Nova Esquerda

Parte de uma série acerca do
Socialismo libertário
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A Nova Esquerda (em inglês: New Left) foi um amplo movimento político principalmente nas décadas de 1960 e 1970. Consistia de ativistas do mundo ocidental que faziam campanha por uma ampla gama de questões sociais, como direitos civis e políticos, feminismo, direitos dos homossexuais, papéis de gênero e reformas nas políticas de drogas.[1] Alguns veem a Nova Esquerda como uma reação de oposição aos movimentos marxistas e sindicais anteriores por justiça social que se concentravam no materialismo dialético e na classe social, enquanto outros que usaram o termo veem o movimento como uma continuação e revitalização dos objetivos esquerdistas tradicionais.[2][3][4]

Alguns[quem?] que se identificaram como "Nova Esquerda"[5] rejeitaram o envolvimento com o movimento operário e a teoria histórica da luta de classes do marxismo,[6] embora outros tenham gravitado em torno de suas próprias formas de marxismo e marxismo-leninismo, como o Novo Movimento Comunista (inspirado no maoismo) nos Estados Unidos ou o K-Gruppen no mundo de língua alemã. Nos Estados Unidos, o movimento foi associado aos movimentos de protesto anti-guerra no campus universitário, incluindo o Movimento pela Liberdade de Expressão.

A Nova Esquerda é um termo utilizado para se referir aos movimentos políticos de esquerda surgidos em vários países a partir da década de 1960.[7] Eles se diferenciam dos movimentos de esquerda anteriores que haviam sido mais orientados para um ativismo trabalhista, e adotam uma definição de ativismo político mais ampla, comumente chamada de ativismo social. Nos Estados Unidos, a Nova Esquerda está associada aos movimentos populares, como o Hippie, os de protesto à Guerra do Vietnã e pelos direitos civis, que visavam acabar com a opressão de classe, gênero, raça e sexualidade. Na Europa, a Nova Esquerda foi um movimento intelectualmente dirigido, que buscava corrigir os erros dos antigos partidos de esquerda no período do pós-guerra. O movimento começou a perder força na década de 1970, quando ativistas ou se engajavam em projetos partidários, desenvolviam organizações de justiça social ou se tornaram inativos no movimento.[8]

O ex-Beatle John Lennon também exerceu grande influência no movimento, chegando a ser investigado pelo FBI por causa de suas ideologias políticas. Através de sua influência, lutou pelo fim da Guerra do Vietnã e também tentou forçar a derrota de Richard Nixon nas eleições de 1972 nos Estados Unidos, tendo em razão disso quase sido deportado.[9][10]

Origem

Herbert Marcuse, associado à Escola de Frankfurt da teoria crítica, é celebrado como o "Pai da Nova Esquerda"[11]

As origens da Nova Esquerda foram atribuídas a vários fatores. Notavelmente, a resposta confusa do Partido Comunista dos EUA e do Partido Comunista da Grã-Bretanha à Revolução Húngara de 1956 levou alguns intelectuais marxistas a desenvolver uma abordagem mais democrática da política, oposta ao que eles viam como a política centralizada e autoritária dos partidos de esquerda do pré-guerra. Aqueles comunistas que ficaram desiludidos com os partidos comunistas devido ao seu caráter autoritário finalmente formaram a "nova esquerda", primeiro entre intelectuais dissidentes do Partido Comunista e grupos universitários no Reino Unido, e mais tarde ao lado do radicalismo universitário nos Estados Unidos e no Bloco Ocidental.[12] O termo nouvelle gauche já era corrente na França na década de 1950. Foi associado ao France Observateur e seu editor Claude Bourdet, que tentou formar uma terceira posição, entre as tendências stalinistas e social-democratas dominantes da esquerda e os dois blocos da Guerra Fria. Foi dessa "nova esquerda" francesa que a "Primeira Nova Esquerda" da Grã-Bretanha tomou emprestado o termo.[13]

O teórico crítico alemão Herbert Marcuse é referido como o "Pai da Nova Esquerda". Ele rejeitou a teoria da luta de classes e a preocupação marxista com o trabalho. De acordo com Leszek Kołakowski, Marcuse argumentou que, uma vez que "todas as questões da existência material foram resolvidas, os comandos e proibições morais não são mais relevantes". Ele considerava a realização da natureza erótica do homem, ou Eros, como a verdadeira libertação da humanidade, que inspirou as utopias de Jerry Rubin e outros.[14] No entanto, Marcuse também acreditava que o conceito de Logos, que envolve a razão de alguém, também absorveria Eros com o tempo.[15] O proeminente pensador da Nova Esquerda, Ernst Bloch, acreditava que o socialismo provaria ser o meio para todos os seres humanos se tornarem imortais e finalmente criarem Deus.[16]

