Marie Bracquemond

Marie Bracquemond
Marie Bracquemond
Marie Bracquemond, cerca de 1880
Nome completo Marie Anne Caroline Quivoron
Nascimento 1 de dezembro de 1840
Argenton-en-Landunvez, França
Morte 17 de janeiro de 1916 (75 anos)
Paris, França
Nacionalidade França francesa
Área Pintura
Movimento(s) Impressionismo

Marie Bracquemond (nome completo Marie Anne Caroline Quivoron) (Argenton-en-Landunvez, 1º de dezembro de 1840 – Paris, 17 de janeiro de 1916) foi uma pintora impressionista francesa, descrita por Henri Focillon, em 1928, como "uma das grandes damas do impressionismo", junto de Berthe Morisot, Eva Gonzalès e Mary Cassatt.[1] A frequente omissão de seu nome dos livros de história da arte se deve aos esforços de seu marido, Félix Bracquemond, também pintor impressionista. Apesar de respeitar o talento da esposa como artista, ele discordava da forma como Marie utilizava as técnicas impressionistas, em especial as cores.[2][3]

Marie não teve as mesmas oportunidades e a mesma família abastada que suas contemporâneas Cassatt, Morisot e Gonzalès. Ela aprendeu praticamente tudo sozinha e precisou lidar com o preconceito do marido e da sociedade em geral para continuar pintando.[3][4]

Vida pessoal

Nascida em Argenton-en-Landunvez, em 1840, na região da Bretanha.[5] Era fruto de um infeliz casamento arranjado entre seu pai, um capitão da marinha, que morreu logo depois de seu nascimento e de Aline Hyacinthe Marie Pasquiou, que casou-se com Émile Langlois, após enviuvar. A família saiu da Bretanha, mudando-se para vários lugares, até se estabelecerem em Étampes, ao sul de Paris.[6] Marie teve uma irmã, Louise, nascida em 1849, quando a família morava em Ussel.[7]

Marie começou a ter aulas de pintura e desenho ainda adolescente com M. Auguste Vassort, pintor e restaurador de quadros que costumava dar aulas de arte para moças.[6] Seu talento era nato e já em 1857, um de seus quadros foi aceito no Salão de Paris. Por volta dessa época, ela conheceu o pintor Jean Auguste Dominique Ingres, que a orientou e apresentou a dois de seus estudantes, Jean-Hippolyte Flandrin e Émile Signol. Seu professor a preocupava. Assim ela escreveu:

A severidade do senhor Ingres me assusta... porque ele duvida da coragem e perseverança de uma mulher na pintura. Ele nos dá apenas pinturas de flores, de frutas, de natureza morta, retratos e generalidades.[8]

Ela acabou por deixar o estúdio de Ingres e começou a receber encomendas, incluindo uma para a corte, da imperatriz Eugénia de Montijo para uma pintura de Miguel de Cervantes na prisão. Seu trabalho agradou tanto que ela foi levada até o Conde de Nieuwerkerke, diretor-geral dos museus franceses, para fazer cópias para o Museu do Louvre.[4][6]

Família

Enquanto estava ocupada, copiando os grandes mestres para o Louvre, ela foi vista por Félix Bracquemond,[6] que se apaixonou por ela. Seu amigo, o crítico de arte Eugène Montrosier, arranjou uma maneira de apresentá-lo à ela, e desde então o casal era inseparável.[7] Os dois noivaram por dois anos antes de casarem em 1869, apesar da oposição de sua mãe.[6] Em 1870 nasceu seu filho Pierre, o único do casal. Devido à escassez de atendimento médico durante a Guerra Franco-Prussiana, em 1870 e durante a Comuna de Paris, a já fragilizada saúde de Marie se deteriorou depois do nascimento do filho. Muito do que se sabe sobre sua vida vem de uma não-publicada biografia, escrita por seu filho, intitulada, "La Vie de Félix et Marie Bracquemond".[4][6]

Carreira

Marie Bracquemond, auto-retrato

Marie e Félix Bracquemond trabalhavam juntos no estúdio Haviland, em Auteuil, onde seu marido era o diretor. Seus quadros começaram a ser aceitos no Salão de Paris com frequência a partir de 1864.[4][6] Através de seu marido, ela foi apresentada à mídia especializada e a artistas, bem como grandes mestres, como Jean-Baptiste-Siméon Chardin. Os trabalhos do pintor belga Alfred Stevens particularmente a encantaram. Entre 1887 e 1890, sob a influência dos impressionistas, Marie começou a mudar seu estilo.[7] Seus quadros ficaram maiores, as cores se intensificaram e ela passou a pintar ao ar livre, para o desgosto do marido. Monet e Degas passaram a ser seus mentores.[4] Muitos dos seus mais conhecidos quadros foram pintados ao ar livre.[6][7]

