Integral singular

Em matemática, as integrais singulares são centrais na análise harmônica e estão intimamente relacionadas com o estudo das equações diferenciais parciais. De modo geral, uma integral singular é um operador integral da forma:

T ( f ) ( x ) = K ( x , y ) f ( y ) d y , {\displaystyle T(f)(x)=\int K(x,y)f(y)\,dy,}

cuja função núcleo K : Rn×RnR é singular ao longo da diagonal x = y. Especificamente, a singularidade é tal que |K(x, y)| é assintoticamente de tamanho |xy|n  como |xy| → 0. Uma vez que tais integrais não são em geral absolutamente integráveis, uma definição rigorosa deve defini-las como o limite da integral no domíno restrito a  |yx| > ε quando ε → 0, mas na prática, isso é apenas uma tecnicalidade. Geralmente ainda são necessárias hipóteses para a obtenção de resultados, tais como a sua limitação em Lp(Rn).

A transformada de Hilbert

O arquétipo do operador integral singular é a transformada de Hilbert H. É dada pela convolução com o kernel K(x) = 1/(πx) para x na reta real. Mais precisamente,

H ( f ) ( x ) = 1 π lim ε 0 | x y | > ε 1 x y f ( y ) d y . {\displaystyle H(f)(x)={\frac {1}{\pi }}\lim _{\varepsilon \to 0}\int _{|x-y|>\varepsilon }{\frac {1}{x-y}}f(y)\,dy.}

A mais simples e direta extensão de maior dimensão  são as transformadas de Riesz ,que substitui o núcleo K(x) = 1/x , com

K i ( x ) = x i | x | n + 1 {\displaystyle K_{i}(x)={\frac {x_{i}}{|x|^{n+1}}}}

onde i = 1, ..., n e {\displaystyle } é o i-ésimo componente de x em Rn. Todos esses operadores são limitados em Lp e satisfazem estimativas fracas do tipo (1, 1).[1]

Integrais singulares do tipo convolução

Uma integral singular do tipo convolução é um operador T definido por convolução com um núcleo K que é localmente integrável em Rn\{0}, no sentido de que

T ( f ) ( x ) = lim ε 0 | y x | > ε K ( x y ) f ( y ) d y . {\displaystyle T(f)(x)=\lim _{\varepsilon \to 0}\int _{|y-x|>\varepsilon }K(x-y)f(y)\,dy.}

 

 

 

 

(1)

Suponha que o núcleo satisfaz:

1. A condição de tamanho sobre sua transformada de Fourier de K

K ^ L ( R n ) {\displaystyle {\hat {K}}\in L^{\infty }(\mathbf {R} ^{n})}

2. A condição de suavidade: para algum C > 0,

sup y 0 | x | > 2 | y | | K ( x y ) K ( x ) | d x C . {\displaystyle \sup _{y\neq 0}\int _{|x|>2|y|}|K(x-y)-K(x)|\,dx\leq C.}

Então, pode-se mostrar que T é limitado em Lp(Rn) e satisfaz  estimativa fraca do tipo (1, 1).

Propriedade 1. É necessário garantir que a convolução (1) com o distribuição temperada p.v. K dada pelo valor principal da integral

p . v . K [ ϕ ] = lim ϵ 0 + | x | > ϵ ϕ ( x ) K ( x ) d x {\displaystyle \operatorname {p.v.} \,\,K[\phi ]=\lim _{\epsilon \to 0^{+}}\int _{|x|>\epsilon }\phi (x)K(x)\,dx}

é  multiplicador de Fourier bem definido em L2. Nenhuma das propriedades 1 ou 2 é necessariamente fácil de verificar, mas diversas condições suficientes existem. Normalmente em aplicações, também se tem uma condição de cancelamento:

R 1 < | x | < R 2 K ( x ) d x = 0 ,   R 1 , R 2 > 0 {\displaystyle \int _{R_{1}<|x|<R_{2}}K(x)\,dx=0,\ \forall R_{1},R_{2}>0}

o que é bastante fácil de verificar. Ele é automático, por exemplo, se K é uma função ímpar. Se, além disso, supõe-se a condição 2 e a seguinte condição de tamanho:

sup R > 0 R < | x | < 2 R | K ( x ) | d x C , {\displaystyle \sup _{R>0}\int _{R<|x|<2R}|K(x)|\,dx\leq C,}

então, pode-se mostrar que 1. segue.

A condição de suavidade 2. é também, muitas vezes, de difícil verificação a princípio. A seguinte condição suficiente pode ser usada:

  • K C 1 ( R n { 0 } ) {\displaystyle K\in C^{1}(\mathbf {R} ^{n}\setminus \{0\})}
  • | K ( x ) | C | x | n + 1 {\displaystyle |\nabla K(x)|\leq {\frac {C}{|x|^{n+1}}}}

Observe que estas condições são satisfeitas para a transformada de Hilbert e Riesz transforma, de modo que este resultado é uma extensão dos resultados.[2]

Integrais singulares de tipo não-convolucionais

Esta é uma classe de operadores ainda mais gerais. No entanto, diante destas hipóteses mais fracas, estes operadores nem sempre são limitados em Lp.

