História dos judeus na Romênia

Sinagoga de Bucareste

A história dos judeus na Romênia diz respeito aos judeus da Romênia e de origem romena, desde sua primeira menção registrada no território que forma atualmente o país.

De tamanho extremamente reduzido até o século XVIII, o tamanho da população judaica na Romênia cresceu após 1850, especialmente após o estabelecimento da Grande Romênia, logo depois da Primeira Guerra Mundial. Uma comunidade diversificada, embora predominantemente urbana, os judeus foram alvo frequente de perseguições religiosas e racismo na sociedade romena - do debate ocorrido no fim do século XIX a respeito da "Questão Judaica", e o direito à cidadania dos residentes judeus, até o genocídio executado pela Romênia como parte do Holocausto. Estes motivos, aliados à sucessivas ondas de aliyah (emigração para Israel), são responsáveis pelo declínio dramático no tamanho total da atual comunidade judaica da Romênia.

História inicial

Comunidades judaicas naquele que viria a ser o território romeno foram registradas desde pelo menos o século II, na época em que o Império Romano havia estabelecido seu domínio sobre a Dácia. Inscrições e moedas mencionando os praticantes da religião foram encontradas em lugares como Sarmizegetusa e Orşova.

A existência dos caraítas da Crimeia, um grupo étnico que aderiu ao judaísmo caraíta, aparentemente com origens cumanas, sugere uma presença judaica constante em torno do mar Negro, incluindo em diversas partes da atual Romênia, nos portos e entrepostos comerciais nas fozes dos rios Danúbio e Dniester (ver Cumânia); também podem ter estado presentes nas feiras moldavas do século XVI, ou até mesmo antes.[1] O primeiro registro da presença judaica (provavelmente sefardita) no território que viria a ser a Moldávia ocorreu em Cetatea Albă (1330); na Valáquia foram mencionados pela primeira vez na década de 1550, vivendo em Bucareste.[2] Durante a segunda metade do século XIV o futuro território da Romênia tornou-se um importante local de refúgio para os judeus expulsos do Reino da Hungria e da Polônia pelo rei Luís I. Na Transilvânia, judeus húngaros foram registrados nas cidadelas saxônicas por volta de 1492.[3]

O príncipe Romano I (1391-1394?) dispensou os judeus do serviço militar, em troca de um taxa de três löwenthaler por pessoa. Ainda na Moldávia, Estevão, o Grande (1457-1504) tratou os judeus com grande consideração. Isaac ben Benjamin Shor de Iaşi (Isaque Bei, originalmente a serviço de Uzum Haçane) foi nomeado stolnic, e posteriormente promovido ao cargo de logóteta; continuou a ocupar este cargo durante o reinado de Bodano, o Cego (1504-1517), filho e sucessor de Estevão.

Nesta época os dois Principados Danúbios passaram para a suserania do Império Otomano, e diversos sefarditas que viviam em Istambul migraram para a Valáquia, enquanto judeus da Polônia e do Sacro Império Romano-Germânico se estabeleceram na Moldávia. Embora muitos tenham tido um papel importante no governo otomano, e formado uma parte considerável da importante comunidade de credores e comerciantes estrangeiros,[1] os judeus eram perseguidos pelos hospodars dos dois principados. O príncipe Ştefăniţă (1522) da Moldávia privou os mercadores judeus de quase todos os direitos que lhes haviam sido concedidos pelos seus antecessores; Petru Rareş apropriou-se da riqueza dos judeus em 1541, alegando que os judeus envolvidos com o comércio de gado haviam praticado evasão fiscal.[1] Alexandru Lăpuşneanu (primeiro reinado: 1552-61) perseguiu a comunidade, juntamente com outras categorias sociais, até ser destronado por Jacó Heráclides, um luterano grego, que mostrou-se leniente com seus súditos judaicos; Lăpuşneanu não retomou suas perseguições após retornar ao trono em 1564.

O papel dos judeus otomanos e locais no financiamento dos diversos príncipes aumentou à medida que as exigências econômicas otomanas aumentaram após 1550 (na década de 1570, o Duque do Arquipélago José Nasi, influente judeu, apoiou tanto Heráclide quanto Lăpuşneanu para o trono); diversos incidentes violentos durante o período foram instigados por príncipes incapazes de pagar suas dívidas.[4]

Durante o primeiro reinado de Pedro, o Manco (1574-1579), os judeus da Moldávia, em sua maioria comerciantes da Polônia que competiam com os locais, foram taxados e eventualmente expulsos do país.[5] Em 1582, conseguiu voltar ao poder com a ajuda do médico judeu Benveniste, amigo do influente Solomon Ashkenazi[5], que utilizou de sua influência política em favor de outros judeus.

