Valdomiro Castilho de Lima

Valdomiro Lima
Valdomiro Castilho de Lima
Deputado Estadual
Período 1904 - 1917
Interventor federal em São Paulo
Período 1932 – 1933
Dados pessoais
Nascimento 15 de janeiro de 1873
Rio Grande do Sul
Morte 12 de fevereiro de 1938 (65 anos)
Petrópolis

Valdomiro Castilho de Lima (Rio Grande do Sul, 15 de janeiro de 1873 — Petrópolis, 12 de fevereiro de 1938) foi um militar e político brasileiro. Foi interventor federal no estado de São Paulo, de 6 de outubro de 1932 a 27 de julho de 1933 e participou de um grupo de observadores enviados pelo Brasil à Guerra da Abissínia.

Biografia

Livro do General Waldomiro Lima da Campanha da Abissínia

Valdomiro iniciou sua carreira militar no regimento da Guarnição de Fronteira de Missões, em 1890, depois passou para Escola Tática e de Tiro de Rio Pardo.[1] Participou da Revolução de 1893 ao lado das forças legalistas e em 1898 entrou para a Escola Militar da Praia Vermelha, no Rio de Janeiro. De volta ao Rio Grande do Sul foi eleito deputado estadual em 1904.[1] Foi depois reeleito, com mandato até 1913, ao final do qual retornou às atividades militares.[1]

Valdomiro Lima chegou a participar da repressão ao movimento tenentista que eclodiu no Rio de Janeiro em julho de 1922 - mesmo ano em que assumiu o comando do 3º Regimento de Infantaria, na Praia Vermelha. Suas simpatias pelo tenentismo logo o fizeram ser reformado e preso entre 1923 a 1925. Libertado, manteve-se afastado das atividades políticas até 1929, quando se filiou à Aliança Liberal. Após a derrota eleitoral da Aliança Liberal, participou das operações militares que deram início à Revolução de 1930, em Porto Alegre. Valdomiro foi comandante das tropas revolucionárias que ocuparam o quartel da 3ª Região Militar na capital gaúcha, e esteve à frente de uma coluna de quatro mil homens que atravessou o estado de Santa Catarina, atingindo o Paraná.[2]

Após o triunfo da revolução, foi reincorporado à ativa no Exército com a patente de general-de-divisão. Em 1932, comandou a repressão ao Movimento Constitucionalista deflagrado em São Paulo contra o governo de Getúlio Vargas juntamente com o general Góis Monteiro.

Após derrotar os revoltosos paulistas, foi nomeado por Vargas como governador militar em São Paulo, acumulando ainda o comando da 2ª Região Militar, onde permaneceu no período de 9 de outubro de 1932 a 1 de fevereiro de 1933.[3].

Em janeiro de 1933, deixou o comando da 2ª RM e recebeu a função de interventor federal, deixando de ser um governador militar. Enquanto esteve no poder procurou fazer um governo de conciliação com as forças políticas tradicionais do estado de São Paulo, porém seus esforços não evitaram que fosse hostilizado na maior parte do tempo pela grande maioria dessas grupos.[4]

Valdomiro foi homenageado com uma moção de louvor no Congresso Revolucionário realizado no Rio de Janeiro, em novembro de 1932, ao qual compareceram o próprio presidente Vargas, sua esposa Darcy Vargas (que era sobrinha de Valdomiro), bem como vários outros membros de seu governo. O general discursou ao congresso defendendo a representação corporativa, a eleição indireta para presidente e governadores de estado, bem como a adoção de uma legislação trabalhista e social. Enquanto esteve no governo paulista, empenhou-se para que a nova legislação trabalhista fosse aplicada no estado. Também estimulou a sindicalização do patronato e da classe trabalhadora, sempre em moldes corporativos.[1]

Com vistas às eleições para a Assembleia Nacional Constituinte, convocadas por Vargas, Valdomiro organizou dois partidos políticos de âmbito estadual: o Partido da Lavoura, que buscava atrair o apoio dos cafeicultores; e o Partido Socialista Brasileiro, ligado aos setores operários. Ambos, porém, tiveram péssimo desempenho na eleição realizada em maio de 1933, o que acabou determinando o seu afastamento da interventoria paulista. Para o seu lugar, Vargas nomeou Armando de Sales Oliveira, civil e paulista, nome de bom trânsito entre os líderes da Chapa Unida por São Paulo, que vencera a eleição por larga margem.[1]

