Golpe de Estado no Mali em 2021

Golpe de Estado no Mali em 2021

Manifestação em apoio aos militares em Bamaco após o golpe de Estado de 2021
Data 24 de maio de 2021
Local Mali
Desfecho Golpe bem-sucedido
  • Captura do presidente Bah N'daw, do primeiro-ministro Moctar Ouane e do ministro da Defesa Souleymane Doucouré
  • Assimi Goita assume a presidência interinamente
Beligerantes
Mali Governo do Mali Mali Forças Armadas do Mali
Comandantes
Bah N'daw (presidente)
Moctar Ouane (primeiro-ministro)
Souleymane Doucouré (ministro da Defesa)
Assimi Goita

O golpe de Estado do Mali em 2021 começou na noite de 24 de maio de 2021, quando o exército do Mali capturou o presidente Bah N'daw,[1][2] o primeiro-ministro Moctar Ouane e o ministro da Defesa Souleymane Doucouré.[3] Assimi Goita, o chefe da junta que liderou o golpe de Estado de 2020, anunciou que N'daw e Ouane foram destituídos de seus poderes e que novas eleições seriam realizadas em 2022.

Este é o terceiro golpe de Estado do país em dez anos, após as tomadas militares de 2012 e 2020.

Antecedentes

Nove meses antes do golpe de Estado de 2021, o presidente Ibrahim Boubacar Keïta havia sido destituído do poder por um golpe militar, em agosto de 2020. Isso se seguiu a meses de distúrbios no Mali após irregularidades nas eleições parlamentares de março e abril e do sequestro do líder da oposição Soumaila Cissé.[4] Em 18 de agosto de 2020, os militares liderados pelo coronel Assimi Goïta e pelo coronel-major Ismaël Wagué em Kati, região de Koulikoro, começaram um motim. O presidente Keita e o primeiro-ministro Boubou Cissé foram presos e, pouco depois da meia-noite, Keita anunciou sua renúncia, dizendo que não queria ver derramamento de sangue.[5]

Após a renúncia de Keita, como representante dos oficiais militares, Wagué anunciou a formação do Comitê Nacional para a Salvação do Povo (CNSP), e prometeu realizar eleições em um futuro próximo. Em 12 de setembro de 2020, o CNSP concordou com uma transição política de 18 meses para o regime civil.[6] Pouco depois, Bah N'daw foi nomeado presidente interino por um grupo de 17 eleitores, com Goïta sendo nomeado vice-presidente. O governo foi empossado em 25 de setembro de 2020.[6]

Em 18 de janeiro de 2021, o governo de transição anunciou que o CNSP havia sido dissolvido, quase quatro meses depois de ter sido prometido no acordo inicial.[6]

Golpe

As tensões exacerbaram entre o governo civil de transição e os militares desde a transferência do poder em setembro. O movimento de oposição M5, que liderou os protestos em 2020 contra Keita, pediu publicamente que o governo provisório fosse dissolvido e substituído por um "mais legítimo".[7] Em 14 de maio, o governo anunciou planos para um novo gabinete "amplo".[7]

Em 24 de maio, a crise atingiu seu ápice após uma remodelação do gabinete. Na remodelação, o poder dos militares sobre os principais ministérios não foi alterado, no entanto, dois líderes do golpe de 2020 - Sadio Camara e Modibo Kone - foram substituídos pela administração de N'daw.[3][7]

Mais tarde naquele dia, o aumento da atividade militar foi relatado por várias fontes, incluindo a Embaixada dos Estados Unidos em Bamako, embora a cidade permanecesse relativamente calma. Vários jornalistas relataram que três principais líderes civis - N'daw, Ouane e Doucouré, estavam sendo detidos em uma base militar em Kati, nos arredores de Bamako.[8]

Em um comunicado na televisão pública, Goïta anunciou que Ndaw e Ouane foram despojados de seus poderes porque tentaram "sabotar" a transição que, segundo Goïta, iria "proceder como normalmente".[3] Goita, um vice-presidente no governo interino, declarou que deveria ter sido consultado sobre a mudança no gabinete, no que descreveu como uma violação da carta de transição redigida pela junta militar após o golpe de Estado de 2020. Também prometeu que novas eleições seriam realizadas em 2022.[7]

Resposta

O golpe de Estado foi amplamente condenado pela comunidade internacional.

As Nações Unidas, por meio de sua missão de manutenção da paz, a MINUSMA, rapidamente condenou o golpe e pediu calma em todo o país.[1] António Guterres, o Secretário-Geral das Nações Unidas, apelou à calma e à libertação dos prisioneiros. Félix Tshisekedi, o Presidente da República Democrática do Congo e líder da União Africana, "condenou veementemente qualquer ação que vise desestabilizar o Mali".[7] O ministro das Relações Exteriores da França, Jean-Yves Le Drian, também condenou o golpe, dizendo que "a França condena com a maior firmeza o ato violento ocorrido ontem no Mali".[9]

Além disso, as Nações Unidas, a CEDEAO, a União Europeia, os Estados Unidos e a União Africana emitiram uma declaração conjunta condenando o golpe e apelando à libertação dos políticos.[1][3][7]

Referências

  1. a b c «UN calls for immediate release of Mali President Bah Ndaw». BBC News. 25 de Maio de 2021 
  2. AFP (24 de Maio de 2021). «UN mission in Mali calls for immediate release of detained president and PM». France 24 
  3. a b c d Emmanuel Akinwotu (25 de Maio de 2021). «Mali: leader of 2020 coup takes power after president's arrest». Lagos, Nigeria: The Guardian 
  4. Baba Ahmed (5 de Junho de 2020). «Thousands in Mali's capital demand that president step down». ABC News. Cópia arquivada em 5 de junho de 2020 
  5. Maclean, Ruth (18 de agosto de 2020). «Mali's President Exits After Being Arrested in Military Coup». The New York Times. Cópia arquivada em 18 de agosto de 2020 
  6. a b c Afrique, Jeune (28 de janeiro de 2021). «Mali: President Bah N'daw decrees the dissolution of the CNSP». The Africa Report.com. Cópia arquivada em 28 de janeiro de 2021 
  7. a b c d e f Ogunkeye, Erin (25 de Maio de 2021). «Mali junta leader says transitional president, PM have been stripped of duties». France 24. Cópia arquivada em 25 de maio de 2021 
  8. «Mali's military detains president, prime minister». Al Jazeera. 24 de Maio de 2021. Cópia arquivada em 24 de maio de 2021 
  9. «France condemns 'coup d'état' in Mali, threatens EU sanctions». France 24. 25 de Maio de 2021. Cópia arquivada em 25 de maio de 2021 
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