Ano Polar Internacional

A Aurora boreal - um dos fenômenos que motivaram as pesquisas.

O Ano Polar Internacional (em inglês International Polar Year, com sigla IPY) é um evento internacional e colaborativo tendo como tema central as Regiões Polares. Karl Weyprecht, um oficial naval austro-húngaro, foi o idealizador do evento, embora tenha falecido antes de sua primeira realização, em 1882-1883. Cinquenta anos depois (1932-1933) um segundo IPY aconteceu. O Ano Internacional da Geofísica, primeiro evento colaborativo da ONU foi inspirado pelo IPY, e aconteceu 75 anos após o primeiro (1957).

O Ano Polar Internacional ocorre em 2007–2009. Está sendo patrocinado pelo Conselho Internacional para a Ciência (ICSU) e foi antecipado para 2007 pela Organização Meteorológica Mundial (WMO). A cadeira do Grupo de Planejamento Internacional, estabelecida dentro da ICSU para este evento é presidida pelo Prof. Chris Rapley[1] e pela Dra. Robin Bell. O diretor do escritório do Programa Internacional IPY é o dr. David Carlson.[2]

Motivação

As áreas polares têm fenômenos únicos. Os sistemas de circulação do ar e correntes marítimas tanto profundas como superficiais, são maiores do que em outras regiões magnéticas da Terra. Grandes geleiras capturaram amostras da atmosfera e conservou-lhes as características, desde tempos remotos. Estes fenômenos são somente observáveis - ou melhor apreendidos - próximo aos pólos.

Como empecilho maior tem-se que os custos para a pesquisa nestas regiões são altos, por sua distância, frio e condição desértica; neles a infra-estrutura é escassa, o terreno é acidentado, com fendas e blocos de gelo. Um programa cooperativo internacional rateia os custos, além de possibilitar a coordenação das observações científicas. O IPY é o primeiro e maior exemplo de um tal programa cooperativo entre nações.

História

Bloco postal búlgaro comemorativo ao Ano Polar Internacional.

O Primeiro Ano Polar Internacional[3] foi proposto por Georg Neumayer e influenciou o oficial Karl Weiprecht. Eles debateram sobre um esforço científico coordenado, com observadores a fazer medidas geofísicas em vários locais, durante o mesmo ano. Isto permitiria mais visões dos mesmos fenômenos, enquanto possibilitaria uma valiosa interpretração dos dados coletados, e com um custo total ligeiramente superior que de uma expedição.

Foram necessários sete anos para organizar o esforço colaborativo. Houve 12 expedições ao Ártico e três para a Antártida. Doze nações participaram: o Império Austro-húngaro, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, os Países Baixos, Noruega, Rússia, Suécia, o Reino Unido, Canadá e os Estados Unidos.

Uma tragédia marcou este primeiro evento científico: 17 dos 24 americanos envolvidos na expedição ao Ártico de 1882-83, acabaram morrendo de fome e frio. Um navio com provisões perdeu-se, levando ao desastre em que os corpos dos que morriam foram sendo consumidos pelos sobreviventes.[4]

Os países acima mencionados operaram 14 estações meteorológicas ao redor do Pólo Norte. As observações incluíam meteorologia, geomagnetismo, fenômenos da aurora boreal, correntes oceânicas, estrutura e movimento do gelo e eletricidade atmosférica. Mais de 40 observatórios meteorológicos ao redor do mundo ampliavam a base de dados, no mesmo período. Esta intensa coleta de dados sobre os pólos permite, hoje, uma comparação e compreensão da variabilidade climática na história e mudanças ambientais no Ártico.[5]

Segundo Ano Polar

Logo após a Primeira Guerra Mundial um comportamento misterioso e defeituoso foi observado no telégrafo, em rádios, na energia elétrica e linhas telefônicas começaram a persuadir os engenheiros e cientistas de que a geofísica eletrônica terrestre precisava de mais estudos. O avião, navios a motor e transportes terrestres, bem como a existência de novos instrumentos, tornavam a proposta mais interessante.

