José Américo de Almeida

José Américo de Almeida
José Américo de Almeida
Nascimento 10 de janeiro de 1887
Areia, PB
Morte 10 de março de 1980 (93 anos)
João Pessoa, PB
Nacionalidade brasileiro
Ocupação escritor, romancista, ensaísta, poeta, cronista, advogado, professor universitário, folclorista e sociólogo.
Prémios Prêmio Juca Pato (1976)
Magnum opus A Bagaceira (1928)

José Américo de Almeida (Areia, 10 de janeiro de 1887João Pessoa, 10 de março de 1980), também chamado de Zé Américo, foi um romancista, ensaísta, poeta, cronista, político, advogado, professor universitário, folclorista e sociólogo brasileiro.[1]

Biografia

Formou-se em direito pela Faculdade de Direito do Recife em 1908, tendo sido promotor público da comarca do Recife, promotor público da comarca de Sousa na Paraíba, procurador-geral do estado da Paraíba aos vinte e quatro anos, secretário de governo, deputado federal e interventor.[1] Foi ministro da Viação e Obras Públicas nos dois governos de Getúlio Vargas, senador, ministro do Tribunal de Contas da União, governador da Paraíba, fundador da Universidade Federal da Paraíba e seu primeiro reitor. Apoiou a Revolução de 1930 e era conhecido como eminência civil da Revolução no Nordeste.[2]

Em 1934, conheceu o jovem tenente Ernesto Geisel, quando este era secretário da Fazenda, Agricultura e Obras Públicas da Paraíba, a quem teria oferecido uma cadeira de deputado federal.[2] Geisel recusou, alegando gostar da vida militar.[2] José Américo logo depois foi nomeado embaixador no Vaticano.[2]

Américo chegou a ser pré-candidato à Presidência da República, apoiado por Vargas para as eleições de 1938, porém as mesmas não aconteceram, em razão do autogolpe dado por Getúlio em 1937, que deu início ao período do Estado Novo.[1] No final do governo Vargas, em 1945, conseguiu o restabelecimento da liberdade de imprensa.[2] Participou de mais de um partido político, como a União Democrática Nacional (1947–1950) e, posteriormente, o Partido Libertador (1950).[3]

Destacou-se no cenário nacional com a publicação de A bagaceira (1928), romance inaugural do chamado Romance de 30.

Em 16 de julho de 1973 esteve com o já presidente eleito Ernesto Geisel, a quem aconselhou manter o Ato Institucional Número Cinco para segurança das instituições.[2] José Américo era conhecido por trazer má sorte e nas notas datilografadas que ele deixou com Geisel, o ministro Golbery escreveu "bater três vezes na madeira".[2]

Academia Brasileira de Letras

Foi o quinto ocupante da cadeira 38 da Academia Brasileira de Letras, tendo sido eleito em 27 de outubro de 1966, na sucessão de Maurício Campos de Medeiros, e recebido pelo acadêmico Alceu Amoroso Lima em 28 de junho de 1967.[1]

Obras literárias

  • Reflexões de uma cabra, 1922
  • A Paraíba e seus problemas, 1923
  • A bagaceira, 1928
  • O boqueirão, 1935
  • Coiteiros, 1935
  • Ocasos de sangue, 1954
  • Discursos de seu tempo, 1964
  • A palavra e o tempo, 1965
  • O ano do nego, 1968
  • Eu e eles, 1970
  • Quarto minguante, 1975
  • Antes que me esqueça, 1976
  • Sem me rir, sem chorar, 1984

Documentário

O documentário "O Homem de Areia" (1981) de Vladimir Carvalho, conta a trajetória de vida de José Américo de Almeida. Pouco depois do início, Jorge Amado e sua esposa aparecem e homenageiam José Américo e sua obra A Bagaceira. Amado diz que se não tivesse lido o livro de José Américo, não teria escrito Cacau.

