Henfil

Henfil
Henfil
Henfil
Nome completo Henrique de Souza Filho
Pseudónimo(s) Henfil
Nascimento 5 de fevereiro de 1944
Ribeirão das Neves, MG
Morte 4 de janeiro de 1988 (43 anos)
Rio de Janeiro, RJ
Nacionalidade brasileiro
Prémios 1965 - Troféu Cid Rebelo Horta
1981 - Prêmio Vladimir Herzog
Área jornalista, cartunista, quadrinista

Henrique de Souza Filho, mais conhecido como Henfil (Ribeirão das Neves, 5 de fevereiro de 1944 — Rio de Janeiro, 4 de janeiro de 1988), foi um cartunista, quadrinista, jornalista e escritor brasileiro.

Biografia

Em 1971.

Filho de Henrique José de Souza e Maria da Conceição, a Dona Maria, que ficou conhecida através de suas Cartas no Jornal O Pasquim e na Revista Isto É, tinha sete irmãos: Betinho, Chico Mario, Glorinha, Filó, Wanda, Tanda e Ziláh.

Como outros dois de seus irmãos — o sociólogo Betinho e o músico Chico Mário — herdou de seus pais a hemofilia, distúrbio que impede a coagulação do sangue, fazendo com que a pessoa seja mais suscetível a hemorragias.

Henfil cresceu em Ribeirão das Neves, região metropolitana de Belo Horizonte, onde fez os primeiros estudos, frequentou um curso supletivo noturno e um curso superior em sociologia na Faculdade de Ciências Econômicas da UFMG, que abandonou após alguns meses. Foi embalador de queijos, contínuo em uma agência de publicidade e jornalista, até especializar-se, no início da década de 1960, em ilustração e produção de histórias em quadrinhos.[1]

A estreia de Henfil como ilustrador deu-se em 1964, quando, a convite do editor e escritor Roberto Dummond, começou a trabalhar na revista Alterosa, de Belo Horizonte, onde criou "Os Franguinhos". Em 1965 passou a colaborar com o jornal Diário de Minas, produzindo caricaturas políticas. Em 1967, criou charges esportivas para o Jornal dos Sports, do Rio de Janeiro. Também teve seu trabalho publicado nas revistas Realidade, Visão, Placar e O Cruzeiro. A partir de 1969, passou a colaborar com o Jornal do Brasil e com O Pasquim.[1]

Nessas publicações, seus personagens atingiram um grande nível de popularidade. Já envolvido com a política do país, Henfil criou em 1970 a revista Fradim, que tinha como marca registrada o desenho humorístico, crítico e satírico, com personagens tipicamente brasileiros.

Com o advento do AI-5 — garantindo a censura dos meios de comunicação, e os órgãos de repressão prendendo e torturando os "subversivos" —, Henfil, em 1972, lançou a revista Fradim pela editora Codecri, que tornou seus personagens conhecidos. Além dos fradinhos Cumprido e Baixim, a revista reuniu a Graúna, o Bode Orelana, o nordestino Zeferino e, mais tarde, Ubaldo, o paranoico.[2]

Henfil envolveu-se também com cinema, teatro, televisão (trabalhou na Rede Globo, como redator do extinto programa TV Mulher) e literatura, mas ficou marcado mesmo por sua atuação nos movimentos sociais e políticos brasileiros.

Ele tentou seguir carreira nos Estados Unidos, onde passou dois anos em um tratamento de saúde. Como não teve lugar nos tradicionais jornais estadunidenses, sendo renegado a publicações underground, Henfil escreveu seu livro "Diário de um Cucaracha". De volta ao Brasil. ele também fez participação da revista Isto É onde escrevia uma coluna chamada Cartas da Mãe.

Após uma transfusão de sangue, acabou contraindo o vírus HIV que por consequência do não tratamento desencadeou a AIDS. Ele faleceu vítima das complicações da doença no auge de sua carreira, com seu trabalho aparecendo nas principais revistas brasileiras.

