Campeonato Paulista de Futebol de 1911

Campeonato Paulista de Futebol de 1911
X Campeonato da Liga Paulista Foot-Ball
Dados
Participantes 6
Organização Liga Paulista de Foot-Ball
Período 3 de maio – 29 de outubro de 1911
Gol(o)s 109
Partidas 24
Média 4,54 gol(o)s por partida
Campeão São Paulo Athletic (4º título)
Vice-campeão Americano
Melhor marcador Décio (Americano) - 11 gols
Maiores goleadas
(diferença)
Ypiranga 2 – 7 Americano
Velódromo Paulistano, São Paulo
9 de julho de 1911
 
Americano 7 – 2 Germânia
Velódromo Paulistano, São Paulo
27 de agosto de 1911
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O Campeonato da Liga Paulista Foot-Ball de 1911 foi a décima edição dessa competição entre clubes de futebol paulistanos filiados à LPF. É reconhecido oficialmente pela Federação Paulista de Futebol como a décima edição do Campeonato Paulista de Futebol.[nota 1]

Disputado entre 3 de maio e 29 de outubro, contou com a participação de seis equipes. O São Paulo Athletic conquistou o título, o quarto de sua história e o primeiro em sete temporadas.

Após uma derrota por 4–3 diante do Germânia, a Athletica das Palmeiras abandonou o torneio e a própria liga, acusando supostas irregularidades durante esse prélio. A equipe da Chácara da Floresta só retornou aos gramados com a formação da Associação Paulista de Esportes Atléticos, em 1913.

Como na edição anterior, a média de gols se manteve alta no torneio de 1911, com 109 gols marcados em 24 jogos (uma média de 4,54 por partida).

História

Embora o Internacional estivesse impedido de competir, a LPF permitiu que vários jogadores se transferissem temporariamente para outras equipes da liga. O Paulistano reforçou-se com Léo Bellegarde, Thomaz de Aquino, Orlando Leite, João Facchini, Mario e Juvenal Prado. Já o Germânia acolheu os irmãos Francisco e José Vaz Porto.[2]

O campeonato teve início em 3 de maio no campo do campo do Velódromo Paulistano, que recebeu 23 dos 24 jogos da liga naquela temporada. A então atual bicampeã da LPF, a Athletica das Palmeiras, goleou o Ypiranga por 6-1 Ypiranga. Uma segunda vitória na competição, onze dias depois, diante do Paulistano confirmava a condição de favorito da equipe da Chácara da Floresta. No entanto, na terceira partida, a Athletica sucumbiu diante do São Paulo Athletic, por 3-5. Aquela seria a segunda de uma sequência de quatro vitórias consecutivas do time dos ingleses, seu melhor desempenho desde o campeonato de 1904.

O campeonato transcorreu com aparente normalidade até a partida entre o Germânia e a Athlética das Palmeiras, marcada para 16 de julho. Para a Athlética, a vitória contra o adversário, que havia perdido suas quatro partidas anteriores, era fundamental para manter as chances de conquistar o tricampeonato da liga. Contudo, o time da colônia alemã em São Paulo surpreendeu com a escalação de dois jogadores recém-chegados da Europa, entre eles o alemão Wilhelm (Guilherme) Baumgartner, que, atuando pela extrema esquerda, compôs uma excelente dupla de ataque com um jovem talento Arthur Friedenreich.[3][4][5] Próximo de uma inesperada derrota, a equipe da Athletica apelou para a violência em campo. Um atleta abandonou o campo com um ferimento na cabeça e dois outros foram expulsos. Incitados, torcedores invadiram o campo do Velódromo Paulista e os jogadores do Germânia, que vencia por 4-3, foram obrigados a se retirar do gramado e o juiz encerrou a partida.[6]