José Américo concede uma longa entrevista na qual responde perguntas sobre momentos históricos da política do país que testemunhou e protagonizou, iniciando com a crise na Paraíba que culminou com o assassinato do presidente João Pessoa. Afirma que, como político, não era eficiente no dia a dia dos governos, mas conseguia arregimentar e aglutinar as massas com seus discursos em praça pública. Cita a frase de sua autoria "Vamos fazer a política dos pobres, pois a dos ricos já está feita". O escritor Ariano Suassuna aparece em breve depoimento comentando os fatos narrados por José Américo (de quem era adversário político) em suas memórias sobre João Dantas (que assassinou João Pessoa). José Américo também fala sobre Luis Carlos Prestes. Disse que a Coluna Prestes só fazia inimigos por onde passou no Nordeste, já que seus integrantes constantemente roubavam bens da população simples.

Outra personalidade com quem o escritor conviveu foi Getúlio Vargas. Após chegar ao poder após a Revolução de 1930, José Américo sofreu um golpe de Getúlio ao ter a sua candidatura ao Governo em 1937 impedida pela instalação do Estado Novo. Em 1945, José Américo deu uma entrevista em favor da liberdade da imprensa e, diante da repercussão havida, conta que Getúlio achou que ele contasse com uma grande força por trás, o que teria favorecido a saída do ditador do governo pouco tempo depois. Em 1954, José Américo, que reatara com Getúlio e assumira um ministério, era favorável à renúncia, quando recebeu a notícia do suicídio do Presidente. Já nos anos finais da vida, quando se falava em abertura política, José Américo foi indagado sobre a reforma agrária e a distribuição das terras banhadas pelos açudes - construções sobre as quais se dizia que só beneficiavam as terras dos grandes proprietários nordestinos.

Referências

  1. a b c d «José Américo de Almeida». Enciclopédia Mirador Internacional. UOL - Educação. Consultado em 10 de janeiro de 2013  A referência emprega parâmetros obsoletos |língua2= (ajuda)
  2. a b c d e f g Gaspari, Elio (2014). A Ditadura Derrotada 2 ed. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca. 544 páginas. ISBN 978-85-8057-432-6 
  3. http://www.fgv.br/cpdoc/acervo/dicionarios/verbete-biografico/almeida-jose-americo-de

Ligações externas

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre José Américo de Almeida
  • Perfil no sítio da Academia Brasileira de Letras
  • Fundação José Américo

Precedido por
Álvaro Pereira de Carvalho
Interventor federal na Paraíba
1930
Sucedido por
Antenor de França Navarro
Precedido por
Juarez Távora
Ministro dos Transportes do Brasil
1930 — 1934
Sucedido por
Fernando Augusto de Almeida Brandão
Precedido por
Osvaldo Trigueiro de Albuquerque Melo
Governador da Paraíba
1951 — 1956
Sucedido por
Flávio Ribeiro Coutinho
Precedido por
Francisco Mendes
Ministro dos Transportes do Brasil
1953 — 1954
Sucedido por
Lucas Lopes
Precedido por
Maurício Campos de Medeiros
ABL - quinto acadêmico da cadeira 38
1966 — 1980
Sucedido por
José Sarney
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Venâncio Neiva Junta governativa paraibana de 1891 Álvaro Lopes Machado Antônio Alfredo da Gama e Melo José Peregrino de Araújo Álvaro Lopes Machado Valfredo Leal João Lopes Machado Castro Pinto Antônio da Silva Pessoa Sólon de Lucena Francisco Camilo de Holanda Sólon de Lucena João Suassuna João Pessoa • Álvaro Pereira de Carvalho José Américo de Almeida • Antenor de França Navarro Gratuliano da Costa Brito José Marques da Silva Mariz Argemiro de Figueiredo Antônio Galdino Guedes Rui Carneiro Samuel Duarte Severino Montenegro Odon Bezerra Cavalcanti José Gomes da Silva • Osvaldo Trigueiro José Américo de Almeida • Flávio Ribeiro Coutinho Pedro Gondim José Fernandes de Lima Pedro Gondim João Agripino Ernâni Sátiro Ivan Bichara Dorgival Terceiro Neto Tarcísio Burity Clóvis Bezerra Cavalcanti Wilson Braga Rivando Bezerra Cavalcanti Milton Cabral Ronaldo Cunha Lima Cícero Lucena Antônio Mariz José Maranhão Roberto Paulino Cássio Cunha Lima José Maranhão Ricardo Coutinho João Azevêdo

