Quelite angular

Candida Albincans - Agente etiológico da Quelite angular

Quelite angular ou queilite angular, popularmente chamada de boqueira, é a inflamação de uma ou ambas comissuras (ângulos) da boca.[1][2] Provoca nas extremidades da boca ressecamento, rachaduras e lesões avermelhadas.[3] Pode também estar acompanhada de dor e coceira.[3] Esta condição pode perdurar desde apenas alguns dias até anos.[3] É um tipo de queilite (inflamação dos lábios)[4] e representa a segunda principal causa de infecção dos lábios.

Pode ser causada por infecção, irritação ou alergias.[3] A queilite angular frequentemente representa uma infecção de fungos como Candida albicans ou bactérias como Staphylococcus aureus,[3] tendo vários factores locais e sistémicos predisponentes envolvidos na aparição e persistência da lesão. As irritações incluem o uso de próteses dentárias mal encaixadas ou desgastadas (perda de dimensão vertical), hábito de lamber os lábios, sialorréia (babar-se), xerostomia (boca seca), exposição ao sol, manter a boca fechada por longos períodos de tempo, fumar e lesões menores.[3] As alergias podem estar associadas a substâncias como a pasta dos dentes, maquilhagem ou à alimentação.[3] Geralmente compreende uma série de factores. Outros aspectos podem estar relacionados com deficiências nutricionais e imunossupressão (HIV, tratamentos médicos). O diagnóstico pode ser auxiliado através de exames para infecções e testes de adesivo para as alergias.[3]

O tratamento da quelite angular é normalmente baseado em causas subjacentes juntamente com o uso dum creme barreira.[3] É possível que sejam experimentados cremes antifúngicos e antibacterianos.[3] A quelite angular é um problema bastante comum,[3] e estima-se que afecte 0,7% da população.[5] Ocorre com mais frequência entre os 30 e os 60 anos de idade, apesar de ser também relativamente comum em crianças.[3] No mundo em desenvolvimento, o défice de ferro e vitaminas são causa comum.[2]

Sinais e sintomas

Queilite angular é um termo relativamente inespecífico que descreve a presença de uma lesão inflamatória nos ângulos da boca. As lesões costumam ser simétricas, mas podem aparecer em um só lado. Em alguns casos estão confinadas apenas à muscosa labial e em outros podem afetar pele adjacente aos lábios. Inicialmente há um engrossamento branco-acinzentado e eritema. Posteriormente, a aparência da lesão é triangular, com eritema, edema e fissura dos cantos da boca. Pode haver ulceração, crostas e atrofia, mas geralmente não sangra. Raramente a lesão se estende até o queixo ou bochechas. Se há infecção por Staphilococcus aureus a lesão pode presentar crostas amarelo-douradas. Na queilite angular crônica pode haver supuração, descamação e formação de tecido de granulação.

Em alguns casos se evidenciam as causas predisponentes, como perda de altura da face inferior por próteses inadequada (colapso mandibular), glossite (deficiência nutricional), mucosa eritematosa abaixo das próteses dentárias.

O paciente pode referir dor, prurito ou queimação local.

Causas

A queilite angular costuma ser um transtorno multifatorial de origem infecciosa, com vários fatores locais e sistêmicos. As feridas costumam infectar-se com fungos e em alguns casos bactérias. Isso pode representar uma infecção oportunista ou secundária a deficiência nutricional (especialmente de vitamina B e ferro), o que, por sua vez, pode indicar um transtorno de má nutrição ou mal absorção. Também pode ser uma manifestação de dermatite de contato, que pode ser irritativa ou alérgica.

Infecção

Os organismos infecciosos envolvidos são:

  • Candida spp. (geralmente a candida albicans), que causa 20% dos casos.
  • Bacterias: Staphilococcus aureus (20% dos casos); Streptococcus Beta Hemolitico (8~15%)
  • Polimicrobiana (60% dos casos envolvendo Candida albicans e S. aureus)

As vezes, a herpes labial pode manifestar-se no canto da boca (herpes simplex angular), e neste caso o tratamento consiste de antivirais tópicos, como o aciclovir.

Tratamento

O medicamento mais utilizado para tratamento é o uso de cremes a base de triancinolona, aplicado sobre a lesão a cada 6 horas, por no mínimo 14 dias mas este medicamento não deve ser usado quando há infecção porque agrava as lesões.