Henfil passou toda sua vida a defender o fim do regime ditatorial pelo qual o Brasil passava. Em 1972, quando Elis Regina fez uma apresentação para o exército brasileiro, Henfil publicou em O Pasquim uma charge enterrando a cantora, apelidando-a de "regente" — junto a outras personalidades que, na ótica dele, agradariam aos interesses do regime, como os cantores Roberto Carlos e Wilson Simonal, o jogador Pelé e os atores Paulo Gracindo, Tarcísio Meira e Marília Pêra. Anos mais tarde, o cartunista disse que se arrependia apenas de ter enterrado Clarice Lispector e Elis Regina.[3][4]

Os escritos de Henfil eram anotações rápidas. Não eram propriamente crônicas, mas um misto de reflexões rápidas, assim como seus traços ligeiros dos cartuns. Célebres eram suas "Cartas à mãe" — título comum em que escrevia sobre tudo e todos, muitas vezes atirando como metralhadora, usando um tom intimista do filho que realmente fala com a mãe — ao tempo em que criticava o governo e cobrava posições das personalidades.

Mesmo seus livros são em verdade a reunião desses escritos, a um tempo memorialistas e de outro falando sobre tudo, sobre a conjuntura política e seu engajamento.

Em Diário de um Cucaracha, por exemplo, Henfil narra sua passagem pelos Estados Unidos, onde tentou "fazer a América, sonho de todo latino-americano que se preza" (segundo ele próprio). A obra traz um quadro em que o cartunista relata o choque cultural que experimentou, a reação vigorosa do público norte-americano aos seus personagens, classificados como agressivos e ofensivos. Tudo isso escrito em capítulos pequenos, no tom intimista de quem dialoga não com um leitor anônimo, mas com um amigo ou conhecido. No ano de 2009 seu único filho criou o Instituto Henfil.

Uma série de cartuns de Henfil que ficou bastante conhecida foi O Cemitério dos Mortos-Vivos, em que "enterrava" personalidades públicas que, na opinião do cartunista, eram favoráveis a ditadura. Além de empresários, Henfil atacou pessoas como Roberto Carlos, Pelé e Tarcísio Meira.

Através de uma parceria entre a ONG Henfil e o Instituto Henfil, as 31 revistas Fradim, publicadas por Henfil entre os anos de 1971 e 1980, serão reeditadas. Alguns exemplares já estão à venda na internet. A previsão era de que a coleção estivesse completa até o fim do primeiro semestre de 2014. Além das reedições, uma edição foi feita especialmente para o projeto: a edição Número Zero, que resgata os personagens clássicos de Henfil.[5]

Em 2017 foi lançado um documentário dirigido pela cineasta Angela Zoé, sobre a vida, a arte, a interpretação do artista nos dias de hoje, por artistas mais jovens.

Vida pessoal

Foi um praticante de BDSM. Henfil foi descrito como um podólatra nos livros de Glauco Mattoso[6] e foi submisso de Wilma Azevedo.[7]

Prêmios

Em 1971.

Em 1965, recebeu o troféu Cid Rebelo Horta como melhor cartunista.[8]

Em 1981, Henfil ganhou o Prêmio Vladimir Herzog na categoria Artes pelo conjunto de sua obra no veículo: Revista IstoÉ.[9]

Obras publicadas

  • Hiroshima, meu humor (1966)
  • Diário de um cucaracha (1976)
  • Henfil na China (1980)
  • Dez em humor (coletânea, 1984)
  • Diretas Já! (1984)
  • Fradim de Libertação (1984)
  • Como se faz humor político (1984)
  • Revistas Fradim (coletânea, 2014)
  • Como se faz humor político (relançamento, 2016)

Filmografia

  • Tanga: (Deu no New York Times?) (1987)

Ver também

Referências

  1. a b «GIBITECA - Centro Cultural São Paulo». www.centrocultural.sp.gov.br. Consultado em 6 de janeiro de 2021 
  2. Turner Publishing, Inc. e Century Books, Inc. Nosso Tempo- O Humor da Resistência, Volume II; pg. 537. Editora Klick. 1995
  3. Regina Echeverria, Furacão Elis, p.58. Círculo do Livro, 4ª edição, 1985.
  4. Continente multicultural. [S.l.]: Companhia Editora de Pernambuco. 2004 
  5. AE, Da (5 de fevereiro de 2014). «'Revista Fradim' está de volta às prateleiras». JC. Consultado em 6 de janeiro de 2021 
  6. Facchini, Regina; Machado, Sarah Rossetti (agosto de 2013). «"Praticamos SM, repudiamos agressão": classificações, redes e organização comunitária em torno do BDSM no contexto brasileiro». Sexualidad, Salud y Sociedad (Rio de Janeiro): 195–228. ISSN 1984-6487. doi:10.1590/S1984-64872013000200014. Consultado em 9 de novembro de 2023 
  7. Tiago Dias (18 de dezembro de 2020). «'Rainha não, deusa suprema': memórias de uma ex-sadomasoquista de 80 anos». Tab. Consultado em 8 de novembro de 2023. Cópia arquivada em 8 de novembro de 2023 
  8. Cultural, Instituto Itaú. «Enciclopédia Itaú Cultural». Enciclopédia Itaú Cultural. Consultado em 6 de janeiro de 2021 
  9. «Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos». Almanaque da Comunicação. Almanaquedacomunicacao.com.br. 31 de agosto de 2011. Arquivado do original em 24 de novembro de 2010 

