Revolta de 1953 na Alemanha Oriental

Revolta de 1953 na Alemanha Oriental
Parte de Guerra Fria

Um tanque soviético nas ruas de Leipzig em 17 de Junho de 1953
Local Alemanha Oriental
Causas Rejeição das novas quotas laborais
Sentimento anti-comunista
Objetivos Queda do regime comunista
Resultado Vitória do governo comunista alemão oriental
  • Manifestações violentamente reprimidas pelas forças governamentais e pelas forças soviéticas
Participantes do conflito
Alemanha Manifestantes anti-governo
Alemanha Oriental República Democrática Alemã

 União Soviética

  • Grupo das Forças Soviéticas na Alemanha
Líderes
Desconhecido Alemanha Oriental Walter Ulbricht
União Soviética Lavrentiy Beria
Baixas
Alemanha 55-125 mortos, 2-4 suicídios Alemanha Oriental 5 mortos
União Soviética 0-41 mortos

A revolta de 1953 na Alemanha Oriental começou no dia 16 de junho de 1953, com uma greve dos trabalhadores da construção civil em Berlim Oriental, transformando-se, no dia seguinte, em uma revolta generalizada contra o governo da República Democrática Alemã disseminada por toda Alemanha Oriental e prolongou-se até ao dia seguinte. Na Alemanha, o evento é frequentemente referido como Volksaufstand in der DDR, ("Levantamento Popular na RDA")[1] e o dia 17 de junho tornou-se feriado nacional na Alemanha Ocidental, mantido até a reunificação.

O levante foi violentamente reprimido por tanques do Grupo de Forças Soviéticas na Alemanha e pela Volkspolizei. Apesar da intervenção de tropas soviéticas, a onda de greves e protestos não foi facilmente controlada. Mesmo depois de 17 de junho, houve manifestações em mais de 500 localidades.

Memorial das vítimas da Revolta de 1953

Durante a manifestação de 16 de junho, realizada na Stalinallee, por iniciativa de trabalhadores da construção,[2] cerca de 40 operários se dirigiram para a sede do governo para reclamar o regresso às antigas normas e denunciar o aumento da cadência de 10% no volume e horas de trabalho, sem compensação, o que fora estabelecido pelo governo da RDA. À chegada, o cortejo contava já com 2 000 pessoas, em meio às quais se infiltraram elementos da extrema-direita.[carece de fontes?] No início da noite, um comunicado do governo informou que o governo iria rever a sua posição.

Tudo parecia caminhar para um desfecho tranquilo, quando um cartaz clandestino foi colocado e fez lançar palavras de ordem, apelando a uma greve geral para o dia seguinte e reclamando eleições livres e democráticas. No dia 17 de Junho uma imensa vaga de revolta ocorre em numerosas cidades da Alemanha Oriental, no setor soviético. Uma multidão de 60 000 pessoas ataca instalações da polícia, incendeia os prédios da Stasi e sedes de jornais.[3]

Foi o incêndio de um entreposto (a Columbushaus) e a implicação de trabalhadores vindos de Berlim Ocidental que fez com que Walter Ulbricht apelasse às tropas soviéticas para reprimir violentamente a sublevação, qualificada de «contra-revolucionária» e comandada, segundo a posição das autoridades alemãs orientais, pelos ocidentais.

A intervenção de uma coluna de tanques e carros de combate resultou em 55 mortos e numerosos feridos. Os soldados passaram, então, a atirar sobre a multidão desarmada indiscriminadamente.[4] A partir de 18 de junho ocorreram as primeiras execuções sumárias exigidas pelo governo soviético. Nas semanas seguintes, vinte pessoas foram condenadas à morte; 13 000 a 15 000 foram presas, sendo que, dentre essas, duas mil foram condenadas a penas de até 25 anos de prisão, por tribunais soviéticos ou alemães orientais. Para escapar à repressão, a fuga da RDA era a única alternativa possível. A repressão não provocou nenhuma reação do Ocidente.[5]

Os motins cessaram a partir de 23 de Junho, quando a SED anunciou a anulação da medida. As autoridades comunistas iniciaram preventivamente a formação de uma milícia composta por voluntários de confiança, fiéis ao regime, a fim de evitar futuramente ter de recorrer aos serviços do exército soviético, diante de situações semelhantes.