Em 1927 uma proposta surgiu no Comitê Meteorológico Internacional. Em 1928 o Comitê submeteu um relatório detalhado a uma conferência internacional de diretores de serviços meteorológicos em Copenhague. Parte de uma das resoluções ali tomadas dizia:

…magnetismo, aurora boreal e observações meteorológicas em uma rede de estações no Ártico e Antártica avançariam o conhecimento materialmente presente e a compreensão [destes fenômenos] não só dentro da regiões polares, mas em geral… aumentará o conhecimento e será de aplicação prática na solução de problemas relativos ao magnetismo terrestre, à marinha e navegação aérea, telegrafia sem fios e previsão do tempo.

A Conferência sugeriu que fosse observada a data de 1932–1933, o quinquagésimo aniversário do Primeiro Ano Polar Internacional.

O Segundo Ano Polar (1932–33) programou o estudo de todas as observações nos Pólos que pudessem melhorar a previsão do tempo, transporte aéreo, marítimo e terrestre. Quarenta e quatro nações participaram, e uma vasta quantia de dados foi coletada. Um centro de dados mundial foi criado, sob a direção da organização que posteriormente veio a chamar-se Organização Meteorológica Internacional.

Na análise final, as privações que os pesquisadores sofreram, em estas duas primitivas expedições, foram bastante extremas: calcula-se que os cientistas gastavam menos de 10 por cento do seu tempo com a ciência - todo o resto era dedicado à própria sobrevivência.

O Ano Geofísico

Ver artigo principal: Ano Internacional da Geofísica

Na década de 1950, quando já se tinha à disposição uma nova instrumentação, especialmente foguetes e sismógrafos, inspiraram ao cientista norte-americano Lloyd Berkner a propor um terceiro Ano Polar. O Conselho Internacional para a Ciência alargou a proposta de estudo dos Pólos para a geofísica, renomeando o evento para Ano Internacional da Geofísica. Mais de 70 organizações científicas nacionais participaram do Ano Internacional, em esforço cooperativo. Ocorreu no período de julho de 1957 a dezembro de 1958.

Ver também

Notas

  1. «(Em inglês)» 
  2. «- (Em inglês)» 
  3. «Primeiro Ano Polar (Em inglês)» 
  4. «Canada helps kick off Polar Year». The Toronto Star. 2 de março de 2007. Consultado em 2 de março de 2007 
  5. «(Em inglês), traz dados da 1ª expedição.» 

