Teoria da firma

A teoria da firma consiste em várias teorias econômicas que explicam e predizem a natureza da firma, empresa ou corporação, incluindo sua existência, comportamento, estrutura e relacionamento com o mercado.[1] As empresas são os principais impulsionadores da economia, fornecendo bens e serviços em troca de pagamentos e recompensas monetárias. Estrutura organizacional, incentivos, produtividade dos funcionários e informações influenciam a operação bem-sucedida de uma empresa na economia e dentro dela mesma.[2] Assim como as principais teorias econômicas, como a teoria dos custos de transação, economia gerencial e a teoria comportamental da empresa permitirá uma análise aprofundada sobre vários tipos de empresa e gestão.

Teoria da Produção

A Teoria da Produção abrange os conceitos de produção e produtividade. Em conjunto com as teorias dos custos e dos rendimentos, ela permite a uma firma determinar qual a quantidade ideal a ser produzida.[3]

Na teoria da produção no Estagio I o produto total cresce a taxas crescentes e descrescentes até o ponto onde a produtividade marginal do fator variável iguala a produtividade média deste fator em seu máximo, no estágio II o produto total cresce a taxas decrescentes até o seu máximo, sendo a produtividade marginal do fator variável sempre decrescente até o ponto onde ela iguala-se a zero, no estágio III o produto total é decrescente sendo a produtividade marginal do fator variável decrescente e negativa.

Função de Produção

A função de produção representa as possibilidades técnicas de produção eficiente - ou seja, sem desperdício - de uma empresa. Essa função é dada por[4]

q = f ( x 1 , . . . , x n ) {\displaystyle q=f(x_{1},...,x_{n})} ,

onde q {\displaystyle q} é a quantidade produzida e x i {\displaystyle x_{i}} é a quantidade utilizada do fator de produção i.

Fatores fixos e variáveis

Os fatores x i {\displaystyle x_{i}} podem ser classificados em fixos e variáveis:[5]

  • Fatores fixos: independem da quantidade produzida (ex.: aluguel do espaço utilizado)
  • Fatores variáveis: variam conforme o volume produzido (ex.: mão de obra utilizada, energia, matéria-prima etc.)

É fácil notar que qualquer fator fixo, no longo prazo, também varia. O aluguel do espaço utilizado pode ser constante por alguns meses, e sua variação anual pode até ser desconsiderada. Entretanto, não é correto considerar que esse fator seja fixo em um prazo de dez anos. Portanto, a definição de fatores fixos e variáveis está ligado ao conceito de curto e longo prazos.

Na Teoria da Firma, o curto prazo é definido como o espaço de tempo em que há pelo menos um fator fixo envolvido na produção de uma firma.

Produtividade média e marginal

A produtividade média de um fator (PMe) é calculada como o quociente entre a quantidade produzida (q) e a quantidade utilizada do fator em questão (x). Algebricamente:

PMe ( x i ) = q x i {\displaystyle {\mbox{PMe}}(x_{i})={\frac {q}{x_{i}}}}

A produtividade média de x i {\displaystyle x_{i}} mede a quantidade de unidades produzidas que são devidas ao fator i.

A produtividade marginal de um fator (PMg) é calculada como o quociente entre a variação na quantidade produzida (q) e a variação na quantidade utilizada do fator em questão (x). Alternativamente, podemos pensar na produtividade marginal de um fator i como sendo a derivada da função q = f ( x 1 , . . . , x n ) {\displaystyle q=f(x_{1},...,x_{n})} em relação a x 1 {\displaystyle x_{1}} , ou seja:

PMg ( x i ) = Δ q Δ x i = q x i = f ( x 1 , . . . , x n ) x i {\displaystyle {\mbox{PMg}}(x_{i})={\frac {\Delta q}{\Delta x_{i}}}={\frac {\partial q}{\partial x_{i}}}={\frac {\partial f(x_{1},...,x_{n})}{\partial x_{i}}}}

A produtividade marginal de x i {\displaystyle x_{i}} mede a quantidade de unidades produzidas (q) que se aumenta com o acréscimo de uma unidade de x i {\displaystyle x_{i}} .

Formato típico das curvas da função de produção, de produtividade média e de produtividade marginal

A imagem ao lado mostra o formato normalmente apresentado pelas funções de produção, de produtividade média e de produtividade marginal no curto prazo. A sua característica parabólica é resultado da aplicação da Lei dos rendimentos decrescentes. No longo prazo, o formato dessas curvas dependerá do tipo de economia de escala da firma, conforme veremos no item seguinte.

