Conquista de Damão

Conquista de Damão
Guerras Luso-Guzerates

Gravura mostrando Damão e D. Constantino de Bragança.
Data 2 de Fevereiro de 1559
Local Damão, Índia
Desfecho Vitória portuguesa
Beligerantes
Império Português Sultanato do Guzerate
Comandantes
Dom Constantino de Bragança
  • António Moniz Barreto
  • Dom Pedro de Almeida
Cide Bofetá
Forças
100 navios[1]
3000 homens.[2]
4000 homens[1]
Baixas
Poucas 500[1]
Campanhas coloniais portuguesas
Conflitos prolongados mostrados em negrito
Data  Região 
1415 Ceuta
1437 Marrocos
1458 Marrocos
1468 Marrocos
1471 Marrocos
1478 Guiné
1487 Marrocos
1490 Marrocos
1501–02 Índia
1502 Índia
1503 Índia
1504 Índia
1506 Índia
1507 África Oriental
1507 Hormuz
1508 Índia
1509 Índia
1510 Índia
1511 Malaca
1514 Marrocos
1515 Marrocos
1517 India
1521 China
1522 China
1523 Arábia
1526 Índia
1531 Índia
1538 Índia
1541 Mar Vermelho
1541 Mar Vermelho
1542 África Oriental
1546 Índia
1548 Arábia
1551 Arábia
1552–54 Arábia
1553 Golfo Pérsico
1558 Brasil
1559 Índia
1561 Japão
1562 Marrocos
1567 Brasil
1568 Malaca
1569 Achém
1570–75 Índia
1580–83 Oceano Atlântico
1580–89 Oceano Índico
1581 Damão
1587 Jor
1601 Java
1606 Malaca
1606 (ago) Malaca
1612 Índia
1614 Brasil
1619 Ceilão
1622 China
1622 Angola
Data  Região 
1624 Brasil
1625 Pérsia
1625 Brasil
1625 Costa do Ouro
1629 Malaca
1630 Brasil
1631 Brasil
1638-39 Índia
1671 Angola
1637 Costa do Ouro
1638 Índia
1638 Brasil
1639 Índia
1640 Brasil
1640–41 Malaca
1645 Brasil
1647 Angola
1648 Brasil
1648 Angola
1649 Brasil
1652–54 Brasil
1654 (mar) Ceilão
1654 (mai) Ceilão
1665 Angola
1670 (jun) Angola
1670 (out) Angola
1696–98 Mombaça
1710 Brasil
1711 Brasil
1729-32 Índia
1735–37 Banda Oriental
1752 Índia
1756 América do Sul
1761–63 América do Sul
1762–63 Sacramento
1768-69 Angola
1774-78 Angola
1776–77 América do Sul
1809 Guiana Francesa
1816–20 Banda Oriental
1821–23 Brasil
1846 China
1849 China
1850-62 Angola
1855-74 Angola
1890–1904 Angola
1907 Angola
1914–15 Angola
1917–18 Moçambique
1954 Índia
1961 Índia
1961–74 África
• 1961–74 Angola
• 1963–74 Guiné-Bissau
• 1964–74 Moçambique


A Conquista de Damão deu-se em 1559 quando uma frota comadada pelo vice-rei da Índia D. Constantino de Bragança tomou a cidade de Damão no Guzerate, na Índia.

Contexto

O governador Francisco Barreto havia já obtido do rei de Cambaia Ahmad Shah III a cedência de Damão, porém não conseguira tomar posse do território pois o senhor da região, Cide Bofetá recusara-se a prescindir da cidade e organizara um exército de 4000 homens para defendê-lo pela força das armas.[1] Quando D. Constantino assumiu o governo da Índia, determinou de conquistar Damão para assegurar mais eficazmente a segurança da fortaleza de Baçaim, mais a sul. Para tal, reuniu uma armada de cerca de 100 navios e 3000 homens.[1]

A conquista

Ao chegar D. Constantino a Damão com a sua grande armada, Cide Bofetá decapitou os cristãos que na cidade residiam por suspeitar do seu conluio com os portugueses e abandonou a cidade, permitindo assim aos portugueses capturá-la sem resistência.[1] Recuou com as suas tropas para o interior, onde pretendia continuar a resistir. Puderam assim os portugueses tomar posse da cidade praticamente sem resistência. O primeiro a entrar na povoação e arvorar uma bandeira foi Manuel Rolim, e ao verem a bandeira hasteada a armada saudou-a com a artilharia.

Cid Bofetá estabeleceu então um acampamento mais para o interior, em Pernel, com 2000 cavaleiros.[1] D. Constantino enviou António Moniz Barreto a dispersá-lo e este saiu em certa noite acompanhado de 500 homens.[1] Chegado ao acampamento, dispersaram-no, matando 500 e capturaram dinheiro e 36 canhões, para além de outros despojos.[1]

Por via de promessas e liberalidades, conseguiu D. Constatino convencer os residentes que haviam fugido a regressar a Damão.[1] Também confirmou certos direitos aduaneiros ao rei de Sarceta, um régulo montanhês vizinho.[1]

Conquistada Damão, D. Constantino determinou anexar a povoação vizinha de Bulsar e para este objectivo enviou D. Pedro de Almeida com 150 cavaleiros e 150 infanções.[1] Os residentes da cidade fugiram ao verem chegar os portugueses e foi ali deixada uma guarnição de 120 homens.[1]

Rescaldo

À fortaleza guzerate tomada pelos portugueses foi-lhe dada o nome de Nossa Senhora da Purificação, pois fora capturada a 2 de Fevereiro.[3] Todos os anos davam-se as festas da cidade neste dia.

Assegurada a posse da região, o vice-rei deixou em Damão uma guarnição de 1200 homens e depois regressou a Goa, capital do Estado Português da Índia.[1] Após terem adquirido Baçaim em 1534, Diu em 1535 e agora Damão em 1559 o controlo e fiscalização português sobre a navegação que cruzava o golfo de Cambaia tornou-se mais rigoroso e efectivo, dificultando assim aos navios indianos a navegação sem cartaz e a invencibilidade das frotas portuguesas assegurou a aceitação do sistema por parte dos guzerates.[4] Ficou assim concluído o controlo do golfo.[5]

Damão manter-se-ia na posse de Portugal por mais 402 anos, até o território ter sido invadido pela Índia em 1961.

Ver também

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n Frederick Charles Danvers: The Portuguese in India: Being a History of the Rise and Decline of their Eastern Empire, volume I, W. H. Allen & Co. Limited, 1894, pp. 512-513.
  2. Saturnino Monteiro: Batalhas e Combates da Marinha Portuguesa, volume III, Livraria Sá da Costa Editora, 1992, p. 197.
  3. Carlos Xavier: "A cidade e o porto de Damão nos Séculos XVIII e XIX" in Revista de Cultura do Instituto Cultural de Macau.
  4. K. M. Mathew: History of Portuguese Navigation in India, Mittal Publications, 1988, p. 137
  5. Clive Ponting: World History: A New Perspective, Random House, 2008, p. 522.