Ponchos Rojos

Ponchos Rojos ou Ponchos Vermelhos são uma milícia[1] constituída principalmente por reservistas aimarás do exército boliviano na região andina de Omasuyos. Suas ações lembram sua cultura original e usam formas organizacionais ayllu com uma estrutura comunitária, uma prática usada nas sociedades aimará e quíchua.

Os Ponchos Rojos são formados como um grupo indígena boliviano radical que apóia as propostas políticas de Evo Morales e sua materialização na Constituição da Bolívia de 2009. Originários da região andina de Omasuyos, reivindicam a valorização e conservação da cultura original, a reconstrução das formas organizacionais ancestrais dos aillu e defesa de sua cosmovisão.[2]

A data de sua origem é incerta, mas sua existência tornou-se conhecida quando combateu de forma irregular em 2003 o governo de Gonzalo Sánchez de Lozada, no contexto do conflito conhecido como Guerra do Gás.[3]

Em janeiro de 2006, no início de seu governo, Evo Morales realizou um evento em Tiahuanaco, acompanhado por um grande grupo de Ponchos Rojos, que o reconheceram como Jacha Mallku (Gran Cóndor).[4] O presidente eleito expressou sua gratidão:

[...] uma saudação revolucionária especial aos Ponchos Rojos, aos irmãos jilakatas, aos mallkus, aos jiliri mallkus, aos mamatallas, muito obrigado às autoridades nativas por realizarem esse ato tão original conosco, que me convidam a comprometer-se a governar bem.[5]

O grupo anunciou em 2007 que defenderia a integridade territorial da Bolívia contra a ameaça de separatismo promovido pelos líderes do oriente boliviano.[6] Em 23 de novembro de 2007, em um evento público, os Ponchos Rojos degolaram dois cães como um sinal de ameaça para os separatistas.[7]

Os Ponchos Rojos apoiaram Evo Morales quando este tentou reformar a Constituição da Bolívia, a fim de torná-la um estado multicultural. Em 2013, protestaram contra a proibição do voo de Morales pelo governo francês. Em 2016, quando o governo Morales inquiriu por referendo se uma nova campanha presidencial seria constitucional ou não, os Ponchos Rojos defenderam firmemente que Morales deveria concorrer à presidência novamente.[8]

Os Ponchos Rojos tiveram uma participação importante durante a crise política boliviana de 2019 e após a renúncia forçada de Evo Morales, ao deixarem a cidade de El Alto em protesto no dia 11 de novembro e marcharem para La Paz reivindicando que uma guerra civil que ocorresse.[9][10][11]

Referências

  1. «Milícia aimará da Bolívia arma-se por Constituinte». Estadão. 23 de nov. de 2007 
  2. «Ponchos Rojos de Achacachi». Noticias e Información de Achacachi. Cópia arquivada em 25 de junho de 2012 
  3. Muruchi Poma (2008). Ponchos Rojos. Bolivia: Plural. p. 53. ISBN 9789995411794 
  4. Mabel Azcui (22 de janeiro de 2006). «Evo Morales proclama en Bolivia la era de los pueblos indígenas». El País. Espanha 
  5. «Los discursos de Evo». Página/12. 21 de janeiro de 2006 
  6. Max Seitz (24 de janeiro de 2009). «Ponchos Rojos, ¿milicia indígena?». BBC Mundo 
  7. «Ponchos rojos matan perros para amenazar» (em espanhol). Consultado em 23 de abril de 2009. Cópia arquivada em 10 de abril de 2009 
  8. «Los Ponchos Rojos, la fiel y temible milicia aymara de Evo Morales que aún pelea contra la conquista española». www.clarin.com 
  9. «Manifestacion de Ponchos Rojos piden guerra civil en Bolivia». prensa-latina.cu 
  10. «Se desatan violentas manifestaciones tras la renuncia de Evo Morales en Bolivia». Peru21. 11 de novembro de 2019 
  11. «Bolivia: los "Ponchos Rojos" llegan a La Paz con el grito de guerra civil». aporrea. 13 de novembro de 2019 
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