Ligações externas

  • «International Polar Year site»  (Em inglês)
  • v
  • d
  • e
Norte
Longínquo
&
Polo norte
Islândia &
Groenlândia
Passagem
do Noroeste
&
Norte do Canadá
Cabot • G. Corte-Real • M. Corte-Real • Frobisher • Gilbert • Davis • Hudson • Discovery: Bylot, Baffin • Munk • I. Fedorov, Gvozdev • HMS Resolution: J. Cook, HMS Discovery: Clerke • Mackenzie • Kotzebue • J. Ross • HMS Griper: Parry, HMS Hecla: Lyon, HMS Fury: Hoppner • Crozier • J. C. Ross • Expedição à Mina de Cobre • Franklin • Back • Dease • Simpson • HMS Blossom: Beechey • Expedição perdida de Franklin: HMS Erebus, HMS Terror  • Collinson • Expedição Rae–Richardson: Rae, J. Richardson • Austin • Expedição McClure: HMS Investigator, McClure, HMS Resolute, Kellett • Belcher • Kennedy • Bellot • Isabel: Inglefield • 2.ª Expedição Grinnell: USS Advance, Kane • Fox: McClintock • HMS Pandora: Young • Fram: Sverdrup • Gjøa: Amundsen • Rasmussen • St. Roch: H. Larsen • Cowper
Passagem
do Nordeste
&
Ártico
Russo
Pomors • Kochi • Willoughby, Chancellor • Barentsz • Mangazeya • Hudson • Poole • Cossacos siberianos • Perfilyev • Stadukhin • Dezhnev, Popov • Ivanov • Vagin, Permyakov • Grande Expedição do Norte: Bering, Chirikov, Malygin, Ovtsyn, Minin, V. Pronchishchev, M. Pronchishcheva, Chelyuskin, Kh. Laptev, D. Laptev • Chichagov • Lyakhov • Billings • Sannikov • Gedenschtrom • Wrangel, Matyushkin • Anjou • Litke, Lavrov • Pakhtusov, Tsivolko • Middendorff • Expedição austro-húngara: Weyprecht, Payer • Vega: A.F. Nordenskiöld, Palander • USS Jeannette: DeLong • Quebra-gelo • Yermak: Makarov • Zarya: Toll, Kolomeitsev, Matisen, Kolchak • Sedov • Rusanov, Kuchin • Expedição Brusilov: Sv. Anna, Brusilov, Albanov, Konrad • Wiese • Nagórski • Taymyr, Vaygach: Vilkitsky • Maud: Amundsen • AARI: Samoylovich • Begichev • Urvantsev • Sadko: Ushakov • Glavsevmorput: Schmidt • Aviaarktika: Shevelev • Sibiryakov: Voronin • Chelyuskin • Krasin • Gakkel • Quebra-gelo nuclear: NS Lenin, classe Arktika
Oceano
Antártico
Roché • Bouvet • Kerguelen • HMS Resolution: J. Cook, HMS Adventure: Furneaux • Smith • San Telmo • Bellingshausen, Lazarev • Bransfield • Palmer • Davis • Weddell • Morrell • Astrolabe: Dumont d'Urville • Expedição de Exploração dos Estados Unidos: USS Vincennes, Wilkes, USS Porpoise: Ringgold • HMS Erebus: J. C. Ross, HMS Terror: Crozier • Cooper • Expedição Challenger: HMS Challenger, Nares, Murray • Jason: C.A. Larsen
Era Heróica
Expedição Antártica Belga: Belgica, Gerlache, F. Cook, Arctowski, Racoviţă • Southern Cross: Southern Cross, Borchgrevink • Discovery: Discovery, Cabana Discovery • Gauss: Gauss, Drygalski • Expedição Antártica Sueca: Antarctic, O. Nordenskjöld, C.A. Larsen • Expedição Antártica Escocesa: Bruce • Base Orcadas • Nimrod: Nimrod • Expedição Francesa Antártica: Pourquoi-Pas, Charcot • Expedição Antártica Japonesa: Shirase • Polo sul de Amundsen: Fram, Amundsen, Framheim, Polheim • Terra Nova: Terra Nova, Scott, Wilson, Evans, Crean, Lashly • Filchner • Expedição Antártica Australasiática: SY Aurora, Mawson,  • Grupo do Extremo Leste • Expedição Transantártica Imperial: Endurance, Shackleton, Wild, James Caird, Grupo do Mar de Ross : Mackintosh • Quest: Quest
API, IGY &
Estações de
pesquisa
Christensen • Byrd • BANZARE • BGLE: Rymill • Nova Suábia: Ritscher • Operação Tabarin: Marr • Operação Highjump • Base Capitão Arturo Prat • British Antarctic Survey • Operação Windmill: Ketchum • Expedição Ronne: F. Ronne, E. Ronne, Schlossbach • Operação Deep Freeze • Estação McMurdo  • Expedição Transantártica da Commonwealth: Hillary, V. Fuchs • Expedições da Antártida Soviética: 1.ª, Somov, Klenova, Mirny • 2.ª, Tryoshnikov • 3.ª, Tolstikov • Tratado da Antártida • Expedição Transglobe: Fiennes, Burton • Perfuração do lago Vostok • Estação Antártica Comandante Ferraz
Sul
Longínquo &
Polo sul
HMS Resolution: J. Cook, HMS Adventure: Furneaux • Weddell • HMS Erebus: J. C. Ross, HMS Terror: Crozier • Southern Cross: Borchgrevink • Discovery: Barne • Nimrod: Shackleton, Wild, Marshall, Adams • Polo sul magnético: Mawson, David, Mackay • Polo sul de Amundsen: Fram, Amundsen, Bjaaland, Helmer, Hassel, Wisting, Polheim • Terra Nova: Scott, E. Evans, Oates, Wilson, Bowers • Byrd, Balchen, McKinley • Dufek • Amundsen-Scott • Hillary, V. Fuchs • Polo do frio: Estação Vostok • Polo de inacessibilidade: Estação polo de inacessibilidade, Tolstikov • Crary • A. Fuchs, Messner