Bandeira da Paraíba
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Segundo reinado
(D. Pedro II)
República Velha
(1.ª República)
Era Vargas
(2.ª e 3.ª Repúblicas)
Período Populista
(4.ª República)
Ditadura militar
(5.ª República)
Nova República
(6.ª República)
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Gabinete de Getúlio Vargas (1930–1945)
Vice-presidente
Nenhum (1930–1945)
Getúlio Vargas, 14º Presidente do Brasil
Ministérios
Aeronáutica
Agricultura
Joaquim Francisco de Assis Brasil (1930–1932) • Juarez Távora (1932–1934) • Edmundo Navarro de Andrade (interino) (1933) • Odilon Duarte Braga (1934–1937) • Guilherme Edelberto Hermsdorff (interino) (1934) • José Solano Carneiro da Cunha (interino) (1935) • Fernando de Sousa Costa (1937–1941) • Carlos de Sousa Duarte (1941–1942) • Apolônio Jorge de Faria Sales (1942–1945) • João Maurício de Medeiros (interino) (1944–1945)
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Francisco Campos (1930–1932) • Belisário Penna (interino) (1931) • Washington Ferreira Pires (1932–1934) • Gustavo Capanema (1934–1945)
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Guerra
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Consultoria Geral
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Levi Carneiro (1930–1932) • Raul Fernandes (1932) • Carlos Maximiliano Pereira dos Santos (1932–1933) • Fernando Antunes (1933) • Francisco Campos (1934-1937) • Aníbal Freire da Fonseca (1938–1940) • Orozimbo Nonato (1940–1941) • Hahnemann Guimarães (1941–1945) • Themístocles Cavalcanti (1945)
Departamento Administrativo
do Serviço Público
Luís Simões Lopes (1938–1945)
Gabinete Civil
Gregório da Fonseca (1930–1934) • Ronald de Carvalho (1934–1935) • Artur Guimarães de Araújo Jorge (1935) • Otto Prazeres (1935–1936) • Luís Fernandes Vergara (1936–1945)
Gabinete Militar
Francisco Ramos de Andrade Neves (1930–1931) • Raul Tavares (1931) • João Ferreira Johnson (1931–1932) • Pantaleão da Silva Pessoa (1932–1935) • Newton de Andrade Cavalcanti (1935) • Francisco José Pinto (1935–1942) • Firmo Freire do Nascimento (1942–1945)
← Gabinete da Junta Governativa Provisória de 1930 • Gabinete de José Linhares (1945–1946) →
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Gabinete de Café Filho (1954–1955)
Vice-presidente
Nenhum (1954–1955)
Café Filho, 18º Presidente do Brasil
Ministérios
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Eduardo Gomes (1954–1955)
Agricultura
Educação
Edgard Santos (1954) • Cândido Mota Filho (1954–1955)
Fazenda
Guerra
Justiça e Negócios Interiores
Marinha
Saúde
Relações Exteriores
Vicente Rao (1954) • Raul Fernandes (1954–1955)
Trabalho, Indústria e Comércio
Viação e Obras Públicas
José Américo de Almeida (1954) •

