Enchente em Tubarão em 1974

Lista das cópias das certidões de óbito da enchente em Tubarão em 1974 depositadas no Arquivo Público e Histórico Amadio Vettoretti

A enchente de 1974 foi a maior enchente do século XX registrada na cidade de Tubarão, Santa Catarina. A enchente do Rio Tubarão ocorreu em 24 de março de 1974. No dia 22, sexta-feira, as chuvas da tarde foram mais intensas nos costões da Serra Geral, aumentando sensivelmente o volume dos rios, alagando as áreas baixas. A vila Presidente Médici foi o primeiro bairro a ser atingido.[1] No sábado, dia 23, a prefeitura e o Corpo de Bombeiros haviam se mobilizado para socorrer a população dos bairros mais alagados. A Rádio Tubá prestava serviço de informações, alertando a população. As escolas dispensaram os alunos. À tarde a chuva caía forte e ininterrupta. Já havia muitos desabrigados. Várias pessoas estavam deixando suas casas, deslocando-se para lugares mais elevados, como por exemplo o morro da catedral. Mas alguns moradores permaneceram em suas casas, sem acreditar que a água fosse além do que estavam vendo.

Uma multidão espreitava nas margens do rio, que via seu nível subir rapidamente. Por volta das 18 horas a ponte pênsil foi tragada, e a partir daquele momento as águas invadiram o centro comercial. O bairro Oficinas e a margem esquerda foram tomados pela água, em níveis variando de 20 centímetros a 1 metro.

No dia 24 de março os bairros continuavam alagados, mas o nível do rio estava estabilizado. No fim da tarde a chuva voltou com a mesma intensidade da noite anterior. A noite de domingo foi dramática para os moradores das áreas pouco inundadas na noite de sábado, que sentiram repentinamente a água invadindo suas casas e crescendo com forte correnteza. Muitos dormiam e acordaram com os pés na água. Muitos subiram para o forro da casa, e deste para o telhado. Alguns, na tentativa de se salvar, morreram, e outros foram levados junto com sua casa. Às 9 horas a energia elétrica foi interrompida, os telefones já estavam mudos. A cidade ficou sem comunicação, isolada. Ao clarear do dia de segunda-feira a chuva continuava intensa. Um único helicóptero fazia o trabalho de salvamento. Sobrevoava as casas, cujos telhados apareciam, e nos quais se agitavam, desesperadamente, panos de todas as cores.

Vinhos Cardeal em 1974. Margem esquerda do rio Tubarão, Avenida Expedicionário José Pedro Coelho, próximo à ponte Nereu Ramos. O nível d'água está quase na altura máxima da parede de pedra, a ponto de alcançar as janelas!
Vinhos Cardeal em 2018. O nível atingido pelas águas barrentas na parede frontal é simbolicamente destacado pela parede de pedra (comparar com a imagem acima). Todos os automóveis estacionados estão abaixo deste nível!

As residências no morro da catedral recebiam toda a espécie de flagelados em desespero. Não havia alimentos para todos, por isso aconteceu um saque aos Supermercados Angeloni e o extinto Cobal.

No Colégio Gallotti um grupo de professores se organizou e se dirigiu ao vizinho supermercado Carradore (que não existe mais) e requisitaram alimentos para os refugiados daquele estabelecimento de ensino.

No dia 27 de março o sol despertou radiante. As águas do rio Tubarão começaram a baixar, deixando atrás de si uma camada de lama que variava com espessura de 30 centímetros a 1,20 metro. As ruas se apresentavam com enormes buracos, entulhadas de lama, madeiras e restos dos destroços das casas demolidas.

Mortes

Entre as informações desencontradas, oficialmente são registradas 199 mortes.[2] Não existe uma lista oficial com a identificação dos mortos. No Arquivo Público e Histórico Amadio Vettoretti estão depositados os registros de 58 certidões de óbitos decorrentes da enchente.[3]

Registros da enchente de 1974

  • Placa na parede frontal da ótica Zumblick, rua Coronel Collaço, registrando o nível atingido pelas águas do Rio Tubarão.
  • Placa na parede da bomba d'água dos galpões que pertenciam à Souza Cruz, hoje Farol Shopping, rua Lauro Müller, próximo ao portão dos fundos do Shopping, mostrando o nível atingido naquele local.
  • E também no Museu Willy Zumblick na praça Sete de Setembro, que conta ainda com fotos e registros da enchente de 1974.

Referências

  1. Enchente de 1974: O relato de um sobrevivente
  2. Tragédia de 1974 em Tubarão, SC, não tem lista oficial de mortos até hoje
  3. Entrevista com Joel Köenig de Souza, auxiliar administrativo do Arquivo Público e Histórico Amadio Vettoretti, em 5 de fevereiro de 2018.
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