José Maria Whitaker

José Maria Whitaker
José Maria Whitaker
Ministro da Fazenda
Período 13 de abril de 1955
até 10 de outubro de 1955[1]
Presidente Café Filho
Antecessor(a) Eugênio Gudin[1]
Sucessor(a) Mário Câmara[1]
Período 4 de novembro de 1930
até 16 de novembro de 1931[1]
Presidente Getúlio Vargas
Antecessor(a) Agenor Lafayette de Roure[1]
Sucessor(a) Osvaldo Aranha[1]
Chefe do Governo Provisório de São Paulo[nota 1]
Período 28 de outubro de 1930
até 4 de novembro de 1930[2]
Antecessor(a) Hastínfilo de Moura[2]
Sucessor(a) Plínio Barreto[2]
Presidente do Banco do Brasil
Período 20 de dezembro de 1920
até 27 de dezembro de 1922[4]
Antecessor(a) José Joaquim Monteiro de Andrade[4]
Sucessor(a) Daniel de Mendonça (interino)[4]
Dados pessoais
Nascimento 20 de maio de 1878[5]
São Paulo[5]
Morte 19 de novembro de 1970 (92 anos)
São Paulo [5]
Nacionalidade brasileiro
Alma mater Direito de São Paulo[2]
Esposa Amélia Peres[2][6]
Filhos(as) 14[6]
Religião Católico[6]
Profissão Advogado, banqueiro, servidor público[7][6]

José Maria Whitaker (São Paulo, 20 de maio de 1878São Paulo, 19 de novembro de 1970) foi um advogado, banqueiro e servidor público brasileiro. Ocupou os cargos de ministro da Fazenda de 1930 e 1931 e em 1951, presidente do Banco do Brasil entre 1920 e 1922 e governador de São Paulo durante alguns dias.[5][6] Foi o fundador do Banco Comercial do Estado de São Paulo.[5]

Família e educação

Whitaker e a esposa, Amélia Peres, durante a comemoração de suas bodas de ouro

Nascido na capital paulista em 1878, Whitaker era filho do comerciante descendente de irlandeses[8] Firmino Antônio da Silva Whitaker e de Guilhermina Flora dos Anjos.[6][2] Tinha seis irmãos, incluindo Firmino Whitaker, que integrou o Supremo Tribunal Federal de 1927 a 1934.[2] Em 1897, casou-se com Amélia Peres, com quem teve 14 filhos.[2] Eles completaram bodas de ouro em 1947, com a comemoração sendo realizada juntamente com o casamento de uma de suas netas.[9]

Em 1895, Whitaker graduou-se em Ciências Sociais pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. No ano seguinte, graduou-se em Ciências Jurídicas pela mesma instituição. Mais tarde, publicou três livros sobre economia e finanças. Além de simpático ao republicanismo e ao liberalismo econômico, Whitaker era católico, e incluiu sua visão religiosa em suas publicações.[6] Escreveu ainda uma autobiografia, O milagre de minha vida, que foi publicada postumamente em 1978.[2]

Carreira

Como empresário

Após a formatura, Whitaker se mudou para a cidade de Espírito Santo do Pinhal, no interior paulista.[6] Lá, exerceu a advocacia até 1903, ano em que fundou a Whitaker Bonfim & Cia, destinada à comercialização do café.[10] Inicialmente, atuou como comissário e em seguida como exportador deste produto em Santos.[6] Em 1910, foi escolhido presidente da Associação Comercial de Santos.[10]

Em 1912, Whitaker fundou o Banco Comercial do Estado de São Paulo, em decorrência da dificuldade que encontrou junto aos bancos nacionais para obter financiamento empresarial.[6] Fundou, em sociedade, duas companhias de seguros em 1918 e em 1920.[6][2] Uma delas, a Companhia Americana de Seguros, foi vendida para um grupo inglês.[2]

Whitaker focou em seus negócios enquanto esteve afastado das funções públicas. Em 1972, o Banco Comercial fundiu-se com outras instituições financeiras para dar início a um novo grupo, o Banco União Comercial, que também comandava uma refinaria de petróleo. Em 1974, o banco foi incorporado pelo Banco Itaú Sociedade Anônima.[2]

Funções públicas

Whitaker foi nomeado presidente do Banco do Brasil por Epitácio Pessoa, presidente da República.[4][6] No exercício do cargo, entre 1920 e 1922, criou a Câmara de Compensação de Cheques, a Carteira de Redesconto e a Carteira de Crédito Agrícola, bem como reformou os estatutos da instituição.[5][2] Ao término do mandato, os recursos movimentados pelo Banco do Brasil quintuplicaram, aumentando sua influência no sistema financeiro brasileiro.[2]

