Assortatividade

Ciência da Rede
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Na área de grafos e ciência das redes, assortatividade é uma métrica utilizada para quantificar a tendência de nós individuais se conectarem a outros nós semelhantes um grafo (homofilia). Além disso, é capaz de definir o comportamento dinâmico de uma rede, bem como a sua robustez, analisando o seu grau de assortatividade. [1]

É possível analisar a correlação dos graus de uma rede analisando, por exemplo, uma rede social. Nesta é possível visualizar que os nós tendem a se conectar a outros nós com graus semelhantes, ou seja, características semelhantes. Esta característica é conhecida como assortatividade. Por outro lado, quando nós de alto grau se conectam com nós de baixo grau, dizemos que esta rede é dissassortativa. Por fim, caso a rede não apresente uma tendência clara de conexão, ela apresenta a característica não-assortativa. [2]

Algoritmo

A assortatividade de uma rede é comumente computado por meio da correlação entre nós. Existem diversas formas de se calcular esta correlação, entretanto a mais utilizada é o coeficiente de correlação de graus.

Coeficiente de correlação de graus

Assortatividade de graus. (a) grafo disassortativo, (b) grafo assortativo

O coeficiente de correlação de graus é um número que é quantificado pelo coeficiente de correlação de Pearson, r, que caracteriza a correlação de ambos os nós das extremidade de uma aresta. [3] Este valor varia entre o intervalo [-1 ≤ r ≤ 1] e apresenta as seguintes características: Se r = 0, a rede é não-assortativa (neutra); Se r < 0, então a rede é dissassortativa; e se r > 0, então a rede é assortativa. Além disso, quando o valor de r se encontra nos limites do intervalo, diz-se então que a rede é perfeitamente assortativa (r = 1) ou completamente disassortativa (r = -1).

O valor de r, definido por Mark Newman [4], pode ser calculado a partir da seguinte expressão:

r = j k j k ( e j k q j q k ) σ 2 {\displaystyle r={\frac {\sum _{jk}jk(e_{jk}-q_{j}q_{k})}{\sigma ^{2}}}} (1),

onde

σ 2 = k k 2 q k [ k k q k ] 2 {\displaystyle \sigma ^{2}=\sum _{k}k^{2}q_{k}-{\bigg [}\sum _{k}kq_{k}{\bigg ]}^{2}} e

q k = k p k k {\displaystyle q_{k}={\frac {kp_{k}}{\langle k\rangle }}} , sabendo que k {\displaystyle \langle k\rangle } é o valor médio de k {\displaystyle k} .


Da expressão (1), pode-se observar que q k {\displaystyle q_{k}} é a probabilidade de se obter um nó de grau k {\displaystyle k} no fim de uma aresta selecionada aleatoriamente. Por fim, e j k {\displaystyle e_{jk}} é a matriz de correlação de graus ou a probabilidade de se encontrar um nó de grau j {\displaystyle j} que possui um nó de grau k {\displaystyle k} no fim de suas arestas. Como se trata de uma probabilidade, temos j , k e j k = 1 {\displaystyle \sum _{j,k}e_{jk}=1} que pode se conectar a q k {\displaystyle q_{k}} por meio de j e j k = q k {\displaystyle \sum _{j}e_{jk}=q_{k}} . [5]



Função de correlação de graus

Assortatividade baseado na correlação de graus. (a): Assortativo, (b): Neutro, (c) Disassortativo

Existe ainda uma outra maneira de se quantificar a correlação de graus de uma rede: a função de correlação de graus. Esta função calcula a correlação de graus para todos os nós de grau k {\displaystyle k} existentes. Para isto, uma maneira de de quantificar a magnitude dos nós que se conectam entre si, é explorar o grau médio dos vizinhos de um nó i {\displaystyle i} com grau k {\displaystyle k} , em outras palavras, calcular o valor de k n n {\displaystyle k_{nn}} , definido por:


k n n ( k ) = k k P ( k | k ) {\displaystyle k_{nn}(k)=\sum _{k'}k'P(k'|k)} ,

onde P ( k | k ) {\displaystyle P(k'|k)} é a probabilidade condicional em que uma aresta de um nó de grau k {\displaystyle k} alcance um nó de grau k {\displaystyle k'} . Consequentemente, caso o valor da função cresça de acordo com o k {\displaystyle k} , então a rede é assortativa. Por outro lado, se o valor da função diminui de acordo com o valor de k {\displaystyle k} , então a rede é disassortativa. Por fim, pode-se concluir que, se a função não apresenta os comportamentos anteriores, então a rede é neutra.

Redes neutras possuem uma característica especial em relação ao valor de k n n {\displaystyle k_{nn}} . Como o grau médio dos vizinhos de um nó independe de seu grau (aproximadamente igual para todo valor de k), pode ser calculado por meio da média global. Com isso, temos que:

P ( k | k ) = e k k k e k k = e k k q k = q k q k q k = q k {\displaystyle P(k'|k)={\frac {e_{kk'}}{\sum _{k'}e_{kk'}}}={\frac {e_{kk'}}{q_{k}}}={\frac {q_{k'}q_{k}}{q_{k}}}=q_{k'}} .

Substituindo em k n n {\displaystyle k_{nn}} , pode-se observar que:

k n n ( k ) = k k q k = k k k p ( k ) k = k 2 k   {\displaystyle k_{nn}(k)=\sum _{k'}k'_{q_{k'}}=\sum _{k'}k'{\frac {k'p(k')}{\langle k\rangle }}={\frac {\langle k^{2}\rangle }{\langle k\rangle }}\ } ,

onde "<>" indica média.

Aplicações

Existem diversas aplicações para o uso da assortatividade de uma rede. A medicina é uma das áreas que mais explora este conceito, visto que auxilia a entender o comportamento de uma população e como uma determinada patologia pode se espalhar nesta comunidade. Junto a isso, pode-se inferir como aplicar de forma efetiva um sistema de vacinação conforme os hábitos destes grupos. Ainda assim, pode-se observar outras áreas que abordam o conceito, o aplicando em, por exemplo, sistema de rede elétrica (quais os pontos demandam mais energia elétrica), redes colaborativas (identificação de pontos que precisam de reforço) e rede de sistemas metabólicos (qual é o efeito de um determinado fármaco no corpo).

Referências

  1. Foster, DV; Foster, JG; Grassberger, P; Paczuski, M (Dezembro 2011). «Clustering drives assortativity and community structure in ensembles of networks.». Physical review. E, Statistical, nonlinear, and soft matter physics. 84 (6 Pt 2). 066117 páginas. PMID 22304165. doi:10.1103/PhysRevE.84.066117 
  2. Noldus, Rogier; Van Mieghem, Piet (26 de Março 2015). Assortativity in complex networks (em inglês). [S.l.: s.n.] pp. 507–542 
  3. Chang, Sheryl L.; Piraveenan, Mahendra; Prokopenko, Mikhail (1 de Novembro 2020). «Impact of network assortativity on epidemic and vaccination behaviour». Chaos, Solitons & Fractals (em inglês). 140. 110143 páginas. ISSN 0960-0779. doi:10.1016/j.chaos.2020.110143. Consultado em 5 de Janeiro 2021 
  4. Newman, M. E. J. (27 de Fevereiro 2003). «Mixing patterns in networks». Physical Review E. 67 (2). 026126 páginas. doi:10.1103/PhysRevE.67.026126. Consultado em 5 de Janeiro 2021 
  5. Barabási, Albert-László. Network science. Cambridge, United Kingdom: [s.n.] ISBN 9781107076266. Consultado em 5 de Janeiro 2021