Ela participou das exposições impressionistas de 1879, 1880, and 1886. Em 1879 e 1880, seus desenhos foram publicados na revista La Vie Moderne. Em 1881, expôs seus trabalhos na Galeria Dudley, em Londres.[7] Em 1886, Félix conheceu Paul Gauguin através de Alfred Sisley. Gauguin teve uma decisiva influência sobre Marie e, em particular, a ensinou a como preparar as telas a fim de receber tons mais intensos, que era o que ela desejava há muito tempo.[6] Ao contrário de muitos impressionistas contemporâneos, Marie passava muito tempo planejando suas obras. Mesmo aquelas que têm um tom espontâneo teve rascunhos feitos de maneira tradicional e desenhos.[4]

Apesar de viver sob a sombra do conhecido marido, são os trabalhos de Marie que são considerados o mais próximo que existe dos ideais impressionistas. Segundo seu filho Pierre, Félix sentia-se frequentemente magoado com a esposa, rejeitando qualquer crítica dela em seu trabalho, recusando-se a mostrar seus quadros aos amigos e colegas. Em 1890, Marie abandonou a pintura devido às crescentes discussões familiares e o desencorajamento do marido com seu trabalho, trabalhando apenas com obras particulares e privadas. Ela permaneceu uma fervorosa defensora do impressionismo, mesmo não pintando mais.[3][5] Em defesa de seu estilo a um dos muitos ataques de seu marido, ela escreveu:

O Impressionismo produziu ... não apenas um novo, mas um modo muito útil de olhar para as coisas. É como se de repente uma janela se abrisse e o sol e o ar entrasse em sua casa em torrentes.[4]

Morte

Marie Bracquemond faleceu em 17 de janeiro de 1916, em Paris, aos 75 anos.[4][6] Fèlix morreu dois anos antes, em 1914.[5][4][6]

Galeria

  • Under the Lamp, óleo sobre tela, 1877
    Under the Lamp, óleo sobre tela, 1877
  • On the Terrace at Sèvres,, 1880
    On the Terrace at Sèvres,, 1880
  • Woman with an Umbrella,, 1880
    Woman with an Umbrella,, 1880
  • The Artist's Son and Sister in the Garden at Sèvres, óleo sobre tela, 1890
    The Artist's Son and Sister in the Garden at Sèvres, óleo sobre tela, 1890
  • Afternoon Tea, óleo sobre tela, 1880
    Afternoon Tea, óleo sobre tela, 1880
  • Trio's femmes aux paraplus, óleo sobre tela, 1880
    Trio's femmes aux paraplus, óleo sobre tela, 1880
  • Rascunho, cerca de 1879
    Rascunho, cerca de 1879
  • Rascunho, cerca de 1879
    Rascunho, cerca de 1879

Referências

  1. Amanda Coulson (ed.). «Impressionism is Feminine». Frieze.com. Consultado em 23 de abril de 2017 
  2. Jordan Robbins (ed.). «Women Impressionists: Berthe Morisot, Mary Cassatt, Eva Gonzalès, Marie Bracquemond». Fine Arts Museum San Francisco. Consultado em 23 de abril de 2017 
  3. a b c Pfeiffer, Ingrid (2008). Women Impressionists. Berlim: Hatje Cantz. p. 360. ISBN 978-3775720793 
  4. a b c d e f g h i Gaze, Delia (2001). Concise Dictionary of Women Artists. Abingdon, Reino Unido: Routledge. p. 784. ISBN 978-1579583354 
  5. a b c Speiss, Dominique (1992). Encyclopedia of Impressionists: From The Precursors To The Heirs. Paris: Edita. p. 300. ISBN 978-2880012892 
  6. a b c d e f g h i j k Bouillon, Jean-Paul; Kane, Elizabeth (1984), «Marie Bracquemond», Woman's Art, Inc., Woman's Art Journal, 5 (2): 21–27, JSTOR 1357962, doi:10.2307/1357962 
  7. a b c d e Broeckhoven, Diane (2008). Painting in a Man's World: Four Stories about Berthe Morisot, Mary Cassatt, Eva Gonzalès, Marie Bracquemond. Berlim: Hatje Cantz. p. 112. ISBN 978-3775720779 
  8. Myers, Nicole. «Women Artists in Nineteenth-Century France». The Metropolitan Museum of Art. The Metropolitan Museum of Art. Consultado em 23 de abril de 2017 
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