Em 1926, Whitaker foi convidado pelo novo presidente da República, Washington Luís, a reassumir o comando do Banco do Brasil, mas recusou a oferta em virtude das divergências econômicas que mantinham. Com a Revolução de 1930, ocupou durante alguns dias a chefia do governo civil do estado de São Paulo.[2] Na época, era ligado ao Partido Democrático.[7] Deixou a função para assumir o Ministério da Fazenda, após ser nomeado pelo presidente Getúlio Vargas.[2]

No primeiro período em que esteve à frente do Ministério da Economia, Whitaker socorreu o setor cafeeiro com a compra de dezoito milhões de sacas do produto. A medida ampliou o déficit do Tesouro, forçando a emissão de moeda, além de levar ao aumento dos impostos sobre o café e a proibição de seu plantio por cinco anos.[2] Deixou o posto em novembro de 1931.[1]

José Maria Whitaker foi ministro da fazenda nos governos de Getúlio Vargas e Café Filho.

Durante a Revolução Constitucionalista de 1932, Whitaker participou como arrecadador da Campanha do Ouro, empreendida para financiar os revoltosos paulistas.[6][11] O movimento foi derrotado e, embora não tenha sido vítima da repressão do governo Vargas a seus integrantes, conforme ocorrido com outros líderes da Revolução Constitucional, afastou-se da vida pública nas próximas décadas.[2]

Em 1955, Whitaker reassumiu o Ministério da Fazenda no governo de Café Filho, após ser indicado pelo governador Jânio Quadros. Nesta gestão, buscou reduzir os gastos públicos, de modo a equilibrar o orçamento, e empreendeu uma reforma cambial.[2] Whitaker renunciou em outubro do mesmo ano,[1] diante da decisão do presidente de submeter ao Congresso a reforma cambial de seu ministro.[2]

Distinções

Em 1968, Whitaker foi agraciado com a Grã Cruz da Ordem do Rio Branco pelo chanceler Magalhães Pinto. Foi intitulado Cidadão Benemérito de São Paulo, pela Assembleia Legislativa de São Paulo, em seu nonagésimo aniversário.[12] Na Zona Sul de São Paulo, uma escola estadual foi nomeada em sua homenagem.[13]

Notas

  1. No sítio da Assembleia Legislativa de São Paulo, há a informação de que Whitaker ocupou o cargo de "governador", ao contrário da Fundação Getúlio Vargas, que o intitulou "chefe do governo provisório."[2][3]

Referências

  1. a b c d e f g h «Ministros de Estado da Fazenda - República». Ministério da Economia. 2018. Consultado em 27 de julho de 2020 
  2. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u «WHITAKER, José Maria». Fundação Getúlio Vargas. 2009. Consultado em 27 de julho de 2020 
  3. «RELAÇÃO DOS GOVERNANTES NO PERÍODO DE 1900 A 2012». Assembleia Legislativa de São Paulo. 21 de setembro de 2012. Consultado em 27 de julho de 2020 
  4. a b c d «BANCO DO BRASIL – RELAÇÃO DOS PRESIDENTES (DESDE 1853)» (PDF). “História do Banco do Brasil – de 1906 a 2011, de Fernando Pinheiro. Banco do Brasil. Janeiro de 2019. Consultado em 27 de julho de 2020 
  5. a b c d e f «José Maria Whitaker». Ministério da Economia. 22 de abril de 2015. Consultado em 27 de julho de 2020 
  6. a b c d e f g h i j k l m Marcelo Milan (2019). «José Maria Whitaker, um banqueiro paulistano do café no governo central: a dialética do particular e do universal» (PDF). Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Consultado em 27 de julho de 2020 
  7. a b «A Era Vargas: dos anos 20 a 1945: José Maria Whitaker». Fundação Getúlio Vargas. 2020. Consultado em 27 de julho de 2020 
  8. «Famílias brasileiras descendentes de irlandeses». BNDigital. Consultado em 20 de agosto de 2023 
  9. «Bodas de Ouro de José Maria Whitaker e Amélia Peres e o casamento de sua neta Maria Lúcia Whitaker com Marcelo de Camargo Vidigal, realizado na Igreja de Santa Cecília». Fundação Getúlio Vargas. 2009. Consultado em 27 de julho de 2020 
  10. a b «José Maria Whitaker». Fundação Getúlio Vargas. 2020. Consultado em 27 de julho de 2020 
  11. Regina da Luz Moreira (2020). «Fatos & Imagens > Revolução Constitucionalista de 1932». Fundação Getúlio Vargas. Consultado em 27 de julho de 2020 
  12. «Avenida José Maria Whitaker». Arquivo Histórico de São Paulo. SP Bairros. Consultado em 27 de julho de 2020 
  13. «Localize uma Escola». Secretaria de Educação de São Paulo. Coordenadoria de Gestão de Recursos Humanos. Consultado em 27 de julho de 2020 