Núcleos de Calderón–Zygmund

Uma função K : Rn×RnR é dita ser um núcleo de Calderón–Zygmund  se ela satisfaz as seguintes condições para algumas constantes C > 0 e δ > 0.

( a ) | K ( x , y ) | C | x y | n {\displaystyle (a)\qquad |K(x,y)|\leq {\frac {C}{|x-y|^{n}}}}
( b ) | K ( x , y ) K ( x , y ) | C | x x | δ ( | x y | + | x y | ) n + δ  quando  | x x | 1 2 max ( | x y | , | x y | ) {\displaystyle (b)\qquad |K(x,y)-K(x',y)|\leq {\frac {C|x-x'|^{\delta }}{{\bigl (}|x-y|+|x'-y|{\bigr )}^{n+\delta }}}{\text{ quando }}|x-x'|\leq {\frac {1}{2}}\max {\bigl (}|x-y|,|x'-y|{\bigr )}}
( c ) | K ( x , y ) K ( x , y ) | C | y y | δ ( | x y | + | x y | ) n + δ  quando  | y y | 1 2 max ( | x y | , | x y | ) {\displaystyle (c)\qquad |K(x,y)-K(x,y')|\leq {\frac {C|y-y'|^{\delta }}{{\bigl (}|x-y|+|x-y'|{\bigr )}^{n+\delta }}}{\text{ quando }}|y-y'|\leq {\frac {1}{2}}\max {\bigl (}|x-y'|,|x-y|{\bigr )}}

Integrais singulares não-convolucionais 

T é dito ser um operador integral singular não-convolucional associado ao núcleo de Calderón–Zygmund K se

g ( x ) T ( f ) ( x ) d x = g ( x ) K ( x , y ) f ( y ) d y d x , {\displaystyle \int g(x)T(f)(x)\,dx=\iint g(x)K(x,y)f(y)\,dy\,dx,}

sempre que f e g são suaves e têm suporte disjunto. Tais operadores não precisam ser limitada em Lp

Operadores de Calderón–Zygmund

Uma integral singular não-convolucional T associada a um núcleo de Calderón–Zygmund  K é chamado de operador de Calderón–Zygmund  quando ele é limitado em L2, isto é, existe um C > 0 tal que

T ( f ) L 2 C f L 2 , {\displaystyle \|T(f)\|_{L^{2}}\leq C\|f\|_{L^{2}},}

para todas as funções ƒ suaves de suporte compacto.

Pode-se provar que tais operadores são, na verdade, também limitados em todo Lp com 1 < p < ∞.

A teorema T(b)

A teorema T(b) fornece condições suficientes para um operador integral singular ser um operador de Calderón–Zygmund, isto é, condições para que um operador integral singular associado a um núcleo de Calderón–Zygmund seja limitado em L2. A fim de enunciar o resultado, é preciso primeiro definir alguns termos.

Um função de teste normalizada é uma função suave φ em Rn  cujo suporte está contido uma esfera de raio 1 e centrada na origem tal que |∂α φ(x)| ≤ 1, para todo multi-ī índice |α| ≤ n + 2. Denote por τx(φ)(y) = φ(yx) e φr(x) = rnφ(x/r) para todo x em Rn e r > 0. Um operador é dito fracamente limitado se existe uma constante C tal que

| T ( τ x ( φ r ) ) ( y ) τ x ( ψ r ) ( y ) d y | C r n {\displaystyle \left|\int T{\bigl (}\tau ^{x}(\varphi _{r}){\bigr )}(y)\tau ^{x}(\psi _{r})(y)\,dy\right|\leq Cr^{-n}}

para todas as funções de teste normalizadas  φ e ψ. Uma função é dita ser acretiva se existe uma constante c > 0 tal que Re(b)(x) ≥ c para todo x em I. Denotar por Mb o operador dado pela multiplicação por uma função de b.

A teorema T(b) afirma que um operador integral singular T associado a um núcleo de Calderón–Zygmund  é limitado em L2 se ele satisfaz todas as três condições que se seguem para duas funções acretivas limitadas quaisquer b1 e b2:[3]

(a) é fracamente limitadas;

(b) é função de oscilação média limitada;

(c) é função de oscilação média limitada, onde Tt é a transposta do operador T.

Referências

  1. Stein, Elias (1993). Harmonic Analysis. [S.l.]: Princeton University Press «Harmonic Analysis» 
  2. Grafakos, Loukas (2004), «7», Classical and Modern Fourier Analysis, New Jersey: Pearson Education, Inc. 
  3. «Opérateurs de Calderón–Zygmund, fonctions para-accrétives et interpolation» (em French). 1  !CS1 manut: Língua não reconhecida (link) !CS1 manut: Língua não reconhecida (link)

Bibliografia

Ligações externas