Os escritos do sociólogo Charles Wright Mills, que popularizou o termo 'Nova Esquerda' em uma carta aberta de 1960,[17] também dariam grande inspiração ao movimento. O biógrafo de Mills, Daniel Geary, escreve que seus escritos tiveram um "impacto particularmente significativo nos movimentos sociais da Nova Esquerda dos anos 1960".[18]

Ver também

Referências

  1. Carmines, Edward G.; Layman, Geoffrey C. (1997). «Issue Evolution in Postwar American Politics». In: Shafer, Byron. Present Discontents. NJ: Chatham House Publishers. ISBN 978-1-56643-050-0 
  2. Kaufman, Cynthia (2003). Ideas for Action: Relevant Theory for Radical Change. [S.l.]: South End Press. ISBN 978-0-89608-693-7 – via Google Books 
  3. Gitlin, Todd (2001). «The Left's Lost Universalism». In: Melzer, Arthur M.; Weinberger, Jerry; Zinman, M. Richard. Politics at the Turn of the Century. Lanham, MD: Rowman & Littlefield. pp. 3–26 
  4. Farred, Grant (2000). «Endgame Identity? Mapping the New Left Roots of Identity Politics». New Literary History. 31 (4): 627–48. JSTOR 20057628. doi:10.1353/nlh.2000.0045 
  5. Thompson, Willie (1996). The Left in History: Revolution and Reform in Twentieth-Century Politics. [S.l.]: Pluto Press. ISBN 978-0-74530891-3 
  6. Coker, Jeffrey W. (2002). Confronting American Labor: The New Left Dilemma. [S.l.]: University of Missouri Press 
  7. Breines, Wini (1989). Community and Organization in the New Left, 1962-1968: The Great Refusal (em inglês). [S.l.]: Rutgers University Press. 187 páginas. ISBN 9780813514031 
  8. Rossinow, Doug. The Politics of Authenticity: Liberalism, Christianity, and the New Left in America (Columbia University Press, 1998). ISBN 0-231-11057-X
  9. Patricia, Richard. John Lennon: Original FBI Files: Interesting FBI Paperwork Involving Cases (em inglês). [S.l.]: Richard Patricia 
  10. Mäkelä, Janne (2004). John Lennon Imagined: Cultural History of a Rock Star (em inglês). [S.l.]: Peter Lang. p. 143, 177, 160. 301 páginas. ISBN 9780820467887 
  11. Kellner, Douglas. «Herbert Marcuse». University of Texas 
  12. Kenny, Michael. The First New Left: British Intellectuals After Stalin. Londres: Lawrence & Wishart 
  13. Hall, Stuart (2010). «Life and times of the first New Left». New Left Review. New Left Review. II (61) 
  14. Kołakowski, Leszek (1981). Main Currents Of Marxism. III. [S.l.]: Oxford University Press. p. 416. ISBN 0-19-285109-8 
  15. Marcuse, Herbert (1955). Eros and Civilization. [S.l.]: Beacon Press. pp. 125–126. ISBN 978-1-135-86371-5 – via Google Books 
  16. Kołakowski, Leszek (1981). Main Currents Of Marxism. III. [S.l.]: Oxford University Press. pp. 436–440. ISBN 0-19-285109-8,  quoting Dans Prinzip Hoffnung pp. 1380–1628.
  17. Wright, C. Wright (1960). Letter to the New Left. [S.l.: s.n.] – via Marxists Internet Archive 
  18. Geary, Daniel (2009). Radical Ambition: C. Wright Mills, the Left, and American Social Thought. [S.l.]: University of California Press. p. 1. ISBN 9780520943445 – via Google Books 
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Eixo esquerda–direita
Variações e derivações
Teorias e modelos

Ligações externas

  • The New Left (em inglês)
  • Novack, George; writing as "William F. Warde" (1961). «Who Will Change The World? The New left and the Views of C. Wright Mills». USFI. International Socialist Review. 22 (3). Consultado em 27 de dezembro de 2018  (em inglês)
  • Andre Gorz-y Nova Esquerda (em português)