Francisco António de Campos

Francisco António de Campos
Francisco António de Campos
Francisco António de Campos.
Nascimento 1 de novembro de 1780
Vila Nova de Foz Côa
Morte 22 de agosto de 1873
Lisboa
Sepultamento Cemitério dos Prazeres
Cidadania Reino de Portugal
Alma mater
Ocupação jornalista, escritor, político
Prêmios
  • Comendador da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa
  • Grã-Cruz da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa
  • Cavaleiro da Ordem de Cristo
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Francisco António de Campos ComNSCGCNSC (Vila Nova de Foz Coa, Vila Nova de Foz Coa, 1 de novembro de 1780 - Lisboa, São Paulo, 22 de agosto de 1873), 1.º Barão de Vila Nova de Foz Coa, foi um político, empresário comercial, escritor, jornalista, juiz e académico português.

Família

Era filho secundogénito de Luís de Campos Henriques (Vila Nova de Foz Coa, Vila Nova de Foz Coa, 7 de fevereiro de 1743 - Pinhel, Pinhel, 19 de março de 1828), Cavaleiro Professo na Ordem de Cristo, proprietário em Vila Nova de Foz Coa, e de sua mulher (19 de março de 1761) Angélica Maria Mendes da Silva (15 de abril de 1742 - 28 de maio de 1828), ambos de origem Cristã Nova Judaica, tendo nascido a 1 de novembro de 1780, na freguesia de Vila Nova de Foz Coa.[1][2][3]

Biografia

Em 1822, depois de se ter formado em Direito na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, foi eleito deputado. Não se salientou nessa Assembleia como político muito activo, mas os seus talentos e saber não passaram despercebidos. Em 1834, depois dum período de alheamento da política, foi novamente eleito Deputado no primeiro Parlamento que funcionou depois da vitória constitucional e em várias Legislaturas e, em 1835, tendo revelado os seus conhecimentos em matéria de Finanças, foi chamado para Ministro da Fazenda, no Governo da Presidência do 1.º Duque de Saldanha. Nesse período foi objecto de violenta campanha de difamação por parte dos seus adversários políticos, que para isso se serviram dum pasquim desbragado de linguagem e moralidade, intitulado O Raio. Depois da queda deste Ministério e substituição por outro de José da Silva Carvalho, que igualmente durou pouco, tornou-se Presidente da Câmara Municipal de Lisboa em 1835, e foi José Jorge Loureiro, o novo Presidente do Conselho, que o chamou a gerir a pasta da Fazenda, tendo sido, por isso, Ministro e duas vezes Secretário de Estado dos Negócios da Fazenda. Depois do Movimento da Regeneração abandonou a política, entregando-se à redacção de trabalhos diversos, que publicou.[2][4]

Latinista e Helenista distinto e apaixonado bibliófilo, foi possuidor duma das mais completas bibliotecas particulares de Portugal do seu tempo.[2]

Em 1836 escreveu um Relatório do Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Fazenda, Apresentado na Câmara dos Senhores Deputados na Sessão de 29 de Fevereiro de 1836. Depois desta publicação, escreveu e versou exclusivamente assuntos jurídicos ou literários, entre os quais:

  • A Língua Portuguesa é Filha da Latina, ou Refutação da Memória em que o Sr. Patriarcha Eleito D. Francisco de S. Luiz Saraiva Nega Esta Filiação, Lisboa, 1843 (publicação anónima);
  • Burro de Ouro de Appuleio, Traduzido em português, Lisboa, 1847 (publicação anónima, publicada sem o nome do Tradutor);
  • Apologia de Appuleio, Traduzida em português, Lisboa, 1859.

É-lhe atribuída uma das primeiras transcrições, se não a primeira, do Leal Conselheiro e do Livro da Ensinança de Bem Cavalgar Toda Sela, do rei D. Duarte, a partir do manuscrito da Biblioteca Nacional de França, que foi publicada pela Tipografia Rollandiana (Lisboa, 1843), quase simultaneamente com a edição de José Inácio Roquette (Paris, 1842-1843).[5]

No jornal O Pantólogo também escreveu e inseriu ainda grande número de artigos sobre Filologia, Gramática e Ortografia da Língua Portuguesa e assinados sob o pseudónimo de Y. (1844), etc.[2][6]

Foi Juiz Conselheiro e Presidente do Tribunal de Contas, da Junta do Crédito Público, etc.[2]

Eleito Par do Reino e Presidente da Câmara dos Pares em 1861 entrou, em 1863, para a Academia Real das Ciências de Lisboa como Sócio Correspondente. Foi, também, dirigente, um dos Fundadores em 1834 e o 1.º Presidente da Associação Mercantil de Lisboa, depois chamada Associação Comercial de Lisboa, e 5.º e último grão-mestre do Oriente Saldanha ou Maçonaria do Sul desde 19 de janeiro de 1840 e dezembro de 1849.[7] O Círculo em que superintendia tomou o nome de Maçonaria do Sul por ser do Rito Moderno e diferir da Maçonaria do Norte, ou do Porto, da qual foi 1.º e único Grão-Mestre Manuel da Silva Passos.[2][6]

