Niloufar Bayani

Niloufar Bayani
Nascimento 1986 (38 anos)
Teerã
Cidadania Irã
Alma mater
  • Universidade McGill
Ocupação conservacionista, ambientalista
Prêmios
  • 100 Mulheres (2022)
[edite no Wikidata]

Niloufar Bayani (em persa: نیلوفر بیانی, nascida em 1986, no Irã)[1] é uma pesquisadora e ativista iraniana em biologia da conservação da vida selvagem.[2] Em 2019, ela foi condenada pelas autoridades iranianas por espionagem, em um julgamento a portas fechadas no Irã e recebeu uma sentença de 10 anos de prisão.[3][4] Em 2022, ela foi indicada pela BBC como uma das 100 Mulheres mais inspiradoras do mundo.[5]

Infância e educação

Niloufar Bayani nasceu em 1986 na cidade de Teerã, capital do Irã.[1] Ela completou seu bacharelado em Biologia em 2009 pela Universidade McGill, no Canadá, e também possui um Mestrado em Biologia da Conservação pela Universidade de Columbia, na cidade de Nova Iorque, nos Estados Unidos.[6]

Carreira

Após a formatura, entre 2012 e 2017, Niloufar Bayani trabalhou como consultora e assessora de projetos para o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).[7]

No verão de 2017, ela ingressou na Persian Wildlife Heritage Foundation (PWHF),[8][9] uma organização ambiental iraniana co-fundada por Kavous Seyed-Emami e outros ambientalistas iranianos. A PWHF é uma organização sem fins lucrativos supervisionada por um conselho de curadores e um conselho executivo cujos membros são versados em estratégias de conservação e gestão de recursos naturais. No Irã, Niloufar trabalhou em projetos de vida selvagem, montando armadilhas fotográficas em sete províncias para monitorar o guepardo asiático, espécie criticamente ameaçada de extinção.[10]

Prisão

Niloufar Bayani foi presa em janeiro de 2018 pela Guarda Revolucionária Islâmica, acusada de espionagem.[6][11] Outros detidos e encarcerados da PWHF incluíram Seyed-Emami, Amir Hossein Khaleghi, Abdolreza Kouhpayeh, Hooman Jokar, Morad Tahabaz, Sam Rajabi, Sepideh Kashani e Taher Ghadirian.[12]

Em 2019, Niloufar Bayani escreveu uma carta aberta ao aiatolá Khamenei, descrevendo seu tratamento duro por seus interrogadores. Em 18 de fevereiro de 2020, a BBC Persia publicou cartas que Niloufar Bayani escreveu da prisão de Evin, nas quais ela detalhou as torturas que sofrera. De acordo com um relatório compilado pela BBC, ela foi separada e detida incomunicável por oito meses e seus interrogadores a torturaram e a ameaçaram de agressão sexual.[13] Niloufar Bayani disse que seus interrogadores mostraram a ela uma foto de Seyed-Emami, cujo corpo foi encontrado em sua cela dois dias após sua prisão com oficiais alegando que ele havia cometido suicídio.[6][9]

Em 2020, ela foi condenada sem advogado e apesar de suas reivindicações.[14]

Pressão internacional

Em 14 de março de 2019, o Parlamento Europeu adotou uma resolução na qual condenava as violações iranianas aos direitos humanos, liberdade de expressão, julgamento justo, liberdade de imprensa, liberdade de pensamento e liberdade de religião.[15] Em particular, o documento faz referência ao caso de Niloufar Bayani e outros ambientalistas no ponto 14; exortando as autoridades iranianas a libertarem todos os indivíduos injustamente detidos nas suas prisões por alegadamente terem cometido crimes.[15]

O Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas, em 28 de janeiro de 2020, publicou um Relatório sobre a situação dos direitos humanos no Irã,[16] que expressa a preocupação do Relator Especial quanto à condição de respeito aos direitos humanos fundamentais. Um parágrafo do documento refere-se ao caso dos oito ambientalistas detidos, entre os quais Niloufar Bayani. Ela é acusada de "colaborar com o estado inimigo dos Estados Unidos" e também foi condenada a reembolsar a renda percebida como consultora e assessora de projetos do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), entre 2012 e 2017. O Relator convidou as autoridades iranianas a zelar pelo respeito ao trabalho desenvolvido pela comunidade científica em benefício do país iraniano.[16]

Scholars at Risk (SAR) é uma rede internacional de instituições e indivíduos que promove a liberdade acadêmica e protege os acadêmicos de ameaças à liberdade acadêmica.[17] A SAR tem apoiado Niloufar Bayani ativamente, inclusive enviando cartas a autoridades públicas no Irã, realizando seminários de defesa em universidades e conduzindo atividades online por meio de redes sociais.[18]

