Não-resposta

Em estatística, não-resposta[nota 1] é um conceito associado a toda e qualquer falha na obtenção de respostas (observações) sobre os elementos seleccionados e designados para pertencerem à amostra.

Qualquer estudo feito por Estudo por amostragem está sujeito a vários erros. Os erros provenientes do próprio mecanismo de aleatorização utilizado, ditos erros de amostragem, são os únicos conhecidos à partida e sem remédio possível. Os erros provenientes de não-repostas estão incluídos na categoria dos erros provenientes da não-observação que, obviamente, não dependem directamente do tipo de amostragem.

O principal efeito das não-respostas consiste no enviesamento das estimativas.

Tipos

Existem dois tipos de não-resposta:

  • Não-Resposta Parcial - consiste no caso em que a matriz-amostral está incompleta, porque os campos referentes a algumas das variáveis, para alguns dos elementos da amostra, não estão preenchidos.
  • Não-Resposta Global - consiste na situação em que se está perante uma matriz-amostra de dimensão n r q {\displaystyle n_{r}*q} , onde n r {\displaystyle n_{r}} é o número de elementos da amostra para os quais foi observado pelo menos uma das q variáveis. Existindo assim n n r {\displaystyle n-n_{r}} Não-Respostas Globais.

Causas e prevenções

Entidade ausente

Por entidade ausente entende-se a unidade de amostragem, que pode ser uma ou um conjunto de famílias, empresas ou apenas indivíduos, que não se encontram no local de amostragem. Factores que poderão levar a uma entidade ausente:

  • O momento da entrevista;
  • O local da entrevista;
  • Condições sócio-profissional do respondente.

Entidade não encontrada

Nesta categoria englobam-se todas as entidades que, ao serem contactadas, não se encontram no local de amostragem. Factores que poderão levar a uma entidade não encontrada:

  • Universo de amostragem mal definido;
  • Entidade inacessível.

Recusa a responder

Nesta categoria encontram-se os casos em que um indivíduo ou grupo de entidades se recusa a responder um questionário, ou apenas a um conjunto de questões. Este grupo representa um efeito negativo nas estimativas que persistirá independentemente da quantidade de esforços para reinquirir. Factores que poderão levar a uma recusa a responder:

  • Características sócio-demográficas;
  • Características do entrevistador e da entrevista;
  • Questões sensíveis;
  • Localização temporal e espacial da entrevista;
  • Natureza da sondagem.

Incapacidade para responder

Na categoria de entidades que demonstram incapacidade para responder encontram-se não só entidades com habilitações inadequadas, barreira linguística ou analfabetismo, mas também factores como a doenças físicas ou mentais que impedem o respondente de colaborar durante o período da sondagem.

Questionários perdidos

Na categoria de questionários perdidos inclui-se a informação que foi perdida depois de ter sido realizado o trabalho de campo. Factores que poderão levar a questionários perdidos:

  • Extravio (e.g. pelo correio);
  • Destruição dos questionários;
  • Não chegaram ao respondente;
  • Questionários inutilizáveis devido à baixa qualidade;
  • Falsificação da informação;
  • Inquirição de elementos errados da amostra.

Controlo das não-respostas no planeamento

Tendo-se consciência que, em determinados estudos, a existência de não-respostas é inevitável, o planeamento do estudo é de extrema importância. Dos vários pontos a considerar, destaca-se:

  • Qualificação e supervisão dos inquiridores;
  • Qualidade da entrevista;
  • Garantias de anonimato;
  • Motivar o respondente a cooperar;
  • Iniciar o questionário com questões interessantes e pouco controversas;
  • Pré-marcação das entrevistas.

Bem como através da utilização dos seguintes métodos.

Novas tentativas de entrevista

Os métodos de novas tentativas de entrevista consiste em delinear tentativas deliberadas para obter as respostas. Esta é a forma mais comum e, talvez, a melhor sucedida na redução das taxas de não-respostas.

Destes métodos destaca-se o Método de Bartholomew, que utiliza as novas tentativas de entrevista, sob uma perspectiva determinística, relacionando-o com a subamostragem de não-respostas.

Ver também

Notas

  1. Nota linguística: O Acordo Ortográfico de 1990 regula legalmente a ortografia da língua portuguesa e é omisso quanto à hifenização de compostos formados com o elemento prefixal "não-". Logo, não há proibição e é possível a grafia hifenizada: não-resposta, permitida por normas ortográficas anteriores. A Academia Brasileira de Letras interpretou o acordo em 2009 e propôs a excluir o emprego de hífen nesses casos, mas sem qualquer autoridade legal tal qual o texto do acordo. Por essa proposta, a grafia seria: não resposta. Mais informações em Uso do hífen conforme o Acordo Ortográfico de 1990#"Não" prefixal.

Bibliografia

  • Bartholomew, D. J. (1961), A Method of Allowing for 'Not-at-Home' Bias in Sample Surveys, Applied Statistics, A Journal of the Royal Statistical Society, 10, 52-59.
  • Portal de probabilidade e estatística