Marco Ânio Vero

 Nota: Para seu filho, veja Marco Ânio Vero (pretor). Para seu neto, veja Marco Aurélio.
Marco Ânio Vero
Cônsul do Império Romano
Consulado 97 d.C.
121 d.C.
126 d.C.
Nascimento 50 d.C.
Morte 138 d.C.

Marco Ânio Vero (em latim: Marcus Annius Verus; 50 – 138 (88 anos)) foi um senador romano que foi cônsul três vezes, a primeira nomeado cônsul sufecto para o nundínio de maio a junho de 97 com Lúcio Nerácio Prisco[1] e as outras duas eleito cônsul ordinário, em 121 com Cneu Árrio Áugure e em 126 com Caio Égio Ambíbulo. Ele era filho do senador e pretor Marco Ânio Vero, nativo de Uccibi, na Hispânia Bética e um rico produtor de azeite de oliva que era amigo próximo do imperador Adriano.[2] Conhecido principalmente por ter sido avô e pai adotivo do futuro imperador Marco Aurélio e sogro de Antonino Pio.

Carreira

Vero foi prefeito urbano de Roma e foi elevado ao patriciado no censo de 73/74 por Vespasiano e Tito. Seus três consulados aparentemente são a causa de uma inscrição considerada "muito estranha" por estudiosos, gravada numa grande laje de mármore e escavada no século XVI na Basílica de São Pedro, em Roma. Ela alude às suas conquistas e celebra sua habilidade em "jogar com uma bola de vidro". Edward Champlin afirma que ela é provavelmente obra de um amigo e rival, Lúcio Júlio Urso Serviano, que também foi cônsul três vezes, a última delas logo depois de Vero.[3] Nas palavras dele, "uma explicação é que a coisa toda seja uma piada baseada na ligação entre a conhecida paixão de Vero pelo jogo com bola e a noção deste jogo como o malabarismo político: uma piada elegante, auto-depreciativa e algo amarga que não é de todo elogiosa a Vero. O idoso L. Júlio Serviano escreveu o texto pessoalmente, mandou gravá-lo numa laje de mármore — talvez acompanhada de uma estátua de um urso vestido de toga jogando bola? — e mandou entregá-la a M. Ânio Vero nas calendas de janeiro de 126. Quando eles se encontraram novamente, os dois riram muito da piada. Fantasia talvez, mas é de fato uma inscrição muito estranha".

Depois que seu filho Marco Ânio Vero morreu, em 124, Vero adotou e criou Marco Aurélio e Cornifícia Faustina. Com quase noventa anos, Vero morreu em 138. Marco Aurélio conta, em "Meditações", que aprendeu com Vero "uma disposição bondosa e uma doçura no temperamento".[4] Já na velhice, Vero teve uma amante a quem Marco Aurélio agradeceu.[5]

Família

Ele se casou com Rupília Faustina, filha da sobrinha preferida de Trajano, Matídia, com quem teve três filhos:

