Lei de Wien

Espectro da radiação de corpo negro para diversas temperaturas. A lei de Wien descreve o comportamento do comprimento de onda para o qual a intensidade da radiação é máxima em função da temperatura.

A lei de Wien (ou lei do deslocamento de Wien) é a lei da física que relaciona o comprimento de onda onde se situa a máxima emissão de radiação eletromagnética de corpo negro e sua temperatura:[1]

λ max = b T {\displaystyle \lambda _{\text{max}}={\frac {b}{T}}} .

Nessa expressão, λ max {\displaystyle \lambda _{\text{max}}\,} é o comprimento de onda (em metros) para o qual a intensidade da radiação eletromagnética emitida é máxima, T {\displaystyle T\,} é a temperatura do corpo em kelvins, e b {\displaystyle b\,} é a constante de proporcionalidade, chamada constante de dispersão de Wien, em m.K (metro x Kelvin).

O valor dessa constante é b = 2 , 8977685 × 10 3 {\displaystyle b=2,8977685\times 10^{-3}} m.K

O que resulta em:

λ max = 0 , 0028976 T {\displaystyle \lambda _{\text{max}}={\frac {0,0028976}{T}}}

Conforme a lei de Wien, quanto maior for a temperatura de um corpo negro, menor será o comprimento de onda para o qual a emissão é máxima. Por exemplo, a temperatura da fotosfera solar é de 5 780 K e o pico de emissão se produz a 501,3 nm = ( 5 , 013 10 7 m ) {\displaystyle (5,013\cdot 10^{-7}m)} . Como 1 angstrom 1 Å= 10−10 m=10−4 µm resulta que o máximo ocorre a 5 013 Å.


As propriedades da radiação do corpo podem ser deduzidas através da termodinâmica clássica. Boltzmann, apresentou a derivação teórica a partir da energia total emitida (IT) por cm² e por segundo, sendo função da temperatura (T) de um corpo negro. Representado pela equação de Stefan-Boltzmann: IT = σeT4, onde σ é a constante de Stefan-Boltzmann (1,3804 x 10-23 m2 kg s-2 K-1) e e é a eficiência de uma superfície como emissora de radiação térmica.[1]


Devido as considerações de Boltzmann, pode-se expor que a radiação térmica, como toda radiação eletromagnética, exerce uma pressão proporcional à sua densidade de energia, comportando-se tal qual um gás. Levando em conta o ciclo de Carnot, Boltzmann relacionou o trabalho realizado pela pressão de radiação e sua temperatura. Essa relação permite expressar a radiação como densidade de energia e, consequentemente, em termos de energia total emitida.[1]


Nessa compreensão, a cavidade contendo radiação térmica (radiação de cavidade), qualquer comprimento de onda será modificado em consequência do efeito Doppler. A partir dessas informações, Wilhelm Wien pôde derivar uma forma funcional para a distribuição espectral de radiação do corpo negro (Lei de Wien).[1]

Dedução

Esta lei foi formulada empiricamente por Wilhelm Wien. Entretanto, hoje se deduz da lei de Planck para a radiação de um corpo negro da seguinte maneira:

E ( λ , T ) = C 1 λ 5 ( e C 2 λ T 1 ) = C 1 λ 5 ( e C 2 λ T 1 ) {\displaystyle E(\lambda ,T)={C_{1} \over \lambda ^{5}\cdot (e^{C_{2} \over \lambda \cdot T}-1)}={C_{1}\cdot \lambda ^{-5} \over (e^{C_{2} \over \lambda \cdot T}-1)}}

onde as constantes valem no Sistema Internacional de Unidades:

C 1 = 8 π h c = 4 , 99589 10 24 [ J m ] {\displaystyle C_{1}=8\pi hc=4,99589\cdot 10^{-24}[J\cdot m]}
C 2 = h c k = 1 , 4385 10 2 m K = 1 , 4385 10 4 [ μ m K ] {\displaystyle C_{2}={hc \over k}=1,4385\cdot 10^{-2}{m\cdot K}=1,4385\cdot 10^{4}[\mu m\cdot K]}

Para encontrar o máximo, a derivada da função com respeito a λ {\displaystyle \lambda } tem de ser zero.

( E ( λ , T ) ) λ = 0 {\displaystyle {\partial (E(\lambda ,T)) \over \partial \lambda }=0}

Basta utilizar a regra de derivação do quociente e como se tem que igualar a zero, o numerador da derivada será nulo ou seja:

c 2 λ T = 5 ( 1 e C 2 λ T ) {\displaystyle {\frac {c_{2}}{\lambda \cdot T}}=5\cdot (1-e^{-C_{2} \over \lambda \cdot T})}

Se definimos

x c 2 λ T {\displaystyle x\equiv {c_{2} \over \lambda T}}

então

x 1 e x 5 = 0 {\displaystyle {x \over 1-e^{-x}}-5=0}

Esta equação não pode ser resolvida analiticamente. Utilizando o método de Newton ou da tangente:

x = 4.965114231744276 {\displaystyle x=4.965114231744276\ldots }

Da definição de x resulta que:

λ max T = c 2 x = 1.4385 10 4 4.965114231744276 = 2897 , 6 μ m K {\displaystyle \lambda _{\text{max}}\cdot T={\frac {c_{2}}{x}}={\frac {1.4385\cdot 10^{4}}{4.965114231744276}}=2897,6\mu mK}

Assim que a constante de Wien é 2897 , 6 μ m K {\displaystyle 2897,6\mu m\cdot K} pelo que:

λ max T = 2897 , 6 μ m K {\displaystyle \lambda _{\text{max}}\cdot T=2897,6\mu m\cdot K}

Referências

  1. a b c d EISBERG, Robert; RESNICK, Robert (1979). Física Quântica. Rio de Janeiro: Elsevier. ISBN 85-700-1309-4  !CS1 manut: Nomes múltiplos: lista de autores (link)

Ligações externas

  • «Fórmula empírica de Wien» 


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