As revoltas tiveram consequências na União Soviética, fazendo com que Lavrenti Beria fosse afastado da direção do NKVD.[carece de fontes?] Em 26 de junho, ele foi preso e posteriormente executado, por ordem de Nikita Khrushchev.

Ver também

Referências

  1. «BStU - Publikationen der Stasi-Unterlagenbehörde - 17. Juni 1953: Volksaufstand in der DDR» 
  2. Reportagem e entrevista com testemunha ocular (em alemão)alemão)alemão)
  3. Droit Emmanuel, « La Stasi face à la « Révolution pacifique » de l’automne 1989 en République démocratique allemande. », Vingtième Siècle. Revue d'histoire, 4/2015 (n° 128), p. 63-76 ; DOI : 10.3917/ving.128.0063.
  4. (em alemão) Mortos de 17 de Junho de 1953
  5. Le 17 juin 1953 : contexte et déroulement Arquivado em 16 de agosto de 2016, no Wayback Machine.. Por Myriam Renaudot.

Bibliografia

  • «Literatura internacional sobre o levante popular de 17 de junho de 1953 na RDA» (em alemão). Base de dados bibliográficos 
  • v
  • d
  • e
Década de 1940
  • Plano Morgenthau
  • Rebelião Hukbalahap
  • Conflito político na Jamaica
  • Dekemvriana
  • Posição soviética na Revolta de Varsóvia
  • Acordo de percentuais
  • Conferência de Ialta
  • Guerra de guerrilha nos Estados Bálticos
  • Soldados amaldiçoados
  • Operação Impensável
  • Operação Downfall
  • Conferência de Potsdam
  • Caso Gouzenko
  • Divisão da Coreia
  • Revolução Nacional da Indonésia
  • Operação Masterdom
  • Operação Beleaguer
  • Operação Lista Negra Quarenta
  • Crise no Irã de 1946
  • Guerra Civil da Grécia
  • Plano Baruch
  • Incidente no Canal de Corfu
  • Crise dos Estreitos Turcos
  • Reafirmação da política sobre a Alemanha
  • Primeira Guerra da Indochina
  • Eleições parlamentares polonesas de 1947
  • Doutrina Truman
  • Conferência de Relações Asiáticas
  • Crises de maio de 1947
  • Partição da Índia
  • Guerra Indo-Paquistanesa de 1947
  • Guerra da Palestina de 1947-1949
  • Plano Marshall
  • Comecon
  • Golpe de Praga
  • Incapacitação do Conselho de Controle Aliado
  • Revolta de Al-Wathbah
  • Ruptura Tito–Stalin
  • Bloqueio de Berlim
  • Anexação de Hyderabad
  • Caso Madiun
  • Traição ocidental
  • Cortina de Ferro
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  • Bloco ocidental
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    • Norman Davies
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    • Robert D. English
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    • Anneli Ute Gabanyi
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    • Lloyd Gardner
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    • John Earl Haynes
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    • Tony Judt
    • Harvey Klehr
    • Gabriel Kolko
    • Walter LaFeber
    • Walter Laqueur
    • Melvyn P. Leffler
    • Geir Lundestad
    • Vojtech Mastny
    • Jack F. Matlock Jr.
    • Thomas J. McCormick
    • Timothy Naftali
    • Marius Oprea
    • David S. Painter
    • William B. Pickett
    • Ronald E. Powaski
    • Yakov M. Rabkin
    • Mary Elise Sarotte
    • Arthur M. Schlesinger Jr.
    • Ellen Schrecker
    • Giles Scott-Smith
    • Shen Zhihua
    • Timothy Snyder
    • Athan Theoharis
    • Andrew Thorpe
    • Vladimir Tismăneanu
    • Patrick Vaughan
    • Alex von Tunzelmann
    • Odd Arne Westad
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    • Ken Young
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    inteligência
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