Árvore genealógica

  • v
  • d
  • e
Árvore genealógica da Dinastia nerva-antonina
Q. Márcio Bareia SoranoQ. Márcio Bareia SuraAntônia FurnilaM. Coceio NervaSérgia PlaucilaP. Élio Adriano
Tito
(r. 79–81)
Márcia FurnilaMárciaTrajano paiNerva
(r. 96–98)
Úlpia[i]Élio Adriano Marulino
Júlia Flávia[ii]Marciana[iii]C. Salônio Matídio[iv]Trajano
(r. 98–117)
PlotinaP. Acílio AcianoP. Élio Afer[v]Paulina Maior[vi]
Lúcio Míndio
(2)
Libão Rupílio Frúgio
(3)
Matídia[vii]L. Víbio Sabino
(1)[viii]
Paulina Menor[vi]L. Júlio Urso Serviano[ix]
Matídia Menor[vii]Suetônio?[x]Sabina[iii]Adriano
[v][xi][vi] (r. 117–138)
Antínoo[xii]
Júlia Balbila?[xiii]C. Fusco Salinador IJúlia Serviana Paulina
M. Ânio Vero[xiv]Rupília Faustina[xv]Boiônia PrócilaCn. Árrio Antonino
L. Ceiônio CômodoÁpia SeveraL. Fusco Salinador
L. Cesênio PetoÁrria AntoninaÁrria Fadila[xvi]T. Aurélio Fulvo
L. Cesênio AntoninoL. Ceiônio CômodoFundânia Pláuciaignota[xvii]C. Avídio Nigrino
M. Ânio Vero[xv]Domícia Lucila[xviii]Fundânia[xix]M. Ânio Libão[xv]FAUSTINA[xvi]Antonino Pio
(r. 138–161)[xvi]
L. Élio César[xvii]Avídia Pláucia[xvii]
Cornifícia[xv]MARCO AURÉLIO
(r. 161–180)[xx]
FAUSTINA Menor[xx]C. Avídio Cássio[xxi]Aurélia Fadila[xvi]LÚCIO VERO
(r. 161–169)[xvii]
(1)
Ceiônia Fábia[xvii]Pláucio Quintílio[xxii]Q. Servílio PudenteCeiônia Pláucia[xvii]
Cornifícia Menor[xxiii]M. Petrônio SuraCÔMODO
(r. 177–192)[xx]
Fadila[xxiii]M. Ânio Vero César[xx]Ti. Cláudio Pompeiano
(2)
Lucila[xx]M. Pláucio Quintílio[xvii]Júnio Licínio BalboServília Ceiônia
Petrônio AntoninoL. Aurélio Agáclito
(2)
Aurélia Sabina[xxiii]L. Antíscio Burro
(1)
Pláucio QuintílioPláucia ServíliaC. Fúrio Sabino TimesiteuAntônia GordianaJúnio Licínio Balbo?
Fúria Sabina TranquilinaGORDIANO III
(r. 238–244)
  • (1) = 1ª esposa
  • (2) = 2ª esposa
  • (3) = 3ª esposa
  •   Vinho escuro indica um imperador da Dinastia nerva-antonina

      Vinho claro indica um herdeiro aparente da mesma dinastia que não chegou a assumir o trono

      Cinza indica um aspirante fracassado ao trono

      Roxo indica um imperador de outras dinastias
  • Linhas tracejadas indicam uma adoção; linhas pontilhadas indicam casos amorosos ou relações fora do casamento
  • Minúsculas = pessoas deificadas postumamente (augustos, augustas ou outras)
Notas:

Exceto se explicitado de outra forma, as notas abaixo indicam que o parentesco de um indivíduo em particular é exatamente o que foi indicado na árvore genealógica acima.

  1. Irmã do pai de Trajano: Giacosa (1977), p. 7.
  2. Giacosa (1977), p. 8.
  3. a b Levick (2014), p. 161.
  4. Marido de Úlpia Marciana: Levick (2014), p. 161.
  5. a b Giacosa (1977), p. 7.
  6. a b c DIR contributor (Herbert W. Benario, 2000), "Adriano".
  7. a b Giacosa (1977), p. 9.
  8. Marido de Salonina Matídia: Levick (2014), p. 161.
  9. Smith (1870), "Júlio Servianus".
  10. Suetônio seria um possível amante de Sabina: uma possível interpretação de HA, Adriano 11:3
  11. Smith (1870), "Adriano", pp. 319–322.[ligação inativa]
  12. Amante de Adriano: Lambert (1984), p. 99 e passim; deificação: Lamber (1984), pp. 2-5, etc.
  13. Júlia Bálbila seria uma possível amante de Sabina: A. R. Birley (1997), Adriano, the Restless imperador, p. 251, citado em Levick (2014), p. 30, que é cético em relação a esta hipótese.
  14. Marido de Rupília Faustina: Levick (2014), p. 163.
  15. a b c d Levick (2014), p. 163.
  16. a b c d Levick (2014), p. 162.
  17. a b c d e f g Levick (2014), p. 164.
  18. Esposa de M. Ânio Vero: Giacosa (1977), p. 10.
  19. Esposa de M. Ânio Libão: Levick (2014), p. 163.
  20. a b c d e Giacosa (1977), p. 10.
  21. Pseudo-Dião Cássio (72.22) conta que Faustina, a Velha, prometeu se casar com Avídio Cássio, uma história que também aparece na HA "Marco Aurélio" 24.
  22. Marido de Ceiônia Fábia: Levick (2014), p. 164.
  23. a b c Levick (2014), p. 117.
Referências:
  • DIR contributors (2000). «De Imperatoribus Romanis: An Online Encyclopedia of Roman Rulers and Their Families». Consultado em 14 de abril de 2015 
  • Giacosa, Giorgio (1977). Women of the Césars: Their Lives and Portraits on Coins. Translated by R. Ross Holloway. Milan: Edizioni Arte e Moneta. ISBN 0-8390-0193-2 
  • Lambert, Royston (1984). Beloved and God: The Story of Adriano and Antinous. New York: Viking. ISBN 0-670-15708-2 
  • Levick, Barbara (2014). Faustina I and II: Imperial Women of the Golden Age. [S.l.]: Oxford University Press. ISBN 978-0-19-537941-9 
  • William Smith, ed. (1870). Dictionary of Greek and Roman Biography and Mythology. [S.l.: s.n.] 