Foi Cavaleiro Professo na Ordem de Cristo, Comendador a 11 de março de 1837 e Grã-Cruz em 1862 da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e Conselheiro de Sua Majestade Fidelíssima.[2][6]

O título de 1.º Barão de Vila Nova de Foz Coa foi-lhe concedido, em sua vida, por Decreto de D. Maria II de Portugal de 6 de fevereiro de 1837. Armas: escudo partido, a 1.ª de Campos e a 2.ª Henriques; diferença: uma brica de prata com um trifólio de verde; timbre: de Campos, coroa de Barão, concedidas por Carta de D. João VI de Portugal de 25 de agosto de 1818, depois coroa de Conde e manto de Par, pelo Pariato, concedidas por Carta de D. Luís I de Portugal de 15 de setembro de 1861.[2][8]

Tem um quadro seu na Associação Comercial de Lisboa e um busto seu em mármore no Museu Municipal de Lisboa, actualmente na Biblioteca Municipal do Palácio Galveias, em Lisboa.[4]

Casamento

Casou a 18 de Junho de 1798 com Maria Cândida da Fonseca e Silva Mendes (Viseu, 25 de março de 1784 - Sintra, 29 de julho de 1843), filha de João da Silva Mendes e de sua mulher Eugénia Cândida da Fonseca da Silva Mendes, 1.ª Baronesa da Silva, ambos também de origem Cristã Nova Judaica, sem geração. Foram Herdeiros do 1.º Barão de Vila Nova de Foz Coa seus sobrinhos paternos José Caetano de Campos Henriques e Joaquim de Campos Henriques, filhos varões sobrevivos de seu irmão primogénito.[6][9]

Morte

Faleceu aos 92 anos de idade, a 22 de agosto de 1873, no Palácio do Conde-Barão de Alvito, número 47 do Largo do Conde-Barão, freguesia de São Paulo, em Lisboa. Foi sepultado no Cemitério dos Prazeres, no jazigo particular 1685, sendo trasladado a 6 de agosto de 1885 para o jazigo particular 2151 do mesmo cemitério, que foi considerado prescrito em 2021.[10][11]

Referências

  1. "Nobreza de Portugal e do Brasil", Direcção de Afonso Eduardo Martins Zúquete, Editorial Enciclopédia, 2.ª Edição, Lisboa, 1989, Volume Terceiro, p. 509
  2. a b c d e f g h "Livro de Oiro da Nobreza", Domingos de Araújo Affonso e Ruy Dique Travassos Valdez, Lisboa: J.A. Telles da Sylva, 2.ª Edição, 1988, Volume Terceiro, p. 548
  3. Diccionario bibliographico Portuguez: estudos ... applicaveis a Portugal e ao Brasil. Tomo segundo. [S.l.]: Imprensa Nacional. 1859 
  4. a b "Nobreza de Portugal e do Brasil", Direcção de Afonso Eduardo Martins Zúquete, Editorial Enciclopédia, 2.ª Edição, Lisboa, 1989, Volume Terceiro, pp. 509 e 510
  5. Maria Helena Lopes de Castro, "«Leal Conselheiro»: Itinerário do manuscrito", Penélope nº 16, 1995, p. 110.
  6. a b c d "Nobreza de Portugal e do Brasil", Direcção de Afonso Eduardo Martins Zúquete, Editorial Enciclopédia, 2.ª Edição, Lisboa, 1989, Volume Terceiro, p. 510
  7. «Dirigentes das Maçonarias Portuguesas». Tripodcom 
  8. "Nobreza de Portugal e do Brasil", Direcção de Afonso Eduardo Martins Zúquete, Editorial Enciclopédia, 2.ª Edição, Lisboa, 1989, Volume Terceiro, pp. 510 e 511
  9. "Livro de Oiro da Nobreza", Domingos de Araújo Affonso e Ruy Dique Travassos Valdez, Lisboa: J.A. Telles da Sylva, 2.ª Edição, 1988, Volume Terceiro, pp. 548 e 549
  10. «Livro de registo de óbitos da paróquia de São Paulo (1866 a 1875)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. p. 164, assento 86 
  11. «Boletim Municipal Nº1440». Câmara Municipal de Lisboa. 23 de setembro de 2021. p. 2229 

Ligações externas

  • «Ministério das Finanças» (PDF). (em formato PDF) 
  • A lingua portugueza é filha da latina, ou refutação da memoria em que o senhor... D. Francisco de S. Luiz nega esta filiação, Lisboa, 1843 na Biblioteca Nacional de Portugal
  • v
  • d
  • e

