Prognatismo mandibular

O prognatismo mandibular, mandíbula de Habsburgo, mandíbula de Áustria, maxilar de Habsburgo, maxilar de Áustria, lábio de Habsburgo ou lábio de Áustria é uma desordem genética desfigurativa, que se caracteriza pela existência de uma mandíbula inferior extremamente pronunciada, deixando como tal o lábio inferior significativamente afastado do superior (e por conseguinte, o lábio respectivo).

Costuma-se referir a esta condição, em termos informais, como mandíbula de Habsburgo, mandíbula de Áustria, maxilar de Habsburgo, maxilar de Áustria, lábio de Habsburgo ou lábio de Áustria, devido à prevalência desta manifestação nessa família real europeia, através da endogamia, isto é, dos casamentos interconsanguíneos realizados. Através das pinturas dos vários soberanos dessa casa, é facilmente visível essa deformidade, cada vez mais pronunciada à medida que se avança no tempo, e que alcança o seu extremo, por exemplo, com os imperadores alemães Fernando II, Fernando III e Leopoldo I, ou com o rei de Espanha Carlos II. Mesmo Pedro II do Brasil, descendente direto dos Habsburgo por parte materna e indireto por parte paterna, apresentava uma variação mais branda dessa deformidade, como se nota em seus retratos de juventude (o que talvez explicasse o uso da barba longa desde cedo). Estas pinturas têm fornecido imensas ferramentas aos estudiosos da genética, pois demonstram bem a capacidade de transmissão extrema de uma patologia.

Julga-se que este mal tenha derivado de uma princesa polaca da família dos Piastos, Cimburga de Masóvia. Contudo, a mais antiga observação deste mal num Habsburgo data do imperador Maximiliano I de Habsburgo, que governou entre 1459 e 1519

Doenças como esta (a par de certas formas de melancolia e loucura) foram relativamente comuns em várias casas reais, passando de geração em geração geralmente devido a exageradas relações endogâmicas, isto é, de consanguinidade muito próxima. Muitas vezes por motivos políticos, os casamentos dinásticos dos Habsburgos eram arranjados entre primos muito próximos, ou tios e sobrinhos - donde resultou esta condição, quase sem paralelo noutra casa europeia, pois os Habsburgos eram a casa com mais casamentos interconsanguíneos ao longo dos séculos XVI e XVII; a partir do século XVIII, tornou-se gradualmente menos evidente.

Esta situação foi tão longe no caso dos Habsburgos espanhóis que Carlos II de Espanha foi o único filho de Filipe IV a chegar à idade adulta, mesmo assim com grande número de mazelas físicas e mentais, com o mais pronunciado de todos os lábios de Habsburgo e, aparentemente devido a essa doença degenerativa, acabou também estéril, não gerando filhos e, como tal, ditando o fim do domínio dos Habsburgos na Espanha, sendo substituídos pelos Bourbon.

Membros da Realeza dos Habsburgos que sofreram desta degenerescência

Galeria de retratos dos vários Habsburgos que sofreram de prognatismo mandibular acentuado, por isso mesmo chamado de mandíbula de Habsburgo