Reações iranianas

Após a revelação de Niloufar Bayani sobre o assédio sexual e psicológico dos interrogadores, o Ministério Público de Teerã negou as acusações, alegando que todos os procedimentos do interrogatório foram filmados e vinculou o assunto a acusações e ações planejadas na véspera da eleição. Alegou que o judiciário era sensível à dignidade dos réus, condenados e prisioneiros.[19]

A revelação do comportamento dos interrogadores de inteligência a Niloufar Bayani foi amplamente divulgada nas redes sociais. Em uma declaração no Twitter, o ativista político reformista iraniano Mostafa Tajzadeh pediu a verdade no caso de Niloufar Bayani e a punição dos perpetradores da violência.[20]

Veja também

  • 100 Mulheres (BBC)
  • Mulheres na categoria BBC 100 Mulheres

Referências

  1. a b «Umweltschützerin: Niloufar Bayani». Internationale Gesellschaft für Menschenrechte (IGFM) (em alemão). Consultado em 25 de abril de 2021 
  2. «Iran 'jails wildlife activists' accused of spying», BBC News (em inglês), 20 de novembro de 2019, consultado em 19 de fevereiro de 2020 
  3. Long, Kayleigh E. (20 de novembro de 2019). «Cheetah researchers accused of spying sentenced in Iran, Scientists and conservationists condemned the verdict, warning about the dangers of mixing politics and conservation». National Geographic (em inglês). Consultado em 25 de abril de 2021 [ligação inativa] 
  4. «Iran Sentences Alleged US Spies to Up to 10 Years in Prison», The New York Times, ISSN 0362-4331 (em inglês), 18 de fevereiro de 2020, consultado em 19 de fevereiro de 2020 
  5. «BBC 100 Women 2022: quem está na lista das mulheres mais inspiradoras do mundo deste ano? - BBC News Brasil». News Brasil. Consultado em 22 de fevereiro de 2023 
  6. a b c Armstrong, Jeanne. «McGill grad jailed in Iran being criminalized for environmental work, says friend». CBC/Radio-Canada. Consultado em 19 de fevereiro de 2020 
  7. Environment, U. N. (22 de novembro de 2019). «UN Environment Programme statement on the sentencing of environmentalists in Iran». UN Environment (em inglês). Consultado em 19 de fevereiro de 2020 
  8. Riga, Andy (22 de novembro de 2019). «Iran sentences McGill-trained scientist to 10 years in prison: reports». Montreal Gazette (em inglês). Consultado em 19 de fevereiro de 2020 
  9. a b «1200 Hours of Torture, Sexual Threats and Forced Confessions». IranWire | خانه (em inglês). Consultado em 8 de março de 2020 
  10. Cunningham, Erin; Guarino, Ben. «Environmentalists filmed Iran's vanishing cheetahs. Now they could be executed for spying.». Washington Post (em inglês). Consultado em 19 de fevereiro de 2020 
  11. «Niloufar Bayani, Iran». Scholars at Risk (em inglês). 18 de abril de 2019. Consultado em 19 de fevereiro de 2020 
  12. «Iran: Environmentalists' Unjust Sentences Upheld». Human Rights Watch (em inglês). 19 de fevereiro de 2020. Consultado em 25 de abril de 2021 
  13. «Environmentalist In Iran Prison Exposes Torture, Sexual Threats By Interrogators». Radio Farda. 19 de fevereiro de 2020 [ligação inativa] 
  14. «1200 Hours of Torture, Sexual Threats and Forced Confessions». IranWire | خانه (em inglês). Consultado em 8 de março de 2020 
  15. a b «Texts adopted - Iran, notably the case of human rights defenders - Thursday, 14 March 2019». www.europarl.europa.eu (em inglês). Consultado em 24 de junho de 2020 
  16. a b «Report_of_the_Special_Rapporteur_on_the_situation_of_human_rights_in_the_Islamic_Republic_of_IranA4361.pdf» (PDF). www.ohchr.org. Consultado em 24 de junho de 2020 
  17. «About SAR». www.scholarsatrisk.org. Consultado em 25 de maio de 2020 [ligação inativa] 
  18. «Niloufar Bayani, Iran». Scholars at Risk (em inglês). 18 de abril de 2019. Consultado em 27 de julho de 2020 
  19. Welle (www.dw.com), Deutsche. «دادستانی تهران: بحث شکنجه نیلوفر بیانی عملیات رسانه‌‌‌ای است | DW | 20.02.2020». DW.COM (em persa). Consultado em 24 de junho de 2020 
  20. «Iran to probe torture of jailed environmentalist». Free Malaysia Today. AFP. 20 de fevereiro de 2020. Consultado em 3 de março de 2022 
  • v
  • d
  • e
BBC 100 Mulheres de 2022
← 2021 • 2023 →