Hiraizumi Kiyoshi

Hiraizumi Kiyoshi (平泉 澄, Hiraizumi Kiyoshi? 15 de fevereiro de 1895 – 18 de fevereiro de 1984) foi um historiador japonês e padre xinto que defendeu uma visão nacionalista da história do Japão, centrada na importância do imperador.

Vida e trabalho

Hiraizumi nasceu a 15 de fevereiro de 1895 de um pai que era sacerdote no santuário Heisenji Hakusan em Katsuyama.[1] Ele foi enviado para Tóquio para fazer o ensino médio e continuou a sua educação lá, graduando-se na Universidade Imperial de Tóquio em 1918.[2][3]

Ele começou a trabalhar como professor na sua alma mater apenas alguns anos depois, em 1923, e três anos depois ocupou o cargo de professor associado na Faculdade de Letras; em 1935 foi promovido a professor titular.[4] Ele também ajudou a fundar o Seminário de Educação de História, que supervisionava o conteúdo dos livros didácticos de história; Kiyoshi também contribuiu com materiais educacionais para a polícia e os militares.[3] Promulgou uma abordagem da história conhecida como kōkoku goji shikan, uma visão altamente nacionalista centrada na importância do Japão Imperial.[1][2] Essa visão obteve o endosso oficial do Ministério da Educação.[5] Apesar de ser tecnicamente subordinado ao chefe do departamento, Kuroita Katsume, Hiraizumi foi considerado pelos alunos do corpo docente como responsável pelo departamento de história.[6] Com o apoio do Ministério, Hiraizumi criou um novo curso conhecido como Nihon shisoshi koza ou História do Pensamento Japonês, que era altamente politizado, focando-se na crença de Hiraizumi na origem divina da linha imperial japonesa.[4] Ele também presidiu a uma organização política estudantil chamada Shukokai, que disseminou pontos de vista nacionalistas consagrando a importância do imperador,[7] e foi nomeado por Kanokogi Kazunobu como membro da Dai Ajia Kyokai (Associação da Grande Ásia), um grupo de políticos, diplomatas e outros que se dedicaram a espalhar o pensamento nacionalista japonês por toda a Ásia. Esta sociedade incluía Kōki Hirota, Konoe Fumimaro e Araki Sadao entre os seus membros, bem como muitas outras personagens notáveis.[8]

Hiraizumi havia viajado pela Europa no início dos anos 1930.[2] Ele inspirou-se no nacionalismo alemão de Gottlieb Fichte, mas foi fortemente crítico da Revolução Francesa, considerando o conceito de revolução civil um conceito inteiramente estranho aos japoneses.[3]

Hiraizumi renunciou à universidade após a ocupação aliada e voltou para a sua prefeitura de Fukui, embora tenha continuado a dar palestras.[3] Ele continuou a defender visões nacionalistas e argumentou a favor de uma versão da história baseada na mitologia (até mesmo os seus livros posteriores afirmam que o imperador Jimmu foi uma figura histórica real e tratou o Nihon Shoki e o Kojiki como fontes históricas).[9] No entanto, sem a presença de Hiraizumi, as tendências ultranacionalistas do departamento de história da Universidade começaram a ser revertidas e as suas opiniões começaram a sair de moda, substituídas pela historiografia marxista.[10] Eventualmente, Hiraizumi assumiu o papel do seu pai como sacerdote no Santuário Heisenji Hakusan, onde o espírito de Izanami está consagrado; na sua aposentadoria em 1981, o papel passou para o seu filho, Akira Hiraizumi.[3][1]

Obras principais

  • Chusei ni okeru seishin seikatsu (Vida Espiritual no Japão Medieval), 1926[2]
  • Chusei ni okeru shaji to shakai to no kankei (A relação entre santuários e templos na sociedade do Japão medieval)[2]
  • Kokushigaku no kotsuzui (O Coração da História Nacional)[2]
  • Kenmu chuko no hongi (Verdadeiro Significado da Restauração Kenmu), 1934[2]
  • Shonen Nihon Shi (História Japonesa para Jovens), 1970[3]

Referências

  1. a b c John S. Brownlee (1 de novembro de 2011). Japanese Historians and the National Myths, 1600–1945: The Age of the Gods and Emperor Jinmu. [S.l.]: UBC Press. pp. 179, 233. ISBN 978-0-7748-4254-9 
  2. a b c d e f g Jeffrey P. Mass (1997). The Origins of Japan's Medieval World: Courtiers, Clerics, Warriors, and Peasants in the Fourteenth Century. [S.l.]: Stanford University Press. pp. 349–350. ISBN 978-0-8047-4379-2 
  3. a b c d e f Oleg Benesch (2014). Inventing the Way of the Samurai: Nationalism, Internationalism, and Bushido in Modern Japan. [S.l.]: Oxford University Press. pp. 184–186, 226–227. ISBN 978-0-19-870662-5 
  4. a b Ching-yuen Cheung; Wing-keung Lam (3 de abril de 2017). Globalizing Japanese Philosophy as an Academic Discipline. [S.l.]: V&R Unipress. pp. 118–120. ISBN 978-3-8470-0690-9 
  5. Hiromi Mizuno (12 de novembro de 2008). Science for the Empire: Scientific Nationalism in Modern Japan. [S.l.]: Stanford University Press. ISBN 978-0-8047-6984-6 
  6. Shoji Yamada; 山田奨治 (29 de novembro de 2011). Shots in the Dark: Japan, Zen, and the West. [S.l.]: University of Chicago Press. ISBN 978-0-226-94765-5 
  7. Cave, Peter (março de 2013). «Japanese Colonialism and the Asia-Pacific War in Japan's History Textbooks: Changing representations and their causes». Modern Asian Studies. 47: 559. JSTOR 23359830. doi:10.1017/S0026749X11000485 
  8. Szpilman, Christopher (213). «Kanokogi Kazunobu: Pioneer of Platonic Fascism and Imperial Pan-Asianism». Monumenta Nipponica. 68: 250–251. JSTOR 43864798 
  9. Metevelis, Peter. «HlRAlZUMl KlYOSHl 平 泉 、澄. The Story of Japan, Vol.1: History from the Founding of the Nation to the Height of Fujiwara Prosperity» (PDF). Asian Folklore Studies. 57: 363–366. JSTOR 1178763. doi:10.2307/1178763. Consultado em 18 de fevereiro de 2020 
  10. Axel Schneider; Daniel Woolf (5 de maio de 2011). The Oxford History of Historical Writing: Volume 5: Historical Writing Since 1945. [S.l.]: OUP Oxford. ISBN 978-0-19-103677-4 
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