Richard Rorty

Richard Rorty
Richard Rorty
Nome completo Richard Rorty
Nascimento 4 de outubro de 1931 (92 anos)
Nova Iorque
Morte 8 de junho de 2007 (75 anos)
Palo Alto
Nacionalidade  Estados Unidos
Cônjuge Amelie Oksenberg Rorty
Mary Varney Rorty (1972-?)
Filho(a)(s) Kevin
Patricia
Ocupação Filósofo
Principais trabalhos [Philosophy and the Mirror of Nature]
Escola/tradição Pragmatismo
Religião Ateu

Richard Rorty (Nova Iorque, 4 de Outubro de 1931 - Palo Alto, 8 de Junho de 2007[1]) foi um filósofo pragmatista estadunidense. A sua principal obra é Filosofia e o Espelho da Natureza (1979).

Richard Rorty foi um filósofo que esteve em pé de guerra com a filosofia durante toda a sua vida. Defendia-se contra a pretensão de absoluto do pensamento analítico e renunciou durante décadas, a modo de protesto contra as correntes tradicionais do seu âmbito, a dirigir uma cátedra de filosofia (apenas aceitou até 1982 um lugar na Universidade de Princeton). Disse numa entrevista: "Creio que as histórias tristes sobre padecimentos concretos muitas vezes são um melhor caminho para modificar o comportamento das pessoas que citar regras universais".

Biografia e pensamento de Rorty

Rorty foi aluno da Universidade de Chicago (muito cedo, apenas com 15 anos) e da Universidade de Yale, onde fez o doutoramento. Embora seja acusado de ser um "crente na verdade" desiludido, não é verdade que Rorty tivesse, no início de sua carreira, objetivos metafísicos. Em seu primeiro artigo, a primeira frase já dizia "O pragmatismo está se tornando respeitável novamente" (1961). Sua dissertação doutoral levou o título de "The concept of Potentiality" e seu primeiro livro (como editor), "The Linguistic Turn" (1967). Foi influenciado, e ao mesmo tempo se apropriou à sua maneira, dos escritos de John Dewey, e com o notável trabalho feito por filósofos pós-analíticos como W.V.O Quine e Wilfrid Sellars. Rorty fez uma leitura e 'combinação' de todos eles muito original.

Os pragmáticos geralmente defendem que a importância de uma ideia deve ser medida pela sua utilidade ou eficácia para lidar com um dado problema. Esta noção remete, especialmente, a William James, que, no seu livro "Pragmatism", estabeleceu que as ideias devem ser consideradas não como válidas em si mesmas mas como "guias para a acção".

A postura de William James significou uma enorme alteração no pensamento contemporâneo ocidental. A sua premissa fundamental é o "integralismo". James afirmou (até 1906) que a filosofia ocidental não havia feito nada senão viver indo de um extremo a outro no entendimento da existência: de Parménides (como algo sempre estático) a Heráclito (como algo sempre em mudança), de Aristóteles (com a sua insistência no material como critério de verdade) a Platão (com as ideias como parâmetro do certo), de Hegel (com o idealismo) a Auguste Comte (com o positivismo). E assim, sem nunca lograr uma concepção medida da existência, onde o cambiante e o estável, o material e o abstracto, se harmonizem.

Nos últimos anos, o 'antiepistemólogo', que não defendia o fim da filosofia, mas sim da filosofia epistemologicamente centrada, surpreendeu os críticos quando começou a intervir cada vez mais em política. Assim, em 1997 apelou às universidades, num ensaio, a regressar a uma política esquerdista "que no essencial se ocupa de impedir que os ricos desvalorizem o resto da população."

Foi galadoardo com o Prêmio Meister Eckhart no ano de 2001, em cerimônia na qual Jürgen Habermas o nomeou como "um dos mais significativos filósofos da atualidade".[2]

Faleceu em Palo Alto, de cancro (ou câncer) do pâncreas.