Rendimentos de Escala

Tipos de retornos de escala

O conceito de rendimentos de escala define a forma com que a quantidade produzida aumenta conforme vão se agregando mais fatores de produção. Os rendimentos (ou retornos) de escala podem assumir três formas diferentes:

  • Retornos constantes de escala: ao se aumentar λ {\displaystyle \lambda } vezes os fatores de produção, a quantidade produzida também aumenta λ {\displaystyle \lambda } vezes. Em outras palavras, se q = f ( x 1 , . . . , x n ) {\displaystyle q=f(x_{1},...,x_{n})} , então f ( λ x 1 , . . . , λ x n ) = λ f ( x 1 , . . . , x n ) {\displaystyle f(\lambda x_{1},...,\lambda x_{n})=\lambda \cdot f(x_{1},...,x_{n})} ;
  • Retornos crescentes de escala: quando multiplicamos os fatores de produção por λ {\displaystyle \lambda } , a quantidade produzida aumenta mais do que λ {\displaystyle \lambda } vezes, ou seja: se q = f ( x 1 , . . . , x n ) {\displaystyle q=f(x_{1},...,x_{n})} , então f ( λ x 1 , . . . , λ x n ) > λ f ( x 1 , . . . , x n ) {\displaystyle f(\lambda x_{1},...,\lambda x_{n})>\lambda \cdot f(x_{1},...,x_{n})} ;
  • Retornos decrescentes de escala: ao multiplicarmos os fatores de produção por λ {\displaystyle \lambda } , a quantidade produzida aumentará menos do que λ {\displaystyle \lambda } vezes. Em outras palavras: dado q = f ( x 1 , . . . , x n ) {\displaystyle q=f(x_{1},...,x_{n})} , então f ( λ x 1 , . . . , λ x n ) < λ f ( x 1 , . . . , x n ) {\displaystyle f(\lambda x_{1},...,\lambda x_{n})<\lambda \cdot f(x_{1},...,x_{n})} .

As três funções apresentadas acima também podem ser interpretadas como funções homogêneas de grau 1, maior do que 1 e menor do que 1, respectivamente.

Teoria dos Custos

A teoria dos custos aborda conceitos como Custo econômico, Custo total, Custo Marginal e Custo médio. Naturalmente, o objetivo de uma firma é produzir a quantidade desejada com o mínimo de custos.

Custo econômico

Ver artigo principal: Custo económico

Ao contrário do que se possa imaginar a princípio, o custo econômico não envolve apenas o valor despendido para a aquisição de um bem ou serviço. Esse custo denomina-se custo contábil. O custo econômico é um conceito mais abrangente, que pode ser definido da seguinte forma:

Custo economico = Custo contabil + Custo de oportunidade {\displaystyle {\mbox{Custo economico}}={\mbox{Custo contabil}}+{\mbox{Custo de oportunidade}}}

Ou seja, o custo econômico é igual à soma do custo contábil (também denominado explícito) e o custo de oportunidade (também denominado implícito).

Custo total

O custo total (CT) de uma produção é dado pela soma dos produtos entre os preços de cada um dos fatores de produção e a quantidade utilizada. Ele mede, naturalmente, o custo total em unidades monetárias para se produzir q. Algebricamente:

CT = i = 1 n p i x i {\displaystyle {\mbox{CT}}=\sum _{i=1}^{n}p_{i}\cdot x_{i}}

Podemos, ainda, observar o custo total como sendo uma soma dos custos fixos e variáveis, isto é: CT = CF + CV {\displaystyle {\mbox{CT}}={\mbox{CF}}+{\mbox{CV}}} .

Custo médio

Ver artigo principal: Custo médio

O custo médio (CM) corresponde ao quociente entre o custo total e a quantidade produzida:

CM = CT q {\displaystyle {\mbox{CM}}={\frac {\mbox{CT}}{q}}}

Custo marginal

Ver artigo principal: Custo marginal

De forma semelhante à explanação sobre produtividade média e marginal, dizemos que o custo marginal mostra o quanto se aumenta no custo total da produção ao se produzir mais uma unidade. Podemos, ainda, dizer que o custo marginal é igual à derivada parcial da função de custo total em relação à quantidade produzida.