Ver também

Cônsul do Império Romano
Precedido por:
Caio Mânlio Valente

com Caio Antíscio Veto
com Quinto Fábio Postúmino (suf.)
com Tito Priférnio (suf.)
com Tibério Cácio Césio Frontão (suf.)

Nerva III
97

com Lúcio Vergínio Rufo III
com Cneu Árrio Antonino II (suf.)
com Caio Calpúrnio Pisão (suf.)
com Marco Ânio Vero (suf.)
com Lúcio Nerácio Prisco (suf.)
com Lúcio Domício Apolinário (suf.)
com Sexto Hermetídio Campano (suf.)
com Quinto Glício Atílio Agrícola (suf.)
com Lúcio Pompônio Materno (suf.)
com Públio Cornélio Tácito (suf.)
com Marco Ostório Escápula (suf.)

Sucedido por:
Nerva IV

com Trajano II
com Cneu Domício Tulo II (suf.)
com Sexto Júlio Frontino II (suf.)
com Lúcio Júlio Urso II (suf.)
com Tito Vestrício Espurina II (suf.)
com Caio Pompônio Pio (suf.)
com Aulo Vicírio Marcial (suf.)
com Lúcio Mécio Póstumo (suf.)
com Caio Pompônio Rufo Acílio Prisco Célio Esparso (suf.)
com Cneu Pompeu Ferox Liciniano (suf.)
com Quinto Fúlvio Gilão Bício Próculo (suf.)
com Públio Júlio Lupo (suf.)

Precedido por:
Lúcio Catílio Severo Juliano Cláudio Regino II

com Antonino Pio I
com Caio Quíncio Certo Publício Marcelo (suf.)
com Tito Rutílio Propinquo (suf.)
com Caio Carmínio Galo (suf.)
com Caio Atílio Serrano (suf.)

Marco Ânio Vero II
121

com Cneu Árrio Áugure
com Marco Herênio Fausto (suf.)
com Quinto Pompônio Marcelo (suf.)
com Tito Pompônio Antistiano Funisulano Vetoniano (suf.)
com Lúcio Pompônio Silvano (suf.)
com Marco Estatório Segundo (suf.)
com Lúcio Semprônio Mérula Auspicato (suf.)

Sucedido por:
Mânio Acílio Avíola

com Lúcio Corélio Nerácio Pansa
com Tibério Júlio Cândido Capitão (suf.)
com Lúcio Vitrásio Flaminino (suf.)
com Caio Trébio Máximo (suf.)
com Tito Caléstrio Tirão Órbio Esperato (suf.)

Precedido por:
Marco Lólio Paulino Décimo Valério Asiático Saturnino II

com Lúcio Tício Epídio Aquilino
com Quinto Vetina Vero (suf.)
com Públio Lúcio Cosconiano (suf.)

Marco Ânio Vero III
126

com Caio Égio Ambíbulo
com Lúcio Valério Propinquo (suf.)
com Lúcio Cúspio Camerino (suf.)
com Caio Sênio Severo (suf.)

Sucedido por:
Tito Atílio Rufo Ticiano

com Marco Gávio Ésquila Galicano
com Públio Túlio Varrão (suf.)
com Quinto Tineio Rufo (suf.)
com Marco Licínio Céler Nepos (suf.)
com Lúcio Emílio Junco (suf.)
com Sexto Júlio Severo (suf.)


Referências

  1. Fausto Zevi "I consoli del 97 d. Cr. in due framenti gia' editi dei Fasti Ostienses", Listy filologické / Folia philologica, 96 (1973), pp. 125-137
  2. Anthony Birley, Marcus Aurelius, a Biography (London: Routlege, 1987), p. 28
  3. Champlin, "The Glass Ball Game", Zeitschrift für Papyrologie und Epigraphik, 60 (1985), pp. 159-163
  4. Marco Aurélio, Meditações I.1
  5. Marco Aurélio, Meditações I.17

Bibliografia

Ligações externas

  • «Marco Aurélio» (em inglês). Roman Emperors. Consultado em 11 de agosto de 2013. Arquivado do original em 25 de maio de 2013