Indignados com o revés que deixou a equipe mais distante do tricampeonato da liga, os representantes da Athletica das Palmeiras entraram com um recurso no conselho da LPF para anular aquela partida, acusando o Germânia de escalar Baumgartner em condição irregular, já que ele não teria completado o período mínimo de 30 dias de inscrição na liga por diferença de algumas horas.[7][8] Acrescentaram que o árbitro que havia apitado o jogo, Hugo de Moraes, não estava registrado no quadro de juízes da entidade, que o campo havia sido invadido e o próprio juiz intimidado, e que o time do Germânia se retirou do jogo, o que se configuraria em razão o bastante para a sua desclassificação.[9][10] Sobrou até para a diretoria da LPF, especialmente o major Luiz Fonseca (ligado ao Paulistano, maior rival da Athletica), acusado por não fazer cumprir rigorosamente os estatutos. Apesar dos argumentos, os conselheiros da liga confirmaram a validade da partida e, portanto, a vitória do Germânia. Inconformada com a decisão, a Athletica das Palmeiras repetiu sua atitude de cinco anos antes e abandonou repentinamente a LPF, desta vez para sempre.[6]

Após a baixa, o torneio prosseguiu e o São Paulo Athletic chegou ao título depois de uma vitória sobre o Germânia por 2-0. Era o quarto título do primeiro campeão da LPF e detentor da "Taça Antonio Casimiro da Costa". Mas o campeão de 1911 não recebeu a "Taça Conde Penteado", que estava em posse transitória da Athletica das Palmeiras, vencedor dos dois campeonatos anteriores. O clube da Floresta jamais a devolveu, alegando que aquele troféu era seu por justiça, pois havia conquistado os títulos de 1910, 1909 e o 1906, que lhe fora tirado pela liga.[6]

Em seu primeiro torneio após a transferência de sua sede de Santos para a capital paulista, o Americano chegou mais uma vez ao vice-campeonato, o quarto em cinco participações na liga. Seu elenco daquela temporada contou com o paulista Decio Viccari, que jogava no Botafogo carioca, os ingleses San Jones e Seddon e os irmãos uruguaios Juan Carlos e Augusto Bertone.[11][nota 2]

Participantes

Equipe Cidade Fundação Participação Títulos
Americano São Paulo* 21 de maio de 1903 -
Athletica das Palmeiras São Paulo 9 de novembro de 1902 2 (1909 e 1910)
Germânia São Paulo 7 de setembro de 1899 10ª 1 (1906**)
Paulistano São Paulo 29 de dezembro de 1900 10ª 2 (1905 e 1908)
São Paulo Athletic São Paulo 13 de maio de 1888 10ª 3 (1902, 1903 e 1904)
Club Athletico Ypiranga São Paulo 10 de julho de 1906 -

*Naquela temporada, o Americano transferiu sua sede de Santos para São Paulo.
**A Liga Paulista de Foot-Ball considerou o campeonato de 1906 sem vencedor, mas o título é reconhecido pela Federação Paulista de Futebol como do Germânia.[12][13]

Regulamento

Houve a manutenção da grande maioria das normas das competições anteriores, como a de que cada clube joga duas partidas com os outros participantes, sendo uma como mandante e outra como visitante; o clube vencedor do campeonato anual recebe uma taça, pela qual fica responsável, e terá possa definitiva da mesma aquele que for vencedor de três edições; o campeão é a equipe que somar mais pontos (a vitória vale dois pontos, e o empate, um ponto). Havendo empate no resultado final, disputa-se um jogo extra. Essa partida desempate terminar em empate, é feita uma prorrogação não superior a 30 minutos. Se terminada essa prorrogação continuar o empate, é marcada uma nova partida, e assim por diante.