  • Maximiliano I da Alemanha. Pintura de Albrecht Dürer
    Maximiliano I da Alemanha. Pintura de Albrecht Dürer
  • Maximiliano I (à esquerda) com a sua família; ao seu lado, o filho Filipe I de Espanha; o jovem de sexo masculino em primeiro plano é o futuro Carlos V; nos três, é visível a anormal protuberância maxilar que caracterizaria a família.
    Maximiliano I (à esquerda) com a sua família; ao seu lado, o filho Filipe I de Espanha; o jovem de sexo masculino em primeiro plano é o futuro Carlos V; nos três, é visível a anormal protuberância maxilar que caracterizaria a família.
  • Carlos de Habsburgo, o imperador Carlos V da Alemanha e rei Carlos I da Espanha, ainda jovem
    Carlos de Habsburgo, o imperador Carlos V da Alemanha e rei Carlos I da Espanha, ainda jovem
  • Carlos V. Pintura de Rubens, cópia de um quadro de Ticiano
    Carlos V. Pintura de Rubens, cópia de um quadro de Ticiano
  • Fernando I de Habsburgo, imperador da Alemanha, irmão de Carlos V
    Fernando I de Habsburgo, imperador da Alemanha, irmão de Carlos V
  • Rudolfo II de Habsburgo, imperador da Alemanha; era neto de Fernando I; a sua mãe era uma filha de Carlos V
    Rudolfo II de Habsburgo, imperador da Alemanha; era neto de Fernando I; a sua mãe era uma filha de Carlos V
  • Fernando II de Habsburgo, imperador da Alemanha; era também neto de Fernando I
    Fernando II de Habsburgo, imperador da Alemanha; era também neto de Fernando I
  • Fernando III de Habsburgo, imperador da Alemanha; filho de Fernando II
    Fernando III de Habsburgo, imperador da Alemanha; filho de Fernando II
  • Leopoldo I de Habsburgo, imperador da Alemanha; era filho de Fernando III e de Mariana de Espanha, uma filha de Filipe III, e portanto sua prima afastada
    Leopoldo I de Habsburgo, imperador da Alemanha; era filho de Fernando III e de Mariana de Espanha, uma filha de Filipe III, e portanto sua prima afastada
  • José I de Habsburgo, imperador da Alemanha; era filho de Leopoldo I
    José I de Habsburgo, imperador da Alemanha; era filho de Leopoldo I
  • Carlos VI de Habsburgo, imperador da Alemanha; era o segundo filho de Leopoldo I; quando lhe sucedeu a sua filha Maria Teresa, casada com o Duque da Lorena e Grão Duque da Toscânia, Francisco I, cessou a varonia dos Habsburgos, originando-se uma nova casa, a de Habsburgo-Lorena; o filho de ambos, José I de Habsburgo, bem como os seus descentes, já não demonstram o prognatismo do maxiliar tão acentuado
    Carlos VI de Habsburgo, imperador da Alemanha; era o segundo filho de Leopoldo I; quando lhe sucedeu a sua filha Maria Teresa, casada com o Duque da Lorena e Grão Duque da Toscânia, Francisco I, cessou a varonia dos Habsburgos, originando-se uma nova casa, a de Habsburgo-Lorena; o filho de ambos, José I de Habsburgo, bem como os seus descentes, já não demonstram o prognatismo do maxiliar tão acentuado
  • Filipe II de Espanha e I de Portugal. Pintura de Ticiano.
    Filipe II de Espanha e I de Portugal. Pintura de Ticiano.
  • Filipe II de Espanha e I de Portugal
    Filipe II de Espanha e I de Portugal
  • O Infante Don Carlos, filho de Filipe II. Pintura de Velázquez
    O Infante Don Carlos, filho de Filipe II. Pintura de Velázquez
  • Filipe III de Espanha e II de Portugal
    Filipe III de Espanha e II de Portugal
  • Filipe IV de Espanha e III de Portugal. Pintura de Velázquez
    Filipe IV de Espanha e III de Portugal. Pintura de Velázquez
  • Filipe IV de Espanha e III de Portugal. Pintura de Velázquez, c. 1628
    Filipe IV de Espanha e III de Portugal. Pintura de Velázquez, c. 1628
  • Filipe IV de Espanha e III de Portugal. Pintura de Velázquez, c. 1631-1632
    Filipe IV de Espanha e III de Portugal. Pintura de Velázquez, c. 1631-1632
  • Filipe IV de Espanha e III de Portugal. Pintura de Velázquez, 1632-1633
    Filipe IV de Espanha e III de Portugal. Pintura de Velázquez, 1632-1633
  • Filipe IV de Espanha e III de Portugal. Pintura de Velázquez, c. 1634-1635
    Filipe IV de Espanha e III de Portugal. Pintura de Velázquez, c. 1634-1635
  • Filipe IV de Espanha e III de Portugal. Pintura de Velázquez, 1652-1655
    Filipe IV de Espanha e III de Portugal. Pintura de Velázquez, 1652-1655
  • Filipe IV de Espanha e III de Portugal no fim da vida; o prognatismo do maxilar inferior é cada vez mais notório.
    Filipe IV de Espanha e III de Portugal no fim da vida; o prognatismo do maxilar inferior é cada vez mais notório.
  • Carlos II de Espanha enquanto jovem. É notória já a sua feição desfigurada, com o célebre maxilar de Habsburgo
    Carlos II de Espanha enquanto jovem. É notória já a sua feição desfigurada, com o célebre maxilar de Habsburgo
  • Carlos II de Espanha.
    Carlos II de Espanha.
  • Carlos II de Espanha já rei. Com o avançar dos anos, acentuou-se o prognatismo mandibular que caracterizou a sua família devido aos casamentos consanguíneos, e que entre outros efeitos adversos haveria de ditar a sua morte sem descendentes, por causar também, entre outras afecções, impotência. Consigo, chegou, ao fim, a dinastia dos Habsburgos na Espanha, sendo substituídos pelos Bourbons.
    Carlos II de Espanha já rei. Com o avançar dos anos, acentuou-se o prognatismo mandibular que caracterizou a sua família devido aos casamentos consanguíneos, e que entre outros efeitos adversos haveria de ditar a sua morte sem descendentes, por causar também, entre outras afecções, impotência. Consigo, chegou, ao fim, a dinastia dos Habsburgos na Espanha, sendo substituídos pelos Bourbons.
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