Ligações externas

Precedido por
Hastínfilo de Moura
Governador de São Paulo
1930
Sucedido por
Plínio Barreto
Precedido por
Agenor Lafayette de Roure
Ministro da Fazenda
1930–1931
Sucedido por
Osvaldo Aranha
Precedido por
Otávio Gouveia de Bulhões
Ministro da Fazenda
1955
Sucedido por
Mário Leopoldo Pereira da Câmara
Precedido por
José Joaquim Monteiro de Andrade
Presidente do Banco do Brasil
1920–1922
Sucedido por
Daniel de Mendonça (interino)
  • v
  • d
  • e
  1. Prudente de Morais
  2. Jorge Tibiriçá
  3. Américo Brasiliense
  4. Tertuliano Castelo Branco
  5. Cerqueira César
  6. Bernardino de Campos
  7. Peixoto Gomide
  8. Campos Sales
  9. Peixoto Gomide
  10. Fernando Prestes
  11. Rodrigues Alves
  12. Domingos de Morais
  13. Bernardino de Campos
  14. Jorge Tibiriçá
  15. Albuquerque Lins
  16. Rodrigues Alves
  17. Altino Arantes
  18. Washington Luís
  19. Carlos de Campos
  20. Antônio Dino Bueno
  21. Júlio Prestes
  22. Heitor Penteado
  23. Hastínfilo de Moura
  24. José Maria Whitaker
  25. Plínio Barreto
  26. Lins de Barros
  27. Laudo de Camargo
  28. Manuel Rabelo
  29. Pedro de Toledo
  30. Herculano de Carvalho
  31. Castilho de Lima
  32. Daltro Filho
  33. Armando de Sales
  34. Smith Bayma
  35. Melo Neto
  36. Silva Júnior
  37. Ademar de Barros
  38. Sousa Costa
  39. Nogueira de Lima
  40. Macedo Soares
  41. Ademar de Barros
  42. Lucas Nogueira Garcez
  43. Jânio Quadros
  44. Carvalho Pinto
  45. Ademar de Barros
  46. Laudo Natel
  47. Abreu Sodré
  48. Laudo Natel
  49. Paulo Egydio Martins
  50. Paulo Maluf
  51. José Maria Marin
  52. Franco Montoro
  53. Orestes Quércia
  54. Fleury Filho
  55. Mário Covas
  56. Geraldo Alckmin
  57. Cláudio Lembo
  58. José Serra
  59. Alberto Goldman
  60. Geraldo Alckmin
  61. Márcio França
  62. João Doria
  63. Rodrigo Garcia
  64. Tarcísio de Freitas