Após sair do governo paulista ele retornou ao Exército e já no ano de 1935 apoiou as medidas repressivas tomadas pelo governo em represália ao levante esquerdista de novembro, promovidos por setores da Aliança Nacional Libertadora (ANL).[1][2]

Em 10 de dezembro de 1936, assumiu o comando da 1ª Região Militar, sediada no Rio de Janeiro. Porém, sua postura contrária à intervenção federal no Rio Grande do Sul para afastar o governador Flores da Cunha colocou-o em atrito com o governo, particularmente com o general Pedro Aurélio de Góis Monteiro, que acabaria nomeado para a chefia do Estado-Maior do Exército. Foi afastado do comando da 1ª RM em 6 de junho de 1937.[5].

O general morreu em Petrópolis (RJ), em 1938, no Hospital da Beneficência Portuguesa, onde estava internado após passar por um procedimento cirúrgico. Sua causa mortis foi atestada como trombose cerebral.[6]

Referências

  1. a b c d e f Biografia no CPDOC - Fundação Getúlio Vargas.
  2. a b Ministério da Justiça: Arquivo Nacional (ed.). «Inventário Analítico - Valdomiro Castilho de Lima» (PDF). Consultado em 11 de agosto de 2019 .
  3. «Antigos Comandantes da 2a. RM». Consultado em 13 de novembro de 2021 
  4. Arquivo da Biblioteca Nacional (ed.). «O Jornal (Ano XIV) Edição nº 4.279 de Quinta-feira, 13 de outubro de 1922» (PDF). Consultado em 11 de agosto de 2019 .
  5. «Antigos Comandantes da 1a. RM». Consultado em 13 de novembro de 2021 
  6. Correio Paulistano (Ano: LXXXIV). Edição nº 25.132 de Domingo, 13 de fevereiro de 1938 - reportagem de capa


Precedido por
Pedro Aurélio de Góis Monteiro

16º Comandante da 2.ª Região Militar

1932 — 1933
Sucedido por
Manuel de Cerqueira Daltro Filho
Precedido por
Herculano de Carvalho e Silva
Interventor federal em São Paulo
1932 – 1933
Sucedido por
Manuel de Cerqueira Daltro Filho
Precedido por
Eurico Gaspar Dutra

23º Comandante da 1ª Região Militar

1936 — 1937
Sucedido por
Almério de Moura


  • v
  • d
  • e
  1. Prudente de Morais
  2. Jorge Tibiriçá
  3. Américo Brasiliense
  4. Tertuliano Castelo Branco
  5. Cerqueira César
  6. Bernardino de Campos
  7. Peixoto Gomide
  8. Campos Sales
  9. Peixoto Gomide
  10. Fernando Prestes
  11. Rodrigues Alves
  12. Domingos de Morais
  13. Bernardino de Campos
  14. Jorge Tibiriçá
  15. Albuquerque Lins
  16. Rodrigues Alves
  17. Altino Arantes
  18. Washington Luís
  19. Carlos de Campos
  20. Antônio Dino Bueno
  21. Júlio Prestes
  22. Heitor Penteado
  23. Hastínfilo de Moura
  24. José Maria Whitaker
  25. Plínio Barreto
  26. Lins de Barros
  27. Laudo de Camargo
  28. Manuel Rabelo
  29. Pedro de Toledo
  30. Herculano de Carvalho
  31. Castilho de Lima
  32. Daltro Filho
  33. Armando de Sales
  34. Smith Bayma
  35. Melo Neto
  36. Silva Júnior
  37. Ademar de Barros
  38. Sousa Costa
  39. Nogueira de Lima
  40. Macedo Soares
  41. Ademar de Barros
  42. Lucas Nogueira Garcez
  43. Jânio Quadros
  44. Carvalho Pinto
  45. Ademar de Barros
  46. Laudo Natel
  47. Abreu Sodré
  48. Laudo Natel
  49. Paulo Egydio Martins
  50. Paulo Maluf
  51. José Maria Marin
  52. Franco Montoro
  53. Orestes Quércia
  54. Fleury Filho
  55. Mário Covas
  56. Geraldo Alckmin
  57. Cláudio Lembo
  58. José Serra
  59. Alberto Goldman
  60. Geraldo Alckmin
  61. Márcio França
  62. João Doria
  63. Rodrigo Garcia
  64. Tarcísio de Freitas

Sede e
residência