Crítica

Em livro de Robert Brandom, intitulado Rorty and his Critics, a filosofia de Richard Rorty recebeu comentários e críticas por parte de Donald Davidson, Jürgen Habermas, Hilary Putnam, John McDowell, Jacques Bouveresse e Daniel Dennett, entre outros.[3]

Obras (seleção)

  • Philosophy and the Mirror of Nature. Princeton: Princeton University Press, 1979.
  • Consequences of Pragmatism. Minneapolis: University of Minnesota Press, 1982.
  • (ed. com J. B. Schneewind and Quentin Skinner) Philosophy in History. Cambridge: Cambridge University Press, 1985.
  • Contingency, irony, and solidarity. Cambridge: Cambridge University Press, 1989. ISBN 978-0-521-35381-6
  • Objectivity, Relativism and Truth: Philosophical Papers I. Cambridge: Cambridge University Press, 1991.
  • Essays on Heidegger and Others: Philosophical Papers II. Cambridge: Cambridge University Press, 1991.
  • Achieving Our Country: Leftist Thought in Twentieth Century America. Cambridge, MA: Harvard University Press, 1998.
  • Truth and Progress: Philosophical Papers III. Cambridge: Cambridge University Press, 1998.
  • Philosophy and Social Hope. New York: Penguin, 2000.
  • Against Bosses, Against Oligarchies: A Conversation with Richard Rorty. Chicago: Prickly Paradigm Press, 2002.
  • The Future of Religion (escrito com Gianni Vattimo) Ed. Santiago Zabala. Columbia: Columbia University Press, 2005.
  • Philosophy as Cultural Politics: Philosophical Papers IV. Cambridge: Cambridge University Press, 2007.

Traduções em português

  • A filosofia e o espelho da natureza. Lisboa: Dom Quixote, 1988.
  • A filosofia e o espelho da natureza. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1994.
  • Contingência, ironia e solidariedade. Lisboa: Presença, 1994.
  • Para realizar a América. Rio de Janeiro: DP&A, 1999.
  • Ensaio sobre Heidegger e outros. Escritos Filosóficos II. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 1999.
  • Objetivismo, relativismo e verdade. Escritos Filosóficos I. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2002.
  • Pragmatismo e política. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
  • Ensaios Pragmatistas. Rio de Janeiro: DP&A, 2006. p. 126. ISBN 8574903809 [4]
  • Contra os patrões, contra as oligarquias: uma conversa com Richard Rorty. São Paulo: Unesp, 2006.
  • Contingência, ironia e solidariedade. São Paulo: Martins Fontes, 2007.
  • Uma ética laica - um Estado novo. São Paulo: Martins Fontes, 2010.
  • Filosofia como política cultural. São Paulo: Martins Fontes, 2019.

Textos

  • Richard Rorty: Cómo ser irónico y morir en el intento Obituario por Miguel Ángel Quintana Paz en la revista Utopía y Praxis Latinoamericana, vol. 12, n. 38 (sept. 2007), p. 154.
  • [Rorty: pragmatismo, ironismo liberal y solidaridad | Dr. Adolfo Vásquez Rocca | Revista Observaciones Filosoficas]
  • Rorty, Richard. Pragmatism, Categories and Language, Philosophical Review, 70: 197–223, 1961.

Referências

  1. Richard Rorty, 75; Leading U.S. Pragmatist Philosopher (em inglês)
  2. Página Oficial da Fundação Meister Eckhart
  3. Versão parcial do livro Rorty and his Critics (em inglês)
  4. Ghiraldelli, Paulo; Rorty, Richard (2006). Ensaios Pragmatistas. Rio de Janeiro: D&PA. 126 páginas. ISBN 8574903809 

Ligações externas

  • Richard Rorty e Roger Scruton, de Paulo Ghiraldelli
  • Redescrever um verbo de Rorty com sabor de Wittgenstein,Paulo Ghiraldelli Jr
  • v
  • d
  • e
Artigos relacionados
Áreas de interesse
Viradas
Lógica
Teorias
Filósofos
Cambridge
Oxford
Círculo de Berlim
Círculo de Viena
Harvard
Pittsburgh School
Princeton
Notre Dame
Língua portuguesa
Ícone de esboço Este artigo sobre uma pessoa é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.
  • v
  • d
  • e
Controle de autoridade
  • Portal de biografias
  • Portal da educação