Ver também

Referências

  • NEVILLE, B.W. et al. Patologia Oral & Maxilofacial. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan S.A., 1998
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Patologia bucal (K00-K14)
Anormalidades dentárias
Anodontia/Hipodontia - Hiperdontia - anomalias do tamanho e da forma dos dentes (Concrescência, Fusão, Geminação, Dente evaginado, Dente invaginado, Pérola de esmalte, Macrodontia, Microdontia, Taurodontismo) - distúrbios na formação (Dilaceração, Odontodisplasia regional, Dente hipoplásico de Turner) - outros distúrbios hereditários na estrutura dentária (Amelogênese imperfeita, Dentinogênese imperfeita, Displasia dentinária)
Condições relativas
ao órgão dentário e anexos
Atrição - Abrasão - Anquilose - Cárie dentária - Dentículos - Erosão - Reabsorção externa - Fluorose dentária - Impactação - Reabsorção interna - Úlcera
Doenças periodontais
Gengivite - Gengivite ulcerativa necrosante - Gengivite Plasmocitária - Gengivite Granulomatosa - Gengivite descamativa - Fibromatose gengival - Periodontite - Periodontite Crônica - Periodontite Ulcerativa Necrosante - Abscesso Periodontal - Pericoronarite - Periodontite Agressiva - Síndrome de Papillon-Lefevre
Doenças da polpa e periápice
Pulpite - Granuloma Periapical - Cisto Periapical - Abscesso Periapical - Osteíte Condensante - Osteíte alveolar
Cistos odontogênicos
Cisto Dentígero - Cisto de erupção - Ceratocisto odontogênico - Cisto Odontogênico Ortoceratinizado - Cisto Gengival do Adulto - Cisto Odontogênico Glandular
Tumores odontogênicos
Tumor de epitélio odontogênico Ameloblastoma - Ameloblastoma Maligno - Tumor odontogênico adenomatoide - Tumor Odontogênico Epitelial Calcificante - Tumor Odontogênico Escamoso - Tumores de odontogênicos mistos Fibroma Ameloblástico - Fibro-odontoma Ameloblástico - Odontoameloblastoma - Odontoma - Tumores de ectomesênquima odontogênico Fibroma Odontogênico Central - Fibroma Odontogênico Periférico - Mixoma Odontogênico - Cementoblastoma
Anomalias maxilomandibulares
Glândulas salivares
Sialorreia - Xerostomia - Rânula - Mucocele - Lesão linfoepitelial benigna - Sialometaplasia necrosante - Sialodenite - Sialolitíase - Aplasia de glândula salivar - Cisto do Ducto Salivar - Queilite glândular - Síndrome de Sjögren - Sialadenose - Hiperplasia adenomatoide das glândulas salivares menores - Tumores de glândulas salivares - Tumores benígnos: Adenoma pleomórfico - Oncocitoma - Oncocitose - Tumor de Warthin - Adenoma Monomórfico - Adenoma Canalicular - Adenoma de Células Basais - Adenocarcinoma de Células Acinares - Tumores de glândulas salivares malignos mistos Carcinoma adenoide cístico - Adenocarcinoma Polimorfo de Baixo Grau
Lábios e mucosa oral
Língua
Disfunções temporomandibulares
Disfunção temporomandibular - Anquilose da articulação temporomandibular
Anexo
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  1. Scully, Crispian (2008). Oral and maxillofacial medicine : the basis of diagnosis and treatment 2nd ed. Edinburgh: Churchill Livingstone. pp. 147–49. ISBN 9780443068188 
  2. a b Park, KK; Brodell RT; Helms SE. (Julho de 2011). «Angular cheilitis, part 2: nutritional, systemic, and drug-related causes and treatment» (PDF). Cutis. 88 (1): 27–32. PMID 21877503. Arquivado do original (PDF) em 19 de abril de 2014 
  3. a b c d e f g h i j k l Park, KK; Brodell, RT; Helms, SE (Junho de 2011). «Angular cheilitis, part 1: local etiologies». Cutis. 87 (6): 289–95. PMID 21838086 
  4. Martin, Elizabeth (2015). Concise Medical Dictionary (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press. p. 136. ISBN 9780199687817. Cópia arquivada em 16 de agosto de 2016 
  5. Lyons, Faye (2014). Dermatology for the Advanced Practice Nurse (em inglês). [S.l.]: Springer Publishing Company. p. 95. ISBN 9780826136442. Cópia arquivada em 16 de agosto de 2016