CMg = Δ CT Δ q = CT q {\displaystyle {\mbox{CMg}}={\frac {\Delta {\mbox{CT}}}{\Delta q}}={\frac {\partial {\mbox{CT}}}{\partial q}}}

Minimização dos custos

Como foi dito anteriormente, o objetivo de uma firma é, dado um nível de produção q {\displaystyle q} , minimizar os custos. Mais especificamente, o objetivo da empresa é minimizar o custo médio (CM) no longo prazo.

Seja X {\displaystyle \mathbf {X} } um vetor de n {\displaystyle n} fatores de produção, ou seja: X = { x 1 , . . . , x n } {\displaystyle \mathbf {X} =\{x_{1},...,x_{n}\}} . Seja, ainda, W {\displaystyle \mathbf {W} } um vetor de n {\displaystyle n} custos associados aos fatores de produção supramencionados, ou seja: W = { w 1 , . . . , w n } {\displaystyle \mathbf {W} =\{w_{1},...,w_{n}\}} . Uma empresa estará minimizando seus custos se

PMg ( x i ) w i = PMg ( x j ) w j , i , j N , 1 i j n {\displaystyle {\frac {{\mbox{PMg}}(x_{i})}{w_{i}}}={\frac {{\mbox{PMg}}(x_{j})}{w_{j}}},\quad \forall i,j\in \mathbb {N} ,\quad 1\leq i\neq j\leq n}

Uma firma minimiza seu custo total médio ao produzir uma quantidade de bens que iguala seu custo total médio e seu custo marginal.

Teoria dos Rendimentos

Em vez de focar uma minimização dos custos a um dado nível de produção, uma firma pode também procurar a maximização de seus lucros. A verdade é que, ao se minimizar os custos, automaticamente estar-se-á maximizando os lucros de uma empresa. A Teoria dos Rendimentos abrange conceitos como a Receita total, a Receita média e a Receita marginal.[6]

Receita total

A receita de uma empresa ( R {\displaystyle R} ) é igual ao produto entre a quantidade produzida ( q {\displaystyle q} ) e o seu preço de venda ( p {\displaystyle p} ) ou igual ao produto entre a quantidade de produtos (um ou varios tipos de produtos, que uma empresa pode comercializar) vendida ( q {\displaystyle q} ) e o seu preço de venda ( p {\displaystyle p} ) - lembre-se de não confundir os conceitos de preço de venda ( p {\displaystyle p} ) e custo (w).[7]

R = q p {\displaystyle R=q*p} ;
s e   t = n   tipos de produtos diferentes, {\displaystyle se\ t=n\ {\text{tipos de produtos diferentes,}}}
R = t = 1 n R ( t )   , l o g o   t = 1 n R ( t ) = R ( 1 ) + . . . + R ( n ) , {\displaystyle R=\sum _{t=1}^{n}R(t)\ ,logo\ \sum _{t=1}^{n}R(t)=R(1)+...+R(n),} portanto, receita pode ser receita parcial quando soma-se um conjunto de produtos fabricado e vendido ou comprado e revendido, sendo esta empresa, tem um universo de produtos, que engloba o conjunto já mencionado e soma-se a esta, outros conjuntos de produtos fabricados e vendidos ou comprados e revendidos pela mesma empresa. Quando somamos as receitas do universo de produtos que uma empresa comercializa (produtos fabricados e vendidos ou comprados e revendidos), esta receita é chamada de Receita Total.[8]

Receita média

A receita média (RMe) é o quociente entre a receita total e a quantidade produzida.

RMe = RT q = p q q = p {\displaystyle {\mbox{RMe}}={\frac {\mbox{RT}}{q}}={\frac {p\cdot q}{q}}=p}

Como era de se imaginar, a receita média é dada pelo preço unitário de venda do produto. Então RMe é igual ao preço

Receita marginal

A receita marginal (RMg) é um conceito tão importante quanto o do Custo Marginal. Ela mede o ganho na receita da empresa obtido pela produção de uma unidade a mais do bem/serviço a ser comercializado. Algebricamente:[9]

RMg = Δ RT Δ q = RT q {\displaystyle {\mbox{RMg}}={\frac {\Delta {\mbox{RT}}}{\Delta q}}={\frac {\partial {\mbox{RT}}}{\partial q}}}

Lucro

O lucro de uma empresa é dado pela diferença entre receitas e despesas. Logo, o lucro total (LT ou π {\displaystyle \pi } ) de uma firma é dado por:

LT = π = RT CT {\displaystyle {\mbox{LT}}=\pi ={\mbox{RT}}-{\mbox{CT}}}

Essa função será máxima em um ponto de máximo na função π {\displaystyle \pi } , onde sua primeira derivada é nula. Isso corresponde a um ponto de inflexão em q na função lucro marginal, ou seja:

π q = RT q CT q {\displaystyle {\frac {\partial \pi }{\partial q}}={\frac {\partial {\mbox{RT}}}{\partial q}}-{\frac {\partial {\mbox{CT}}}{\partial q}}}


π Mg = RMg CMg {\displaystyle \pi {\mbox{Mg}}={\mbox{RMg}}-{\mbox{CMg}}}


π Mg = 0 RMg = CMg {\displaystyle \pi {\mbox{Mg}}=0\to {\mbox{RMg}}={\mbox{CMg}}}

Isso mostra que, para maximizar os lucros, a empresa precisa encontrar o ponto de cruzamento das retas de custo e receita marginais. Em outras palavras, ela deve procurar o nível de produção q {\displaystyle q} tal que, ao se produzir q + 1 {\displaystyle q+1} ou q 1 {\displaystyle q-1} unidades, o custo marginal será maior do que a receita marginal, de forma que produzir q + 1 {\displaystyle q+1} ou q 1 {\displaystyle q-1} unidades se torna menos lucrativo do que produzir apenas q {\displaystyle q} .

Taxa Marginal de Substituição Técnica e Elasticidade da Substituição

A taxa marginal de substituição técnica (TMST) entre os fatores de produção i e j mede a quantidade de unidades de i que se teria de aumentar ao se diminuir em uma unidade a produção de j, tudo isso sem alterar a produção. Ela pode ser expressada, também, como sendo a reta tangente à isoquanta (ou seja, sua derivada). É uma função monotônica e convexa.Algebricamente:[10][11]

TMST i j = PMg ( x i ) PMg ( x j ) = f ( X ) / x i f ( X ) / x j {\displaystyle {\mbox{TMST}}_{ij}=-{\frac {{\mbox{PMg}}(x_{i})}{{\mbox{PMg}}(x_{j})}}=-{\frac {\partial f(\mathbf {X} )/\partial x_{i}}{\partial f(\mathbf {X} )/\partial x_{j}}}}

A elasticidade da substituição entre os mesmos fatores i e j mencionados anteriormente é dado por σ i j {\displaystyle \sigma _{ij}} e mede a facilidade com que se pode substituir esses bens. Esse valor varia entre zero e o infinito, sendo que, quanto mais próximo de zero, mais difícil será a substituição entre os fatores.

Três formatos típicos da curva de elasticidade da substituição
σ i j = PMg ( x i ) / PMg ( x j ) d [ PMg ( x i ) / PMg ( x j ) ] {\displaystyle \sigma _{ij}={\frac {{\mbox{PMg}}(x_{i})/{\mbox{PMg}}(x_{j})}{d\left[{\mbox{PMg}}(x_{i})/{\mbox{PMg}}(x_{j})\right]}}}

Referências Bibliográficas

  • SOUZA, Nali de Jesus de. "Introdução à Economia", 2ª ed.. São Paulo: Atlas, 1997.
  • JEHLE, Geoffrey A. "Advanced Microeconomic Theory".
  • VARIAN, Hal R. "Microeconomic Analysis", 3ª ed.. Nova Iorque, EUA: Norton & Company, 1992.

Referências

  1. Kantarelis, Demetri (2007). Theories of the Firm. Geneve: Inderscience. ISBN 978-0-907776-34-5  Description & review.
      • Spulber, Daniel F. (2009). The Theory of the Firm, Cambridge. Description, front matter, and "Introduction" excerpt.
  2. Cohen, Lloyd R. (1979). «The Firm: A Revised Definition». Southern Economic Journal. 46 (2): 580–590. JSTOR 1057429. doi:10.2307/1057429 
  3. Conceito de producao
  4. Conceito de Função Produção
  5. Conceito de Factor de Produção
  6. Conceito de Rendimento
  7. RECEITA
  8. Economia e Mercados
  9. Conceito de Receita Marginal
  10. Conceito de Taxa Marginal de Substituição Técnica
  11. Conceito de Taxa Marginal de Substituição
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