Sede e
residência
  • v
  • d
  • e
Colônia e
Reino Unido
Regência
(príncipe D. Pedro)
Primeiro reinado
(D. Pedro I)
Período regencial
Segundo reinado
(D. Pedro II)
República Velha
(1.ª República)
Era Vargas
(2.ª e 3.ª Repúblicas)
Período Populista
(4.ª República)
Ditadura militar
(5.ª República)
Nova República
(6.ª República)
Indica secretário com atribuições equivalentes ao ministro da Fazenda (órgão extinto durante o governo Bolsonaro)
  • v
  • d
  • e
Gabinete de Getúlio Vargas (1930–1945)
Vice-presidente
Nenhum (1930–1945)
Getúlio Vargas, 14º Presidente do Brasil
Ministérios
Aeronáutica
Agricultura
Joaquim Francisco de Assis Brasil (1930–1932) • Juarez Távora (1932–1934) • Edmundo Navarro de Andrade (interino) (1933) • Odilon Duarte Braga (1934–1937) • Guilherme Edelberto Hermsdorff (interino) (1934) • José Solano Carneiro da Cunha (interino) (1935) • Fernando de Sousa Costa (1937–1941) • Carlos de Sousa Duarte (1941–1942) • Apolônio Jorge de Faria Sales (1942–1945) • João Maurício de Medeiros (interino) (1944–1945)
Educação e Saúde Pública
Francisco Campos (1930–1932) • Belisário Penna (interino) (1931) • Washington Ferreira Pires (1932–1934) • Gustavo Capanema (1934–1945)
Fazenda
José Maria Whitaker (1930–1931) • Osvaldo Aranha (1931–1934) • Artur de Sousa Costa (1934–1945) • Orlando Bandeira Vilela (interino) (1937) • Romero Estelita Cavalcanti Pessoa (interino) (1939) • Paulo de Lira Tavares (interino) (1944)
Guerra
Justiça e Negócios Interiores
Osvaldo Aranha (1930–1931) • Maurício Cardoso (1931–1932) • Francisco Campos (1932) • Afrânio de Melo Franco (1932) • Francisco Antunes Maciel Júnior (1932–1934) • Vicente Rao (1934–1937) • Agamenon Magalhães (1937) • José Carlos de Macedo Soares (1937) • Francisco Campos (1937–1942) • Alexandre Marcondes Machado Filho (1942–1943) • Fernando Antunes (1943) • Alexandre Marcondes Machado Filho (1943–1945) • Agamenon Magalhães (1945)
Marinha
Isaías de Noronha (1930) • Conrado Heck (1930–1931) • Protógenes Guimarães (1931–1935) • Henrique Aristides Guilhem (1935–1945)
Relações Exteriores
Afrânio de Melo Franco (1930–1933) • Félix de Barros Cavalcanti de Lacerda (1933–1934) • José Carlos de Macedo Soares (1934–1936) • Mário de Pimentel Brandão (1936–1938) • Osvaldo Aranha (1938–1944) • Ciro de Freitas Vale (1939) • Pedro Leão Veloso (1944–1945)
Trabalho, Indústria e Comércio
Lindolfo Collor (1930–1932) • Joaquim Pedro Salgado Filho (1932–1934) • Agamenon Magalhães (1934–1937) • Waldemar Falcão (1937–1941) • Dulfe Pinheiro Machado (1941) • Alexandre Marcondes Machado Filho (1941–1945)
Viação e Obras Públicas
Juarez Távora (1930) • Paulo de Morais Barros (1930) • José Américo de Almeida (1930–1934) • Fernando Augusto de Almeida Brandão (interino) (1932) • João Marques dos Reis (1934–1937) • João de Mendonça Lima (1937–1945) • Érico Delamare (interino) (1938) • João de Mendonça Lima (1937–1945)
Órgãos
(ligados à
Presidência da
República)
Consultoria Geral
da República
Levi Carneiro (1930–1932) • Raul Fernandes (1932) • Carlos Maximiliano Pereira dos Santos (1932–1933) • Fernando Antunes (1933) • Francisco Campos (1934-1937) • Aníbal Freire da Fonseca (1938–1940) • Orozimbo Nonato (1940–1941) • Hahnemann Guimarães (1941–1945) • Themístocles Cavalcanti (1945)
Departamento Administrativo
do Serviço Público
Luís Simões Lopes (1938–1945)
Gabinete Civil
Gregório da Fonseca (1930–1934) • Ronald de Carvalho (1934–1935) • Artur Guimarães de Araújo Jorge (1935) • Otto Prazeres (1935–1936) • Luís Fernandes Vergara (1936–1945)
Gabinete Militar
Francisco Ramos de Andrade Neves (1930–1931) • Raul Tavares (1931) • João Ferreira Johnson (1931–1932) • Pantaleão da Silva Pessoa (1932–1935) • Newton de Andrade Cavalcanti (1935) • Francisco José Pinto (1935–1942) • Firmo Freire do Nascimento (1942–1945)
← Gabinete da Junta Governativa Provisória de 1930 • Gabinete de José Linhares (1945–1946) →
  • v
  • d
  • e
Gabinete de Café Filho (1954–1955)
Vice-presidente
Nenhum (1954–1955)
Café Filho, 18º Presidente do Brasil
Ministérios
Aeronáutica
Eduardo Gomes (1954–1955)
Agricultura
Educação
Edgard Santos (1954) • Cândido Mota Filho (1954–1955)
Fazenda
Eugênio Gudin (1954–1955) •

Otávio Gouveia de Bulhões (1954) • José Maria Whitaker (1955) •

Mário Leopoldo Pereira da Câmara (1955)
Guerra
Justiça e Negócios Interiores
Marinha
Saúde
Relações Exteriores
Vicente Rao (1954) • Raul Fernandes (1954–1955)
Trabalho, Indústria e Comércio
Viação e Obras Públicas
Órgãos
(ligados à
Presidência da
República)
Consultoria Geral
da República
Departamento Administrativo
do Serviço Público
Arizio de Viana (1954) • Jair Tovar (1954–1955)
Estado-Maior
das Forças Armadas
Gabinete Civil
Gabinete Militar
Juarez Távora (1954–1955) • José Bina Machado (1955)
Gabinete de Getúlio Vargas (1951–1954) • Gabinete de Carlos Luz (1955) →
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