Lucas Lopes (1954–1955) • Rodrigo Otávio Jordão Ramos (1955) •

Otávio Marcondes Ferraz (1955)
Órgãos
(ligados à
Presidência da
República)
Consultoria Geral
da República
Departamento Administrativo
do Serviço Público
Arizio de Viana (1954) • Jair Tovar (1954–1955)
Estado-Maior
das Forças Armadas
Gabinete Civil
Gabinete Militar
Juarez Távora (1954–1955) • José Bina Machado (1955)
Gabinete de Getúlio Vargas (1951–1954) • Gabinete de Carlos Luz (1955) →
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Gabinete de Getúlio Vargas (1951–1954)
Vice-presidente
Café Filho (1951–1954)
Getúlio Vargas, 17º Presidente do Brasil
Ministérios
Aeronáutica
Nero Moura (1951–1954) • Epaminondas Gomes dos Santos (1954)
Agricultura
João Cleofas (1951–1954) • Osvaldo Aranha (1954) • Apolônio Sales (1954)
Educação
Ernesto Simões Filho (1951–1953) • Péricles Madureira de Pinho (1953) • Antônio Balbino (1953–1954) • Edgard Santos (1954)
Fazenda
Horácio Lafer (1951–1953) • Alberto Andrade de Queirós (1952) • Osvaldo Aranha (1953–1954)
Guerra
Justiça e Negócios Interiores
Negrão de Lima (1951–1953) • Tancredo Neves (1953–1954)
Marinha
Relações Exteriores
João Neves da Fontoura (1951–1953) • Mário de Pimentel Brandão (1953) • Vasco Leitão da Cunha (1954) • Vicente Rao (1953–1954)
Saúde
Antônio Balbino (1953) • Miguel Couto Filho (1953–1954) • Mário Pinotti (1954)
Trabalho, Indústria e Comércio
Danton Coelho (1951) • José de Segadas Viana (1951–1953) • João Goulart (1953–1954) • Hugo de Araújo Faria (1954)
Viação e Obras Públicas
Álvaro Pereira de Sousa Lima (1951–1953) • José Américo de Almeida (1953–1954)
Órgãos
(ligados à
Presidência da
República)
Consultoria Geral
da República
Luciano Pereira da Silva (1951) • Carlos Medeiros (1951–1954)
Departamento Administrativo
do Serviço Público
Estado-Maior
das Forças Armadas
Gabinete Civil
Lourival Fontes (1951–1954)
Gabinete Militar
← Gabinete de Eurico Gaspar Dutra (1946–1951) • Gabinete de Café Filho (1954–1955) →
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Cadeiras 1 a 10
1 (Adelino Fontoura)
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6 (Casimiro de Abreu)
7 (Castro Alves)
8 (Cláudio Manuel da Costa)
9 (Gonçalves de Magalhães)
10 (Evaristo da Veiga)
Cadeiras 11 a 20
11 (Fagundes Varella)
12 (França Júnior)
13 (Francisco Otaviano)
14 (Franklin Távora)
15 (Gonçalves Dias)
16 (Gregório de Matos)
17 (Hipólito da Costa)
18 (João Francisco Lisboa)
19 (Joaquim Caetano)
20 (Joaquim Manuel de Macedo)
Cadeiras 21 a 30
21 (Joaquim Serra)
22 (José Bonifácio)
23 (José de Alencar)
24 (Júlio Ribeiro)
25 (Junqueira Freire)
26 (Laurindo Rabelo)
27 (Maciel Monteiro)
28 (Manuel Antônio de Almeida)
29 (Martins Pena)
30 (Pardal Mallet)
Cadeiras 31 a 40
31 (Pedro Luís)
32 (Manuel de Araújo Porto-Alegre)
33 (Raul Pompeia)
34 (Sousa Caldas)
35 (Tavares Bastos)
36 (Teófilo Dias)
37 (Tomás António Gonzaga)
38 (Tobias Barreto)
39 (Visconde de Porto Seguro)
40 (Visconde do Rio Branco)
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