Luís Mouzinho de Albuquerque António César de Vasconcelos Correia (interino) José António Ferreira Brak-Lamy José Dionísio da Serra José Xavier Mouzinho da Silveira José da Silva Carvalho (inicialmente interino) Francisco António de Campos • José da Silva Carvalho (2.ª vez) Francisco António de Campos (2.ª vez) José Jorge Loureiro (interino) José da Silva Carvalho (3.ª vez) Visconde de Sá da Bandeira Visconde de Porto Covo (não empossado) Passos Manuel (interino) João de Oliveira Manuel António de Carvalho (interino) Flórido Rodrigues Pereira Ferraz • Manuel Gonçalves de Miranda Barão do Tojal (2.ª vez) António José de Ávila (interino no final) Junta Provisória de Governo José Jorge Loureiro (2.ª vez; interino) Barão do Tojal (3.ª vez) Duque de Palmela (inicialmente interino) Júlio Gomes da Silva Sanches Visconde de Oliveira (interino) Visconde de Algés (interino) Conde do Tojal (4.ª vez) Marino Miguel Franzini Joaquim José Falcão • António Roberto Lopes Branco • António José de Ávila (2.ª vez) Marino Miguel Franzini (2.ª vez; inicialmente interino) Francisco da Silva Ferrão • António Maria de Fontes Pereira de Melo (inic. interino) Frederico Guilherme da Silva Pereira (interino) António Maria de Fontes Pereira de Melo (continuação) José Jorge Loureiro (3.ª vez; interino) Júlio Gomes da Silva Sanches (2.ª vez; interino) António José de Ávila (3.ª vez) José Maria do Casal Ribeiro António José de Ávila (4.ª vez) Joaquim Tomás Lobo de Ávila Matias de Carvalho e Vasconcelos Conde de Ávila (5.ª vez) António Maria de Fontes Pereira de Melo (2.ª vez) José Dias Ferreira Carlos Bento da Silva Sebastião Lopes de Calheiros e Meneses (interino) Carlos Bento da Silva (continuação) Sebastião Lopes de Calheiros e Meneses (interino) Conde de Samodães Augusto Saraiva de Carvalho Anselmo José Braamcamp Duque de Saldanha (interino) José Dias Ferreira (2.ª vez) Conde de Magalhães Marquês de Ávila (6.ª vez) Carlos Bento da Silva (2.ª vez; inicialmente interino) António Maria de Fontes Pereira de Melo (3.ª vez) António Cardoso Avelino (interino) António Maria de Fontes Pereira de Melo (3.ª vez; continuação) António Serpa Carlos Bento da Silva (3.ª vez) José de Melo Gouveia (interino) António Serpa (2.ª vez) Henrique de Barros Gomes Lopo Vaz de Sampaio e Melo António José de Barros e Sá (interino) Lopo Vaz de Sampaio e Melo (continuação) António Maria de Fontes Pereira de Melo (4.ª vez) Júlio de Vilhena (interino) António Maria de Fontes Pereira de Melo (4.ª vez; continuação) Ernesto Hintze Ribeiro Mariano de Carvalho Henrique de Barros Gomes (2.ª vez; interino) Augusto José da Cunha João Franco José de Melo Gouveia (2.ª vez) Augusto José da Cunha (2.ª vez) Mariano de Carvalho (2.ª vez) Alberto António de Morais Carvalho (interino) Mariano de Carvalho (2.ª vez; continuação) Joaquim Pedro de Oliveira Martins José Dias Ferreira (3.ª vez) Pedro Vítor da Costa Sequeira (interino) José Dias Ferreira (3.ª vez; continuação) Augusto Fuschini Ernesto Hintze Ribeiro (2.ª vez) Frederico Ressano Garcia António Eduardo Vilaça (interino) Manuel Afonso de Espregueira Anselmo de Andrade Fernando Matoso dos Santos António Teixeira de Sousa Rodrigo Afonso Pequito • Manuel Afonso de Espregueira (2.ª vez) Conde de Penha Garcia António Teixeira de Sousa (2.ª vez) Ernesto Driesel Schröeter Fernando Martins de Carvalho • Manuel Afonso de Espregueira (3.ª vez) João Soares Branco Francisco de Paula de Azeredo • João Soares Branco (2.ª vez) Anselmo de Andrade (2.ª vez)

Bandeira de Portugal (1830–1910)
« Miguelismo
Primeira República »
  • v
  • d
  • e
Presidente do Conselho
de Ministros
Totalidade dos membros do governo interinos (1835) • José Jorge Loureiro (1835–1836)
José Jorge Loureiro, 4.º chefe de governo de Portugal
Ministros e
Secretários de Estado
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Visconde de Sá da Bandeira interino (1835) • Luís Mouzinho de Albuquerque (1835) • Visconde de Sá da Bandeira interino (1835) • Luís Mouzinho de Albuquerque continuação (1835–1836)
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