Tabela

03/5 AA Palmeiras 6-1 Ypiranga

12/5 Ypiranga 2-1 Germânia

14/5 AA Palmeiras 1-0 Paulistano

21/5 São Paulo AC 2-1 Germânia

28/5 São Paulo AC 5-3 AA Palmeiras

04/6 São Paulo AC 4-3 Americano

11/6 São Paulo AC 3-2 Paulistano

18/6 Americano 4-0 Ypiranga

25/6 Germânia 1-4 Ypiranga

29/6 Americano 2-1 Paulistano

02/7 Paulistano 3-0 Germânia

09/7 Ypiranga 2-7 Americano

14/7 Paulistano 2-2 Ypiranga

16/7 Germânia 4-3* AA Palmeiras

23/7 Ypiranga 0-3 Paulistano

20/8 Americano 2-2 São Paulo AC

27/8 Americano 7-2 Germânia

03/9 São Paulo AC 2-1 Ypiranga

17/9 Paulistano 2-1 São Paulo AC

24/9 Paulistano 2-3 Americano

01/10 Germânia 3-2 Paulistano

12/12 Ypiranga 1-2 São Paulo AC

22/10 Germânia 0-2 São Paulo AC

29/10 Germânia 2-1 Americano

*Após este jogo, a AA das Palmeiras pediu a anulação do confronto, alegando que o jogador Baungartner (do Germânia) atuou de forma irregular. Como a LPF homologou o resultado, o time da Chácara da Floresta desistiu da competição.

Classificação final

Classificação - Final
Time PG J V E D GP GC SG
1 São Paulo Athletic 15 9 7 1 1 23 15 8
2 Americano 11 8 5 1 2 29 15 14
3 Paulistano 7 9 3 1 5 17 15 2
4 Germânia 6 9 3 0 6 14 26 - 12
5 Ypiranga 5 9 2 1 6 13 28 - 15
6 Atlética das Palmeiras 4 4 2 0 2 13 10 3
PG - pontos ganhos; J - jogos; V - vitórias; E - empates; D - derrotas; GP - gols pró; GC - gols contra; SG - saldo de gols
Campeão da LPF de 1911
Abandonou a disputa

Premiação

Campeão Paulista de 1911
SÃO PAULO ATHLETIC
(4º título)

Notas

  1. Fundada em 1941, a FPF se tornou a entidade máxima do futebol paulista em 1941 e reconheceu os campeonatos organizados pela Lfesp, LAF, Apea e LPF como edições oficiais do Campeonato Paulista, que contavam quase que exclusivamente com clubes da capital. Os principais jornais de São Paulo à época muitas vezes se referiam aos torneios disputados pelos maiores clubes paulistanos como campeonato de futebol da cidade.[1] No entanto, a FPF não concede o mesmo status para edições do Campeonato do Interior e o Campeonato entre os campeões da capital e do interior (Taça Competência), disputados pela primeira vez em 1919.
  2. O Americano era dirigido pelos irmãos René e Henrique Vanorden, empresários de sucesso no ramo gráfico/editorial e bem relacionados nos negócios de importação, que tinham melhores condições para atrair jogadores.[11]

Referências

  1. «O melhor prelio da rodada inicial» (PDF). Correio de S.Paulo. 25 de abril de 1936. p. 6. Consultado em 24 de dezembro de 2014  A referência emprega parâmetros obsoletos |língua2= (ajuda)
  2. O Estado de S. Paulo, 7 set. 1926, p. 7.
  3. Correio Paulistano, 16 jun. 1911, p. 5.
  4. Correio Paulistano, 17 jul. 1911, p. 4.
  5. O Estado de S. Paulo, 17 jul. 1911, p. 8.
  6. a b c Gambeta, Wilson R (2013). A bola rolou. o velódromo paulista e os espetáculos de futebol (1895/1916) (Tese de Doutorado em História Social). São Paulo: Universidade de São Paulo. p. 317-318. 408 páginas 
  7. Correio Paulistano, 20 jul. 1911, p. 5.
  8. O Estado de S. Paulo, 20 jul. 1911, p. 10.
  9. Correio Paulistano, 23 jul. 1911, p. 4.
  10. O Estado de S. Paulo, 23 jul. 1911, p. 5.
  11. a b Gambeta, Wilson R (2013). A bola rolou. o velódromo paulista e os espetáculos de futebol (1895/1916) (Tese de Doutorado em História Social). São Paulo: Universidade de São Paulo. p. 323-324. 408 páginas 
  12. O Estado de S. Paulo, 18 dez. 1909, p. 7.
  13. Mazzoni, Thomaz (1950). História do futebol no Brasil, 1894-1950. São Paulo: Leia. p. 61 

Ver também

Ligações externas

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