Conteúdo da série
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Referências

  1. a b c Rezachevici, setembro de 1995, p.60
  2. Djuvara, p.179; Giurescu, p.271
  3. Rezachevici, September 1995, p.59
  4. Rezachevici, setembro de 1995, p.60-61
  5. a b Rezachevici, setembro de 1995, p.61

Bibliografia

  • Jewish Encyclopedia (1905), artigo Rumania, por Gotthard Deutsch, D.M. Hermalin e Joseph Jacobs
  • "Evreii" ("The Jews") on Divers boletim online
  • Proclamação de Islaz
  • Decreto sobre a naturalização dos judeus nascidos na Romênia,, 28 de maio de 1919
  • Programa do Partido Judaico, 8 de novembro de 1933
  • Decreto Real reexaminando a cidadania dos judeus na Romênia, 21 de janeiro de 1938
  • Decreto sobre o status judicial dos judeus na Romênia, 8 de agosto de 1940
  • Relatório final da Comissão Wiesel (PDF), visitado em julho de 2006
  • Caragiale, Ion Luca; Trădarea românismului! ("Traição do Romenismo!")
  • Cernovodeanu, Paul; "Evreii în epoca fanariotă" ("Judeus na época fanariota"), in Magazin Istoric, março de 1997, p. 25-28
  • Del Chiaro, Anton Maria; Revoluţiile Valahiei ("As Revoluções da Valáquia"), Chapter VIII
  • Djuvara, Neagu; Între Orient şi Occident. Ţările române la începutul epocii moderne ("Entre o Oriente e o Ocidente. Terras romenas no início da era moderna."), Humanitas, Bucareste, 1995
  • Dobrogeanu-Gherea, Constantin, Neoiobăgia. Curente de idei şi opinii în legătură cu neoiobăgia ("Neofeudalismo. Correntes de idéias e opiniões relacionadas à neofeudalismo")
  • Giurescu, Constantin C.; Istoria Bucureştilor. Din cele mai vechi timpuri pînă în zilele noastre, Ed. Pentru Literatură, Bucareste, 1966
  • Hitchins, Keith; The Romanians, 1774-1866, Oxford University Press, Oxford, 1996
  • Gordon, Joseph; Eastern Europe: Romania (1954) no Comitê Judaico Americano (PDF)
  • Oişteanu, Andrei
    • "«Evreul imaginar» versus «Evreul real»" ("«O judeu imaginário» versus «O judeu real»"), in Mythos & Logos, Editura Nemira, Bucareste, 1998, p.175-263
    • "Acuzaţia de omor ritual (O sută de ani de la pogromul de la Chişinău) (2)", in Contrafort, 2(100), fevereiro de 2003
  • Ornea, Z.; Anii treizeci. Extrema dreaptă românească ("Anos trinta. Extrema-direita romena"), Editura Fundaţiei Culturale Române, Bucareste, 1995
  • Panu, George; Amintiri de la "Junimea" din Iaşi ("Memórias da Junimea de Iaşi"), Editura Minerva, Bucareste, 1998
  • Rezachevici, Constantin ; "Evreii din ţările române în evul mediu" ("Judeus nas terras romenas na Idade Média"), in Magazin Istoric: século XVI — setembro de 1995, p. 59-62; séculos XVII e XVIII em diante — outubro de 1995, p. 61-66
  • Veiga, Francisco (1993) Istoria Gărzii de Fier, 1919-1941: Mística ultranaţionalismului ("História da Guarda de Ferro, 1919-1941: A mística do ultranacionalismo"), Bucareste, Humanitas (versão em romeno da edição de 1989 em espanhol, La mística del ultranacionalismo (Historia de la Guardia de Hierro) Rumania, 1919–1941, Bellaterra: Publicacions de la Universitat Autònoma de Barcelona, ISBN 84-7488-497-7)
  • Wexler, Teodor
    • "Dr. Wilhelm Filderman - un avocat pentru cauza naţională a României" ("Dr. Wilhelm Filderman - um advogado pela causa nacional da Romênia"), in Magazin Istoric, setembro de 1996, p. 81-83
    • "Procesul sioniştilor" ("Trial of the Zionists"), in Memoria, julho de 2000 e foi criada pela população babilônica..

Ligações externas

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre História dos judeus na Romênia
  • Comunidade Judaica Romena (em inglês)
  • Jewish Education Network, Educação Judaica na Romênia (em inglês)
  • Romanian Jewish Portal (em romeno)