Ligações externas

  • Obra de Henfil ajuda a entender ditadura militar e geografia do Nordeste
  • Henfil. no IMDb.
Wikiquote
Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Henfil
  • Portal de biografias
  • Portal da banda desenhada
  • Portal de Minas Gerais
  • Portal do Brasil
  • v
  • d
  • e
1985 – 1989

1985: Eugenio Colonnese Jayme Cortez Messias de Mello Rodolfo Zalla 1986: Gedeone Malagola Julio Shimamoto Nico Rosso 1987: Flavio Colin Henfil • Sérgio Lima • 1988: Cláudio Seto João Batista Queiroz Luiz Sá 1989: Álvaro de Moya Jaguar • Rubens Francisco Lucchetti

1990 – 1999

1990: Miguel Penteado Walmir Amaral Ziraldo 1991: Aylton Thomaz Primaggio Mantovi Reinaldo de Oliveira • 1992: André LeBlanc Ismael dos Santos • Izomar Camargo Guilherme 1993: Carlos Zéfiro Mauricio de Sousa Waldir Igayara 1994: Ely Barbosa Getulio Delphim Lyrio Aragão 1995: Ivan Saidenberg Paulo Fukue Roberto Fukue 1996: Antonio Duarte • Helena Fonseca Paulo Hamasaki 1997: Fernando Ikoma Maria Aparecida Godoy Oscar Kern 1998: Carlos Arthur Thiré Manoel Victor Filho Zezo 1999: Deodato Borges Luiz Antônio Sampaio Péricles

2000 – 2009

2000: Adolfo Aizen Moacy Cirne Renato Silva • 2001: Edson Rontani Ivan Wasth Rodrigues Renato Canini 2002: Antônio Cedraz Claudio de Souza • Edmundo Rodrigues Ignácio Justo Ionaldo Cavalcanti José Delbo Luis Sátiro • Luiz Saidenberg Luscar Nani • Osvaldo Talo • Rubens Cordeiro • Zaé Júnior • 2003: Antônio Eusébio • Laerte Coutinho Moacir Rodrigues Soares Otacilio D'Assunção • Tony Fernandes • 2004: Angeli Angelo Agostini Carlos Estêvão Chico Caruso Rivaldo • 2005: Luiz Gê Minami Keizi Paulo Caruso 2006: Jorge Barkinwel • Lor • Sônia Luyten 2007: Gutemberg Monteiro Luiz Teixeira da Silva (Tule) • Xalberto 2008: Aníbal Barros Cassal • Antônio Luiz Cagnin Diamantino da Silva Fernando Dias da Silva Ofeliano de Almeida Salatiel de Holanda • 2009: Deodato Filho Emir Ribeiro Mozart Couto Sebastião Seabra Sergio Morettini Watson Portela

2010 – 2019

2010: Franco de Rosa Henrique Magalhães Rodval Mathias • 2011: Dag Lemos • Eduardo Vetillo • E.C. Nickel • Elmano Silva Novaes 2012: Bira Dantas Fernando Gonsales Lourenço Mutarelli Moacir Torres • 2013: Jô Fevereiro • Júlio Emílio Braz Marcos Maldonado 2014: Byrata • Lourenço Mutarelli Paulo Paiva Lima • 2015: Carlos Edgard Herrero Gustavo Machado • Murilo Marques Moutinho • 2016: Carlos Patati Christie Queiroz • Marcatti 2017: Arthur Garcia João Gualberto Costa Sérgio Graciano Sidney L. Salustre • 2018: Jal • José Menezes • Floreal Marcelo Cassaro 2019: Ciça Pinto Marcelo Campos • Octavio Cariello

2020 – presente

2020: Aparecido Norberto • Crau da Ilha • Maria da Graça Maldonado • Ykenga 2021: Anita Costa Prado Edgar Franco Edgar Vasques Aroeira • 2022: José Márcio Nicolosi Lilian Mitsunaga Santiago • Sergio Macedo 2023: Adriana Melo Érica Awano Laudo Ferreira Nilson Azevedo

Controle de autoridade