardal = Radar de trânsito
  • Pares = Quadras 200, 400, 600 e 800 do Plano Piloto
  • Pedera = Otário
  • Pegar o beco = Ir embora
  • Peita = Camisa
  • Pelejou = Tentou, brigou
  • Pivete = Menino de rua
  • Plano = Plano Piloto
  • Quebra-mola = Lombada
  • Rodô = Rodoviária do Plano Piloto
  • Satélite = Cidade-satélite
  • Semáforo = Sinaleira, Farol
  • Se pá = Se der certo
  • Sinal = Sinaleira, Farol
  • Taguá = Taguatinga
  • Tesourinha = Trevo
  • Tesourinha = Retorno feito pela Tesourinha
  • Torre = Torre de TV de Brasília
  • Torre Digital = Torre de TV Digital de Brasília
  • Véi = Vocativo usado entre amigos, "Meu", "Cara", "Mano"
  • Zebrinha = Micro-ônibus, originalmente com listras verticais nas laterais

Referências

  1. «Letras de Brasília». O Globo 
  2. a b «Sotaque branco». Meia Maratona Internacional CAIXA de Brasília. Consultado em 1 de outubro de 2012. Arquivado do original em 17 de maio de 2016 
  3. a b c «Sem traços estereotipados, o sotaque do brasiliense começa a ser desenhado». Correio Brasiliense 
  4. MELO, Djalma Cavalcante. «Brasília já tem o seu dialeto». Universia Brasil 
  5. VELLASCO, Ana Maria de Moraes Sarmento (2006). Um Estudo Sociolingüístico-Interacional da Linguagem dos Jovens Candangos. Brasília: Ed. Universidade de Brasília 
  6. «A solidão dividida em blocos». Veja Online. Consultado em 1 de outubro de 2012. Arquivado do original em 29 de novembro de 2012 
  7. Scherre, Maria M. P.; Dias, Edilene; Andrade, Carolina; Lucca, Nívia N. G.; Andrade, Adriana L. V. G. (2011). «Tu, você, cê e ocê na variedade brasiliense». Papia: Revista Brasileira de Estudos Crioulos e Similares. 21 (3)  A referência emprega parâmetros obsoletos |coautores= (ajuda)[ligação inativa]
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